ROTANEWS176 E POR BYTE 14/12/2022 11h57 Por Laura Intrieri
Pesquisadores criticaram o fato de que muitas pesquisas até o momento só focavam em investigações sobre genitália masculina dos répteis
Reprodução/Foto-RN176 Uma dissecação mostrando os hemiclitores de uma ‘víbora da morte’ Universidade La Trobe Cobras fêmeas têm estrutura dupla semelhante ao pênis dos machos – Foto: David Clode / Unsplash
Um novo estudo publicado na Proceedings of the Royal Society afirmou que, ao contrário do que se especulava até agora, as cobras têm clitóris. Segundo os cientistas, a descoberta é tardia porque, durante muito tempo, a maioria dos estudos se dedicou ao estudo da genit´lia masculina de todas as espécies, deixando as fêmeas de lado.
A estrutura do clitóris indentificada pela nova pesquisa já havia sido associada por outros estudos a uma glândula odorífera, um pênis mal desenvolvido e até mesmo um órgao destinado a estimular os machos — e não o contrário.
“A genitália feminina é visivelmente negligenciada em comparação às suas semelhantes masculinas, limitando nossa compreensão da reprodução sexual em linhagens de vertebrados”, escreveram os autores do estudo.
Com a nova descoberta, os cientistas pretendem entender melhor o sistema reprodutivo de todos os répteis. Megan Folwell, autora do estudo, disse à AFP que começou analisando a anatomia de uma víbora comum. Depois disso, ela e sua equipe dissecaram dez cobras de nove espécies diferentes, incluindo a píton tapete, a víbora e o mocassim mexicano.
Reprodução/Foto-RN176 magens mostram a descoberta do órgão nas cobras – Foto: Reprodução/Royal Society/ND
Assim como os machos dessas espécies, que têm o pênis separado em duas estruturas diferentes, chamadas de hemipênis, as cobras têm dois clitóris individuais, os hemiclitóris. Eles ficam separados por tecido e escondidos embaixo da pele, na parte inferior da cauda.
O órgão forma um triângulo “como um coração”, segundo Folwell. Alguns deles são mais finos, enquanto outros ocupam quase toda a área ao redor da cloaca, uma pequena abertura no corpo dos animais conectada ao trato digestivo, urinário e reprodutivo.
Os tamanhos dos clitóris variavam de menos de um milímetro a sete milímetros. Eles têm tecido erétil, que provavelmente incha com sangue, e feixes de nervos que “podem ser indicativos de sensibilidade tátil, semelhante ao clitóris dos mamíferos”, segundo o estudo.