Detentos filmam decapitação e distribuem imagens em Manaus

ROTANEWS176 E ESTADÃO CONTEÚDO  04/01/2017 08h45

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Reprodução/Foto-RN176 As imagens da decapitação de rivais seriam uma forma de a facção demonstrar força

Os detentos da Família do Norte fizeram pelo menos quatro vídeos com celulares mostrando os corpos de seus desafetos do Primeiro Comando da Capital (PCC) e de outras vítimas da rebelião que deixou 56 mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus. Com até 3 minutos de duração, os vídeos são acompanhados pela narração dos bandidos, chamando as vítimas de “nego safado” e “canalha”. A maioria está com a cabeça cortada ou gravemente mutilada.

As imagens da decapitação de rivais –prática que era uma das marcas do PCC– seriam uma forma de a facção demonstrar força.

“Cortar as cabeças é uma forma de intimidar os inimigos e isso ficou mais fácil com as mídias sociais, com as imagens transmitidas por meio dos telefones celulares”, afirmou o procurador de Justiça, Márcio Sérgio Christino, especializado no combate ao crime organizado.

Em outro dos vídeos é possível ver um dos presidiários reunindo as cabeças das vítimas e descrevendo uma a uma quem seriam, todas acusadas de pertencer ao PCC.

SUPERLOTADO, PRESÍDIO DE MANAUS FOI CENÁRIO DE MASSACRE

Uma terceira sequência exibe um bandido cortando a cabeça de um dos mortos. O responsável pela decapitação veste luvas cirúrgicas.

De acordo com Christino, a primeira facção que adotou a prática de cortar a cabeça dos desafetos foi o PCC. “Foi uma das lideranças, o preso Jonas Mateus, que começou com isso. Ele era açougueiro.”

No caminho para consolidar seu monopólio nas cadeias paulistas, o PCC decapitou em 1999, durante uma rebelião na Casa de Custódia de Taubaté, os presos Max Luis Gusmão de Oliveira, o Dentinho, Ademar dos Santos, o Da Fé, e Antonio Carlos dos Santos, o Bicho Feio, fundadores da facção rival CRBC. Uma das cabeças foi atirada nos pés do magistrado que negociava o fim da rebelião.

Mateus chegou a ser considerado o segundo homem na hierarquia da facção e tinha 30 anos quando foi morto na Penitenciária de Araraquara, em 30 de novembro de 2001, durante a série de mortes na cúpula que consolidou o poder de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.

Mateus acabou com a cabeça cortada. “Essa prática agora se generalizou. É muito provável que nas próximas rebeliões outras decapitações sejam filmadas e distribuídas pelo WhatsApp”, disse Christino. As informações são do jornal “O Estado de S. Paulo”.