Criar um filho é criar a si próprio

ROTANEWS176 E POR  JORNAL BRASIL SEIKYO  02/07/2022 10:28 

GRUPO CORAÇÃO DO REI LEÃO

O diálogo entre pais e filhos é essencial para a construção de uma sociedade melhor

 

Reprodução/Foto-RN176 Foto ilustrativa da matéria – Foto: GETTY IMAGES

O amor dos pais por seus filhos é o amor mais profundo do mundo e, no entanto, não visa a nenhuma recompensa. Isso é especialmente verdadeiro com relação à mãe, que carrega uma nova vida dentro dela por quase nove meses e então suporta as dores do parto para dar à luz. Portanto, é natural que o amor da mãe por seus filhos seja maior que o do pai. (…) Para que as pétalas de uma flor possam se abrir e para que uma árvore possa atingir a sua altura máxima, são necessários água, nutrientes do solo e luz solar. O ser humano também, para vencer os desafios da vida e se desenvolver até a fase adulta, requer nutrientes. Além de alimentação, uma pessoa precisa receber outros elementos a fim de amadurecer como um ser humano. Um desses nutrientes é a educação, um processo que começa na infância e continua por toda a vida. Os anos pré-escolares são o período mais importante. (…). Embora o amor e a afeição das mães não tenham mudado, os métodos de criação se modificaram. Isso é perfeitamente natural porque os tempos mudaram, como também o ambiente e as condições sociais. Os métodos antigos baseavam-se em sua maioria na experiência; eles sustentam certos aspectos que não se ajustam ao presente.1

Esse trecho do livro Família Criativa, que contém vários incentivos e orientações de Ikeda sensei, preenche nosso coração ainda de mais amor e gratidão, por nossa mãe e nosso pai. Mãe é única e fundamental, biológica ou não, em qualquer etapa da vida. Nos momentos mais difíceis, é nela que muitas pessoas pensam, mesmo que ela já tenha falecido. Mãe é um consolo universal, pois é forte o pensamento de que ninguém nos ama ou nos amou tanto quanto ela. Ao mesmo tempo, é muito bom ver que os pais estão cada vez mais participativos, atuantes, afetivos e fundamentais na criação dos filhos. E mais, a sociedade vem evoluindo de modo que estamos conseguindo nos libertar de antigos padrões e, ao pensarmos em família, temos variados modelos e configurações. Assim, nossos sucessores também vêm desenvolvendo uma postura mais humanizada em relação a questões importantes da vida.

Antes, a preocupação com as “aparências” era muito grande: criar os filhos para estudar, ter um bom trabalho, casar-se, ter filhos. Hoje, o mundo começa a entender que cada pessoa é única, tem sua individualidade, e devemos ampliar nossa compreensão e permitir que nossos filhos sejam livres para expressar seus pensamentos, sentimentos, opiniões. Para tanto, é necessário dedicar tempo para olhar nos olhos, ouvir e acolher. Isso acontece a qualquer momento, por exemplo, no café da manhã ou durante o jantar, sem nos preo­cupar com horários, e chegará o dia em que, naturalmente, eles falarão, de maneira espontânea, sobre amizades, angústias, amores, profissão, sociedade e futuro. Precisamos sair do piloto automático, pois o tempo não passa, o tempo voa! Nossa vida é feita de fases e já aprendemos que os primeiros anos de vida exigem mais atenção e carinho no cultivo, como uma pequena árvore, até que se torne grande, forte e inabalável.

No livro Ensaio sobre as Mulheres consta:

O professor Tsunesaburo Makiguchi disse que a individualidade de uma criança é como uma gema preciosa, ou seja, a joia da realização dos desejos, em um lar. A vida de uma criança é uma joia preciosa capaz de criar infinito e imensurável valor.

Portanto, é fundamental acreditar plenamente nesse inestimável potencial, para que essa “joia do século 21” brilhe livremente conforme as suas características familiares. (…)

Durante a criação dos filhos, a todo momento os pais se confrontam com eles, e é justamente nesse processo que os pais são lapidados e um esplêndido brilho interno resplandece. Podemos dizer que isto é a criação de si próprio.2

Não é maravilhoso sentir que, além da imensa alegria de nos permitir ser mãe e pai, esse precioso sucessor Ikeda está nos polindo e nos “criando” também? Dessa maneira, reconhecendo-nos como joias preciosas, vamos incentivá-los para que desenvolvam a autoconfiança, a esperança, a coragem e muitas qualidades, conforme sensei continua a incentivar:

O budismo expõe quatro tipos de retribuições, que contribuem para a sociedade e são parâmetros de conduta a serem ensinados aos filhos pelos pais por meio da própria conduta; são elas: primeiro, fazer um oferecimento a alguém (doação); segundo, proferir palavras gentis que transmitam consideração ao outro (palavras gentis); terceiro, dedicar-se a outras pes­soas (ações altruísticas); quarto, rea­lizar ações em conjunto em meio às pessoas (ações comunitárias).3

Um carinhoso abraço!

Grupo Coração do Rei Leão

Notas:

  1. IKEDA, Daisaku. Família Criativa. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2009. p. 87-89.
  2. Idem. Ensaio sobre as Mulheres. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. p. 69-70.
  3. Idem, p. 70.

 

Foto: GETTY IMAGES