ROTANEWS176 E POR SAÚDEEMDIA 29/08/2021 09:00 Por Felipe Bomfim
Data aponta para os riscos que o tabaco e a nicotina podem gerar para a sociedade e busca maior conscientização da população.
Reprodução/Foto-RN176 Recorrer ao tratamento médico é a saída mais rápida e eficaz – Ehab Edward / Shutterstock
O Dia Nacional de Combate ao Fumo, comemorado hoje, dia 29 de agosto, é uma data simbólica para alertar as pessoas sobre o risco de fumar. De acordo um o INCA (Instituto Nacional de Combate ao Câncer), o tabagismo é considerado uma doença crônica, resultante da dependência que a nicotina – substância presente em produtos à base de tabaco – exerce sobre o organismo de quem a consome.
Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), indicam que o tabaco é responsável pela morte de oito milhões de pessoas por ano no mundo. Sendo que, aproximadamente 1,2 milhão dessas pessoas não são fumantes, mas acabam sendo expostos ao fumo passivo. Ainda de acordo com a OMS, cerca de 80% das vítimas de tabagismo vivem em países de baixa ou média renda, como é o caso do Brasil.
Tratamento correto evita sofrimento desnecessário
É comum que pessoas decididas a largarem o vício queiram fazer isso da noite para o dia. Mas abandonar o cigarro não é tão simples assim, a cardiologista Jaqueline Scholz, coordenadora da Área de Cardiologia do Programa de Tratamento do Tabagismo do InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP), explica que pessoas mais jovens podem até obter êxito ao largarem o vício de uma vez. O problema, segundo ela, é que isso causaria um sofrimento desnecessário.
Para indivíduos com dificuldade em parar de fumar, o tratamento é a principal recomendação da Dra. Scholz. Se por causa de alguma viagem, ou realização de exame médico, a pessoa foi obrigada a restringir o uso do cigarro por algumas horas e sentiu algum incômodo com isso, é hora de procurar um médico.
De acordo com Scholz, os métodos mudaram bastante nos últimos anos. Marcar uma data para largar o cigarro ou evitar os gatilhos são técnicas ultrapassadas. “Não toma café, não toma bebida alcoólica, não encontra os amigos, não pode trabalhar, não pode falar no telefone, não pode dirigir. Tudo isso a pessoa tem que fazer pra parar de fumar? Não tem sentido”, avalia a médica.
“Hoje a nossa técnica inclui utilizar medicamentos que atenuem sintomas de abstinência e pedir para o paciente fumar de uma maneira que ele nunca fumou. O que a gente tem que fazer é retirar o cigarro de associações que o paciente faz ao longo dos anos, não o contrário”, explica.
Esse tratamento também é conhecido como fumar de castigo. O paciente tem que usar o cigarro de uma maneira que seja desconfortável para ele e que não gere associações agradáveis na mente. “O castigo tem que ser em uma área isolada, de frente para uma parede – para que o paciente não tenha nenhum estímulo visual, ou que tire a atenção dele – e que fique em pé, só prestando atenção no cigarro”, detalha.
Importante também levar em consideração que doenças como depressão e ansiedade podem atrapalhar o processo.
A médica explica que o uso de medicação é importante para bloquear o prazer de fumar e que, associado ao modo castigo, perde-se o sentido e a graça de continuar com o cigarro. “Não existe dica para largar o cigarro, existe tratamento”, conclui a especialista do Incor, programa que já tem mais de seis mil pacientes tratados contra o tabagismo.
Atividade física é complemento fundamental
Pessoas que conseguiram se livrar do vício de fumar costumam ter problemas com a balança. É natural que ocorra uma substituição de hábitos e o mais fácil é recorrer à geladeira. A saída mais inteligente para evitar o ganho de peso no tratamento contra o tabagismo é, justamente, a inclusão de exercícios físicos na rotina.
“A atividade física é muito bem-vinda para evitar ganho de peso e para regular os hormônios de estresse e ansiedade. Ela é um complemento necessário e fundamental. A indicação é que os pacientes iniciem na atividade que acharem melhor, seja dançar, caminhar ou andar de bicicleta”, conta Scholz.
É comum que fumantes, por terem dificuldades de realizar tarefas simples como subir e descer uma escada, comecem a evitar esse tipo de atividade. O resultado é o sedentarismo, que pode piorar ainda mais o quadro de saúde do indivíduo. A prática de esportes também é importante para combater esse tipo de situação.
Nova técnica pode ajudar a acabar com a dependência
Por enquanto, os tratamentos médicos que ajudam a parar de fumar são todos farmacológicos – a base de medicamentos. No entanto, um estudo do InCor avalia a eficácia de uma técnica de estimulação magnética transcraniana profunda, que dispensa a utilização de remédios.
De acordo com Scholz, o princípio do tratamento em estudo é gerar um campo magnético direcionado para a área do cérebro que é responsável pelo prazer. “A ideia é que esse estímulo provoque uma liberação contínua dos neurotransmissores, para que o paciente não tenha sintomas de abstinência”, explica. Caso seja comprovado que o método funciona, seria uma ótima alternativa para as pessoas que não querem utilizar medicamentos na luta contra o cigarro.