ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 24/04/2021 10:27
REDAÇÃO/ESPECIAL
Em 28 de abril de 1253, uma sonora voz ressoou para iluminar a vida de toda a humanidade. Nichiren Daishonin, ao meio-dia, recitou o Nam-myoho-renge-kyo pela primeira vez, oferecendo desse modo a chave para as gerações futuras desvendarem o tesouro da iluminação inerente à própria vida.
Com o rosário budista entre a palma das mãos, ele pronunciou Nam-myoho-renge-kyo três vezes. Então, declarou que nenhum dos ensinamentos anteriores ao Sutra do Lótus revelava a iluminação do Buda, e que todas as escolas baseadas nesses ensinamentos eram desencaminhadoras.
Ele disse também que o Sutra do Lótus era supremo e que o Nam-myoho-renge-kyo, a essência desse sutra, se constituía no único ensinamento capaz de conduzir as pessoas dos Últimos Dias da Lei à iluminação. Somente alguns dos presentes compreenderam o significado da primeira pregação. Na realidade, reagiram irados, pois lhes pareceu um ataque às suas crenças religiosas.
O administrador da região, Tojo Kagenobu, devotado seguidor da escola Terra Pura, tomou medidas para prendê-lo. No entanto, Daishonin conseguiu escapar e manteve sua decisão de ir a Kamakura transmitir seu ensinamento. Contudo, antes de partir, visitou seus pais, convertendo-os à nova crença.
O presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, diz:
A revolução religiosa de Nichiren Daishonin reavivou os ideais do Sutra do Lótus, que, com base no objetivo da felicidade humana, ensina que todas as pessoas possuem a capacidade de transformar a própria vida.1
Nichiren Daishonin, em seus escritos, predisse que seus ensinamentos se expandiriam pelo mundo inteiro. Contudo, por um longo período de setecentos anos, o budismo ficou estagnado nos templos do Japão. Foi somente com o surgimento da Soka Gakkai (1930) e, principalmente, pela tenacidade dos três primeiros presidentes — Tsunesaburo Makiguchi, Josei Toda e Daisaku Ikeda — que o budismo se espalhou para 192 países e territórios.
O poder do daimoku
“Não há felicidade maior para os seres humanos do que recitar Nam-myoho-renge-kyo.”2 Nichiren Daishonin inicia o escrito A Felicidade neste Mundo com essa frase encorajadora e que todos os membros da SGI põem em ação para a felicidade pessoal e a do próximo. São milhões de pessoas no mundo fazendo ecoar, nas 24 horas do dia, o som do daimoku, o poderoso som do universo.
Ikeda sensei reforça sobre a importância dessa prática:
Aqueles que vivem com base na recitação do Nam-myoho-renge-kyo jamais se deparam com impasses na vida. O mais importante é continuar recitando daimoku todos os dias, não importa o que aconteça. O daimoku é a força fundamental do universo. (…) Ao recitar Nam-myoho-renge-kyo, transformamos o sofrimento em alegria, e a alegria num grande júbilo. Por isso, o importante é recitar Nam-myoho-renge-kyo nos momentos de alegria e nos de tristeza, nas horas boas e nas más, haja o que houver, aconteça o que acontecer. Este é o caminho direto para a felicidade.3
Rota da felicidade
Tudo funciona em plena sintonia, tal qual o ritmo cadenciado e vibrante do universo. Todos nós, ao praticarmos o budismo diariamente, polimos nosso caráter e ajustamos nossa vida para a rota da felicidade absoluta, ultrapassando dificuldades, rompendo limites e conquistando o impossível. O objetivo principal da prática budista é, portanto, fazer com que cada pessoa realize sua revolução humana, contribuindo também para que outros descubram seu mais elevado potencial inerente. Em termos práticos, significa buscar o aprimoramento do próprio coração, a mudança de atitudes, a maneira de pensar, para se tornar um ser humano melhor e compartilhar essa felicidade com as demais pessoas. No livro Atingir o Estado de Buda nesta Existência, o presidente Ikeda observa: “Daishonin adverte que se buscarmos a Lei Mística fora de nós mesmos, por mais daimoku que recitemos, não manifestaremos a iluminação”4 e “A prática da recitação do daimoku é, de fato, o caminho supremo para manifestar o estado de buda e possibilitar a cada pessoa ser um sol esplêndido, por direito próprio”.5
Em sua explanação do escrito O Aspecto Real do Gohonzon, o presidente Ikeda ressalta: “Daishonin orientou ‘Jamais busque este Gohonzon fora de si mesma. O Gohonzon existe apenas dentro do corpo de pessoas como nós, mortais comuns, que abraçam o Sutra do Lótus e recitam Nam-myoho-renge-kyo’”.6 E sensei também nos ensina:
O importante é orar Nam-myoho-renge-kyo, a Lei fundamental incorporada no Gohonzon (…). É dessa maneira que a Lei Mística inerente a nós se evidencia e abrimos a condição de vida de buda. Ao superarmos as adversidades tendo como base a Lei Mística, avançamos por toda a eternidade pela rota da felicidade que por nada será destruída, e assim adornamos nossa existência com a maior de todas as alegrias.7
Eu mereço ser feliz
Cada um de nós tem alguma vitória para relatar. Essa é a cena principal que todos os praticantes do budismo vivem diariamente. O daimoku que recitamos é poderoso, como Ikeda sensei enfatiza:
Os benefícios da Lei Mística são imensuráveis e ilimitados. Mesmo que você não tenha profundo entendimento a respeito de seu significado, assim como um recém-nascido é envolvido pelo amor benevolente da sua mãe, somos envoltos naturalmente por imensurável boa sorte e felicidade. O que importa é se colocar bem diante do Gohonzon imbuído de fé e orar. Por maior que seja a força de influência e o poder de alguém, ninguém supera uma pessoa que recita daimoku. Este é o nosso orgulho; somos pessoas conectadas diretamente a Nichiren Daishonin.8
Nichiren Daishonin, ao despertar para a lei da vida inerente a si mesmo, foi capaz de discernir que essa lei fundamental está contida no Sutra do Lótus revelado por Shakyamuni, e concisamente expressa no título Myoho-renge-kyo. Então, ele designou o título do sutra como o “nome da Lei” e estabeleceu a prática da recitação do Nam-myoho-renge-kyo para que todos pudessem concentrar o coração e a mente na oração e manifestar seu poder transformador em realidade.
A recitação do Nam-myoho-renge-kyo é um ato de fé na existência da Lei Mística que rege todos os fenômenos do universo e na magnitude das possibilidades inerentes a qualquer forma de vida.9
Tudo depende de nós
O segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, incentivou os líderes da Divisão dos Jovens: “O leão é o mais forte dentre todos os animais. Nichiren Daishonin afirma que o som da recitação do Nam-myoho-renge-kyo possui vigor e força comparáveis ao rugido do leão”.10
Ikeda sensei complementa: “O daimoku deve ser recitado assim como um leão ruge. É preciso que se manifeste a força vigorosa da vida. (…) Deve fazê-lo com a postura de um monarca, de modo vibrante e sonoro.11
Os membros da SGI se dedicam para pôr em prática os ensinamentos de Nichiren Daishonin no dia a dia, edificando uma vida repleta de felicidade. Convictos de que todos têm o direito de desfrutar paz e felicidade se empenham a compartilhar esse maravilhoso ensinamento com todos ao redor, unindo coração a coração e contribuindo com sua nobre vida para um mundo melhor.
Breve cronologia de Nichiren Daishonin
1222: Nasceu em 16 de fevereiro, em Kominato, no Japão.
1233: Ingressa no templo Seicho-ji sob a orientação de Dozen-bo.
1237: Adotou o nome religioso Zesho-bo Rencho.
1253: Recita Nam-myoho-renge-kyo pela primeira vez.
1282: Nichiren Daishonin falece aos 61 anos em 13 de outubro.
Notas:
- Terceira Civilização, ed. 535, mar. 2013.
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin, v. I, p. 713.
- IKEDA, Daisaku. Felicidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2015. p. 64-65.
- IKEDA, Daisaku. Atingir o Estado de Buda nesta Existência. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 19.
- Ibidem, p. 35.
- Leia na íntegra no BS, ed. 2.438, 6 out. 2018, p. B2.
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin, v. II, p. 92.
- Brasil Seikyo, ed. 2.206, 7 dez. 2013, p. A4.
- Terceira Civilização, ed. 550, jun. 2014, p. 40; Brasil Seikyo, ed. 2.360, 18 fev. 2017, p. A3; RDez, ed. 126, jun. 2012, p. 9.
- IKEDA, Daisaku. Dedico aos Jovens de Juramento. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 25.
- Ibidem.
Fontes:
Brasil Seikyo, ed. 2.368, 22 abr. 2017, p. A5.
Brasil Seikyo, ed. 2.511, 11 abr. 2020, p. 6 e 7.