ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 29/08/2020 14:00
RELATO
Ao vencer a falta de confiança, Suzana rompeu limites para conquistar os sonhos e ser feliz
Reprodução/Foto-RN176 Editora Brasil Seikyo – BSGI
“O conhecimento é a única coisa que não podem tirar de nós”, dizia minha mãe com sua rigorosidade. Ainda assim, havia carinho em suas palavras e preocupação com nosso futuro.
Nasci numa família que pratica o budismo Soka há 34 anos. Tenho duas irmãs maravilhosas, Raquel e Rosi, e nossos pais já cumpriram sua jornada nesta existência. Apesar disso, a base que nos deixaram, somada aos incentivos do presidente Ikeda, foi fundamental para nosso desenvolvimento.
Está preparada?
Minha luta contra a falta de confiança começou quando fiquei desempregada, em 2016. Trabalhava numa transportadora havia cinco anos e o choque foi grande. No dia da demissão, saí da empresa tão perdida que não me lembrava de como chegar em casa. Só pensava como ajudaria minhas irmãs com as despesas.
A sensação é de perda quando não se está preparado. Foi assim que me senti com a morte da minha mãe e o trabalho, como um escape, ajudava-me a lidar com essa perda. Não sabia ainda, mas essa era a oportunidade de fazer a minha revolução humana.
Recitei bastante daimoku, dialoguei com os veteranos, li orientações do presidente Ikeda. No entanto, o tempo foi passando e mesmo enviando vários currículos para as empresas, não tinha retorno de nenhuma delas.
Estava muito abalada emocional e psicologicamente, e minha autoestima nem se fala. Eu me sentia excluída da sociedade. Fiz muitas entrevistas ruins em que eram feitas exigências extremas e invasivas, como alisar os cabelos, por exemplo.
Foi então que, encorajada pelo meu noivo, Renan, e pelas minhas irmãs, decidi voltar a estudar. Mesmo formada em produção audiovisual, acabei seguindo outras áreas e me afastando do que realmente gosto de fazer.
Na busca por um curso, eu me deparei com valores fora das minhas condições financeiras. Assim, desafiei-me na recitação de daimoku e, sem desanimar, solicitava bolsas de estudo nas instituições.
O presidente Ikeda cita: “A principal meta da Soka Gakkai é desenvolver seus integrantes para que conquistem a vitória por meio da prática budista. Em outras palavras, é estimular a autonomia e o caráter de cada indivíduo como agente criador da própria felicidade. Esse ato é denominado por nós de ‘revolução humana’. Uma vez consciente da capacidade de estabelecer a própria felicidade, a pessoa começa também a pensar que é preciso lutar por um mundo melhor” (NRH, v. 11, p. 21-22).
Com base nesse direcionamento, compreendi meu papel na organização, na família e, principalmente, na sociedade, interpretando que jamais deveria fugir da minha batalha. Para isso, rompi meu eu menor e fui ao encontro das pessoas para dialogar com elas e incentivá-las, para juntas transformarmos nossa condição de vida.
Criar a felicidade
Eu tinha feito inscrição para me candidatar a uma bolsa de estudos numa renomada e concorrida faculdade, e confiante orava com o coração puro e a convicção de que esse seria o primeiro de muitos cursos que faria. A resposta de que havia sido aprovada veio três dias depois por e-mail.
No curso, enfrentei desafios atrás de desafios, pois tinha de custear os materiais. Muitas vezes, senti-me desanimada e recebi críticas que não mereciam atenção. Nesses momentos, buscava forças em mim mesma, com base nos incentivos do meu mestre da vida.
Motivada, iniciei outros cursos e, numa rotina atribulada, passava o dia estudando. Improvisava meu almoço na rua, com a marmita, e caminhava bastante para economizar o dinheiro do transporte.
Nessa fase, fiz muitos amigos e ensinei sobre o budismo a eles; e dessas amizades surgia também o desejo de avançar ainda mais. Assim, logo consegui outra bolsa de estudos, ingressando na pós-graduação.
Segui me empenhando para conciliar o tempo nos estudos e me esforçando para encontrar trabalho. Nessa busca, passei pela difícil experiência de conviver com pessoas de valores distorcidos, numa vaga de emprego temporário. Sofri abuso, fui desrespeitada. Mas eu me levantei ainda mais forte e determinei que jamais passaria por aquilo novamente.
No trabalho de conclusão de curso (TCC) da faculdade de fotografia, escolhi retratar a moda africana. Nesse processo, fiz contato com pessoas que me auxiliaram a conquistar um trabalho digno, sendo contratada por uma empresa prestadora de serviços na área de comunicação. Que alegria! Atendemos grandes clientes como o renomado oncologista Drauzio Varella, produzindo seu conteúdo digital. Isso me proporciona bastante aprendizado, pois atuo no setor administrativo. Além do mais, motiva-me a me desenvolver como ser humano e como profissional. Tanto que, recentemente, concluí a segunda graduação em fotografia e em poucos meses termino a pós-graduação.
Eu que me sentia excluída, distante dos meus sonhos, transformei minha insegurança em felicidade. Com o budismo, aprendi que, quando temos a chance de tomar as rédeas da nossa vida, podemos mudar tudo!
E com essa convicção, quero inspirar as pessoas ao redor, e assim representar meu mestre de todas a formas onde ele não estiver.
Suzana Horácio, 32 anos. Produtora audiovisual e fotógrafa. Resp. pela DFJ da Comunidade Jardim Felicidade; RM Bandeirantes, CNSP, CGESP.