ROTANEWS176 13/10/2023 08:40 MATÉRIA GRUPO COROÇÃO DO REI LEÃO
Por Grupo Coração do Rei Leão
Reprodução/Foto-RN176 Foto ilustrativa da matéria – Ilustração: GETTY IMAGEM
Aristóteles, filósofo da Grécia antiga, discípulo de Platão, referiu-se ao ser humano como zoon politikon.1 Ou seja, um animal ou ser político, pois, por sua natureza, ao nascer, é totalmente dependente de outros seres e tem a necessidade de viver em sociedade e raramente vive isolado. Pela inter-relação com os demais seres de seu convívio, ele aprende e assimila diversos valores que pautarão seu comportamento em meio às múltiplas atividades que exercerá ao longo de sua existência.
Os ensinamentos de Nichiren Daishonin mostram que cada vida é constituída de vasto potencial e, da forma que ela é direcionada por meio de exemplos, forma-se a personalidade da criança com os valores que constituirão sua individualidade.
Nesse contexto, os adultos, principalmente os pais, têm papel importantíssimo na criação e educação dos filhos, desenvolvendo-os para ser protagonistas na criação e no estabelecimento de uma sociedade justa e humanística.
Filhos não são propriedade dos pais. Eles são criados para o mundo. Assim como os navios não foram projetados para permanecer na segurança dos portos, uma vez que a missão deles é transportar passageiros e produtos para algum destino, nessa jornada, haverá ocasiões que enfrentarão tempestades com mares revoltos, ondas gigantescas e risco de naufragar. Para continuar sua trajetória, a melhor opção é ir de encontro às ondas, ligando os motores a toda potência. No choque, um turbilhão de águas encobrirá a embarcação e a sacolejará, porém, ao ultrapassá-lo, continuará flutuando, rumo ao seu destino.
A preocupação e o desejo dos pais de que seus filhos não passem dificuldades e sofrimentos são naturais, compreensíveis e louváveis, e muitos privam os pequenos de enfrentar situações adversas, superprotegendo-os. Nosso mestre, Daisaku Ikeda, em seu artigo “Pequenos, Grandes Valores”,2 diz:
Embora seja importante fazer de tudo pelo bem dos filhos, se tentarem evitar que eles passem por experiências desagradáveis, em vez de ajudá-los, prejudicarão. É natural que lhes estendam a mão ao tropeçarem. Porém esse tipo de atitude educa os filhos com base no bem menor. Educar as crianças com base no bem maior é auxiliá-las a desenvolver a força interior para viver sem depender de ninguém. O que é bem? O que é mal? É responsabilidade dos pais ensinar esses valores aos filhos com total convicção. Conforme o presidente Makiguchi ressaltou, os pais devem empreender ações corajosas para ensinar as crianças o modo de vida correto. Se ficarem sempre apegadas aos pais, as crianças não se desenvolverão — elas demonstrarão medo na companhia de outras pessoas e a tendência de fugir da realidade. A verdadeira educação é a que desenvolve seres humanos fortes, capazes de interagir com qualquer pessoa e de superar quaisquer obstáculos.
E, em outro artigo, ele reforça:
Uma das responsabilidades dos pais é educar os filhos, cultivando neles a autoconfiança e a força para viver sem depender de ninguém. As experiências de vida tornam as pessoas mais fortes. Se os pais cobrem os filhos de mimos, estes tenderão a responsabilizar os outros quando algo não ocorrer conforme desejam. Se as crianças tiverem sempre esse comportamento, não conseguirão se desenvolver e viver de forma vitoriosa. (…) A educação dos filhos deve ser considerada de uma longa perspectiva. É importante que os pais não se preocupem em apenas satisfazer os desejos imediatos das crianças, mas que fixem também os olhos no futuro delas. Os filhos são um reflexo dos pais. A educação é uma tarefa nobre em que ambos crescem juntos.3
O Budismo Nichiren expõe o princípio da “cerejeira, ameixeira, pessegueiro e damasqueiro” em que cada qual incorpora a verdade última da maneira como é, sem passar por nenhuma mudança. A cerejeira floresce como cerejeira para cumprir o papel que é exclusivamente dela. Isso vale para as ameixeiras, os pessegueiros e os damasqueiros.
Cada um possui uma personalidade única, com caráter e natureza distintos e uma vida nobre e respeitável. E é dessa perspectiva que devemos direcionar os nossos preciosos tesouros do futuro, os sucessores Ikeda, para que cresçam de forma independente, evidenciando suas características peculiares, como bons cidadãos, respondendo por seus atos e pelas decisões, sendo boas referências na sociedade, contribuindo para um mundo mais justo e humanístico.
Boa sorte a todos!
Matéria elaborada pelo Grupo Coração da CGSP
Ilustração: GETTY IMAGES
Notas:
- Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000183196. Acesso em: 3 out. 2023.
- Terceira Civilização, ed. 481, set. 2008, p. 26.
- Brasil Seikyo, ed. 2.402, 13 jan. 2018, p. D4.
FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO