ROTANEWS176 26/08/2023 10:20 REDE DA AMIZADE Por Dr. Daisaku Ikeda
Em sua visita aos Estados Unidos, em 1980, Shin’ichi Yamamoto [pseudônimo do presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, no romance Nova Revolução Humana] assiste à apresentação de Sachie Perry e seus filhos durante o Festival Cultural de Chicago.
Reprodução/Foto-RN176 Ilustração retrata a família Perry durante uma apresentação no Festival Cultural de Chicago. No detalhe, Sachie conta seu relato de experiência no evento
Em Chicago, cidade visitada logo após a ida a Washington, DC, foram realizados o Festival Cultural de Chicago e a Convenção Comemorativa, contando com a participação de 5 mil membros que se reuniram alegremente no Medinah Temple da cidade, no dia 12.
Ao pensar que vinte anos atrás, quando Shin’ichi Yamamoto visitou pela primeira vez a cidade, a quantidade de membros era de pouco mais de uma dezena de pessoas, sentia-se a chegada de uma nova era. No festival cultural, o que tocou seu coração em especial foi a apresentação de Sachie Perry e seus sete filhos.
Ela foi atingida pela bomba atômica em Hiroshima quando tinha 14 anos. Em 1952, casou-se com um militar americano e se mudou para os Estados Unidos. Contudo, o que a aguardavam eram o alcoolismo e a violência do marido, as dificuldades financeiras, a delinquência dos filhos, a parede do idioma, a discriminação e o preconceito. Ela trabalhou desesperadamente para criar os sete filhos. A localidade em que a família morava era palco constante de confrontos raciais e disputas de poder, e o marido lhe fez carregar arma de fogo para sua proteção. Diariamente, ela vivia amargurada em sofrimentos e trêmula de medo.
Certo dia, ela ouviu a respeito do budismo por intermédio de uma mulher oriental que morava perto de sua casa e iniciou a prática budista. Era ano de 1965.
A chama do seu coração ardeu diante dos incentivos que afirmavam que ela conseguiria ser feliz sem falta. Mais que qualquer outra coisa, ela queria transformar seu destino. Ao recitar daimoku, sentiu a coragem emergindo de sua vida. E ao estudar o budismo, aprendeu que, como bodisatva da terra, possuía a missão de ensinar a Lei Mística aos norte-americanos e comprovar a felicidade tanto de si como dos demais ao redor.
Quando se descobre o verdadeiro significado de sua existência, a vida revivesce.
Utilizando seu pouco vocabulário do inglês, ela começou a propagar o budismo.
O carma negativo se manifestou como ondas bravias e a assolou. A filha caçula ficou doente e teve de passar por várias cirurgias. O alcoolismo do marido e as dificuldades financeiras persistiam. Contudo, ela tinha se tornado uma pessoa que encarava resolutamente os sofrimentos, tendo como base a fé. Estava decidida a não ser derrotada por nada. Os sete filhos também passaram a se empenhar na fé, e formaram uma banda para ajudar no sustento da casa, e depois atuaram profissionalmente. Embora estivesse lutando contra o seu carma, sentia esperança e alegria no dia a dia.
Ela contou sua história de vida no palco do festival cultural. É por meio do relato de experiência do “revivescer” de cada pessoa que se comprova a veracidade da Lei universal.
No Festival Cultural de Chicago, Sachie Perry seguiu apresentando seu relato de experiência que escreveu como se fosse uma carta para Shin’ichi Yamamoto:
— Querido Yamamoto sensei! Quando iniciei minha prática do budismo, levava meus dias agoniada e prostrada diante das dificuldades da vida, sem autoconfiança, sem coragem e sem qualquer aspiração. Quando pensei que não havia outra forma de conquistar a felicidade a não ser por meio desta fé, eu me esforcei com todas as forças na propagação do budismo.
A história da família foi projetada por meio de slides.
Com a voz estremecida pela emoção, ela bradou:
— Sensei! Agora conquistei a harmonia familiar e me tornei muito feliz! Meus filhos se desenvolveram de maneira admirável. Vim orando para que o senhor pudesse vê-los um dia. Esses são os meus filhos!
Os holofotes do palco iluminaram os sete filhos dela. A apresentação musical se iniciou, e os filhos cantaram e tocaram instrumentos acompanhando o ritmo suave. Nos olhos da mãe brilhavam as lágrimas. Essas vozes eram o canto que anunciava o alvorecer da esperança e a melodia era o compasso da alegria da felicidade.
Shin’ichi aplaudiu efusivamente essa apresentação que representava o drama da vitória dessa família.
A paz do mundo se inicia a partir da revolução humana e da transformação do destino de uma única pessoa. Na harmonia e na felicidade de uma família se encontra a verdadeira imagem da paz.
Ele compôs e ofereceu diversos poemas de incentivo aos participantes. E representando a família Perry, Shin’ichi ofereceu ao filho mais velho o seguinte poema:
Canção da mãe.
Resplandeça orgulhosamente.
Filhos monarcas.
Os filhos herdaram as aspirações da mãe e se desenvolveram como líderes da sociedade e também do kosen-rufu. Por exemplo, a filha caçula Ayumi, que tinha saúde frágil e vivia doente, mesmo em meio às dificuldades financeiras, conseguiu se formar na faculdade, trabalhar com educação, fazer pós-graduação e concluir o doutorado. Ela se engajou como líder dos educadores e de empresas e organizações, e também atuou em programas de desenvolvimento de “valores humanos” como de funcionários das Nações Unidas. Na SGI-Estados Unidos, ela se tornaria coordenadora nacional da Divisão Feminina.
Vinte anos do kosen-rufu dos Estados Unidos — com o Budismo Nichiren, que elucida que todas as pessoas estão igualmente dotadas da vida do Buda, o novo sonho americano gerou frutos e fez desabrochar muitas “flores humanas” de felicidade.
O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.
No topo: ilustração retrata a família Perry durante uma apresentação no Festival Cultural de Chicago. No detalhe, Sachie conta seu relato de experiência no evento
Fonte:
IKEDA, Daisaku. Levantando Voo. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 30-I, p. 275-278, 2022.
Ilustração: Kenichiro Uchida
FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO