ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 07/04/2023 13:00 ENCONTRO COM O MESTRE Por Dr. Daisaku Ikeda
Ensaio da série “Irradie a Luz da Revolução Humana”.
Reprodução/Foto-RN176 “Promovamos juntos um avanço heroico! Seja você mesmo e tenha uma vida plena de satisfação!” Desejando sempre a glória e a felicidade dos membros. Acima, presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, e sua esposa, Kaneko, no Memorial Makiguchi de Tóquio, em Hachioji (abr. 2005). Dr.Daisaku Ikeda. Ele é um filósofo, escritor, fotógrafo, poeta e líder budista da SGI atualmente o Mestre e Presidente da Soka Gakkai Internacional – SGI – Fotos: Seikyo Press / BS
Assim como a cerejeira dos jovens
A força para criar a história nasce a partir da união de vida a vida. Em particular, a luta corajosa dos sucessores capazes de corresponder aos veteranos abre a nova era.
Foi no ano 223. Zhuge Liang (Shokatsu Komei), grande herói do Romance dos Três Reinos (Sangokushi), foi encarregado da posteridade pelo seu senhor Liu Bei (Ryubi), que estava no fim da vida.
Zhuge Liang prometeu a Liu Bei, com quem caminhava junto para a realização de um extraordinário empreendimento e o qual havia solicitado respeitosamente uma audiência por três vezes a ele, que era vinte anos mais jovem que Liu: “Sustentarei o país dedicando toda a minha vida ao limite da lealdade”.
A relação entre Liu Bei e Zhuge Liang é conhecida como a do peixe e a água. Pode-se dizer que, hoje, passados 1.800 anos, essa relação retrata o drama da sucessão em que brilha a imortal sinceridade. Com base nessa história, Nichiren Daishonin clamou aos seus discípulos em A Herança da Suprema Lei da Vida que se unissem “transcendendo todas as diferenças que possa haver entre si, tornando-se inseparáveis como o peixe e a água”.1
A legião que avança vigorosamente rumo ao “grande juramento pelo kosen-rufu” com espírito de unicidade, assim como afirma essa passagem sagrada, nada mais é que a dos mestres e discípulos Soka.
No dia 16 de março de 65 anos atrás, o professor Josei Toda realizou uma cerimônia comemorativa em que começou a reverberar a canção triunfal de sua existência, tentando fazer dos jovens Soka, a quem vinha cuidando pessoalmente, os líderes da época conhecidos em todo o mundo.
Com o rugido do leão de que a “Soka Gakkai é a monarca do mundo religioso”, ele confiou, nessa solenidade, o “bastão espiritual do kosen-rufu” aos jovens.
O bastão vem sendo transferido de geração a geração. E, agora, com o ardente orgulho de monarca, a legião dos jovens do “azul mais azul que o índigo” está percorrendo a vanguarda da expansão do budismo que é, em si, a própria sociedade. O dinamismo da vida desses emergidos da terra deve registrar o ritmo da vitória a partir do dia 16 de março rumo a 2 de abril e, ainda, até 3 de maio.
A Divisão Masculina de Jovens (DMJ), que avança na vanguarda, a Divisão dos Universitários (DUni), as irmãs Kayo e a geração jovem dos lírios-brancos da Divisão Feminina (DF) são a força explosiva para expandir a solidariedade do triunfo do povo.
Já a Divisão Sênior (DS), a qual comemora seu mês da fundação [março], também manifesta o espírito de não ser derrotada. Quanta tranquilidade e coragem são transmitidas a todos quando o pilar de ouro do kosen-rufu se levanta! O que define a vitória da comunidade local é a brava luta dos heróis com personalidade de um monarca.
Vozes da canção oferecida ao mestre
Após o término daquela cerimônia do dia 16 de março, seguiram-se vários dias em que Toda sensei descansava deitado no andar superior da sede central.
Junto com os jovens das comissões, cantei diversas vezes a canção Ichiko Ryoka [Canção do Alojamento do Ensino Médio] logo abaixo da escada. Era uma música de que sensei gostava, com ritmo sereno, muito adequada para a ocasião:
“Oh, recebendo flores na taça de jade (…)
Uma vez que algo acontece,
A grande façanha da vida que não se realiza…”2
A canção reverbera profundamente no íntimo, e a vida se eleva tal como a maré alta. Enquanto cantávamos, prometíamos ao mestre: “Sensei, a Divisão dos Jovens está com espírito altivo. Nós realizaremos, sem falta, o kosen-rufu!”.
Citando o Romance dos Três Reinos, Toda sensei lamentava frequentemente que Zhuge Liang não teve a boa sorte de criar plenamente os “valores humanos” sucessores, apesar de seu extraordinário prodígio.
Em contrapartida, nós, jovens da Soka Gakkai, fomos treinados como que banhados pela compaixão do mestre semelhante aos raios do sol, e juntos criamos um sólido castelo de “valores humanos”. Minha gratidão ao mestre é profunda demais.
Estabeleci minha firme determinação: “Eu nasci para que os jovens emergidos da terra convocados pelo mestre se desenvolvam de forma magnífica e se tornem felizes para criarmos juntos a correnteza de grandes ‘valores humanos’ em prol do kosen-rufu e da sociedade”.
A preciosa juventude de virtudes invisíveis
Os jovens são treinados somente em meio a ações práticas. A vida dos jovens dá um salto em sua revolução humana quando eles aceitam deliberadamente as dificuldades e percorrem com toda a força o grande solo do povo pelo bem da Lei, das pessoas e da sociedade.
Nichiren Daishonin elogia ao máximo o jovem Nanjo Tokimitsu, que, durante a Perseguição de Atsuhara, protegeu solenemente os seus discípulos, enfrentando-a e sofrendo pessoalmente diversas opressões: “E por ter protegido meus seguidores de Atsuhara com tanta sinceridade, para o povo deste país. (…) E a única razão é que tem dedicado sua vida ao Sutra do Lótus”.3
Além disso, Daishonin promete a Nanjo Tokimitsu: “Não pode haver a mínima dúvida de que (…) o senhor receberá benefícios extraordinários nesta existência”.4 Exatamente dessa forma, Tokimitsu viveu pelo kosen-rufu e trilhou uma existência vitoriosa.
De fato, o Buda está elogiando majestosamente a figura heroica dos nossos jovens Soka que estão dedicando a vida à paz e à prosperidade das pessoas, encorajando bravamente os membros nos dias de hoje.
Não há dúvida de que os amados discípulos honrosos que perseveram com uma juventude de virtudes invisíveis serão envolvidos por uma infindável recompensa visível, e chegará o momento em que conquistarão esplêndidos resultados, chamando a atenção não só do Japão, mas de todo o mundo.
O brilho da boa sorte a iluminar o mundo
Neste mês de março [de 2023], completam-se doze anos desde a tragédia sem precedentes do Grande Terremoto do Leste Japonês. Ofereço, mais uma vez, o daimoku em memória de todas as vítimas.
Em Tohoku, também, a Divisão dos Jovens está orgulhosamente à frente do avanço da reconstrução com o brilho da boa sorte.
A realização do Congresso dos Jovens para a Reconstrução com Brilho da Boa Sorte visando transmitir as lições aprendidas da tragédia para as futuras gerações também é muito significativa.
Os adoráveis estudantes do primeiro ano do ensino fundamental na época do terremoto hoje são adultos. O desenvolvimento e a atuação dos jovens com olhos brilhantes tocam o coração. É infindável a minha gratidão aos seus pais e aos veteranos que os criaram protegendo-os em meio a dificuldades indescritíveis.
A Dra. Sarah Wider, da Sociedade Ralph Waldo Emerson dos Estados Unidos, que vem mantendo intercâmbio com a família Tohoku desde o término do terremoto, enviou-nos uma sincera mensagem, novamente, neste ano [2023], na qual afirma: “A forte amizade criada em uma época de maior sofrimento proporciona coragem e esperança ao mundo, que necessita de um olhar caloroso, de uma conexão humana e de sentimento de compaixão. Vocês demonstraram isso para as pessoas do mundo inteiro. Mesmo as piores condições podem ser transformadas infalivelmente de veneno em remédio”.
Nossas orações e ações são atividades desbravadoras a enriquecer o solo do coração das pessoas. Elas são a revolução para que as preciosas árvores da paz, da cultura e da educação cresçam de forma exuberante neste grandioso solo.
O Dr. Inazo Nitobe, grande educador que nasceu em Tohoku e mantinha um profundo relacionamento com o professor Tsunesaburo Makiguchi, registrou em uma primavera do mês de março: “As ervas daninhas com raízes fortes produzem lindas flores e bons frutos”.5
Hoje, as raízes da amizade, que nossos preciosos companheiros vieram espalhando em sua terra natal, compartilhando tristezas e alegrias, fazem desabrochar flores de confiança e produzem frutos da solidariedade.
As grandes árvores superam nevascas e ventanias
Na primavera [japonesa] deste ano [2023], as flores de cerejeira desabrocham mais cedo e celebram a formatura dos Colégios Soka de Tóquio e de Kansai, como também da Universidade Soka e da Faculdade Feminina Soka.
Reprodução/Foto-RN176 Na foto, tirada por Ikeda sensei, flores de cerejeira desabrocham plenamente agora, ultrapassando o inverno, tais como asas bailando rumo ao altivo céu azul (Tóquio mar. 2023)
Minha esposa e eu oramos todos os dias pelo crescimento vigoroso dos amigos da Divisão dos Estudantes (DE), da Divisão dos Universitários e dos jovens que ora ingressam no mercado de trabalho, os quais vieram superando persistentemente a crise da pandemia do coronavírus, também neste novo ano acadêmico, como a Cerejeira dos Jovens.
Em frente ao Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu ergue-se solenemente a Cerejeira dos Jovens com a idade bem próxima à da Soka Gakkai. Seu tronco deve ter cerca de dois abraços de diâmetro na parte rente à base. Nele estão gravadas “rugas sorridentes” de quem suportou anos de nevascas e de ventanias. Apoiada pela sinceridade das pessoas “protetoras das cerejeiras”, a Cerejeira dos Jovens observa cuidadosamente os visitantes, tal como uma mãe compassiva, fazendo florescer de maneira brilhante a vida de uma juventude vitalícia.
A Cerejeira dos Jovens é, de fato, a Cerejeira das Mães. É também a Cerejeira dos Muitos Tesouros, pois ela lembra as mães Soka e os membros dos grupos de veteranos como o Muitos Tesouros que, em todo o Japão e no mundo, persistem no desafio do diálogo proficiente pela “pacificação da terra”, fazendo desabrochar muitas flores de encorajamento, de esperança, de virtuosa boa sorte e de triunfo.
Acúmulo de oitocentas vezes
Rememorando, o mestre predecessor, Tsunesaburo Makiguchi, foi o modelo de alguém que desfrutou toda a sua existência com energia vital abundante, como a Cerejeira dos Jovens. Seu lema favorito era: “Continue renovando e aprimorando a cada dia”.6
Quando completei 70 anos, com essas palavras douradas abraçadas pelo mestre predecessor em meu íntimo, iniciei um novo desafio. Além da publicação em série do romance Nova Revolução Humana no jornal, comecei a escrever o Ensaio — Nova Revolução Humana (janeiro de 1998).
Desde essa ocasião, vim publicando o “ensaio” sob variados títulos durante 25 anos. Parece-me que, com a presente edição, chega a um total de oitocentas vezes. Expresso minha sincera gratidão pelo apoio dos leitores.
A redação dos manuscritos é uma tarefa de acúmulo um de cada vez.
Os escritos de Nichiren Daishonin registram: “Uma mais uma são duas; duas se convertem em três; e assim sucessivamente, até formarem dez, cem, mil, dez mil, cem mil ou um asamkhya. Ainda assim, ‘uma’ é a mãe de todos”.7
Mais que qualquer coisa, o que toca meu coração é a luta dos bodisatvas Jamais Desprezar Soka, os quais continuam acumulando os diálogos de enorme sinceridade, dia após dia, e de pessoa a pessoa, como se reverenciassem, de mãos postas em oração, a natureza de buda da vida de cada pessoa.
Reprodução/Foto-RN176 Cena famosa do Romance dos Três Reinos (Sangokushi) com apresentação especial da Companhia Nacional de Ópera de Pequim: correspondendo ao terceiro pedido de audiência feito por Liu Bei (Ryubi), Zhuge Liang (Shokatsu Komei) o recebe (Universidade Soka, em Hachioji, jun. 2006)
No Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente consta: “Essa situação se assemelha à de alguém que olha para um espelho e se curva em reverência: a imagem refletida, da mesma forma, inclina-se em reverência à pessoa”.8
A continuidade do diálogo de base da família Gakkai de modo incessante está lançando o grande brilho do respeito ao ser humano e à dignidade da vida para a sociedade e o mundo, assim como o espelho límpido.
Fazendo destas oitocentas vezes um novo ponto de partida, estou decidido a continuar a escrever os ensaios, orando com seriedade para que os companheiros do mundo inteiro conquistem um glorioso futuro.
Avance com a união de “diferentes em corpo, unos em mente”
Por falar em oitocentos, esse mesmo número aparece de forma memorável no Gosho. É a passagem do famoso escrito Diferentes em Corpo, Unos em Mente: “O rei Zhou da dinastia Yin liderou setecentos mil soldados na batalha contra o rei Wu da dinastia Zhou e seus oitocentos homens. Ainda assim, o exército do rei Zhou perdeu por causa de desunião [de “unos em corpo, diferentes em mente”], enquanto os homens do rei Wu triunfaram em razão da perfeita união [de “diferentes em corpo, unos em mente”] do grupo”.9 É uma passagem sagrada que gravamos em nosso âmago naquela Campanha de Osaka em que tornamos possível o impossível.
Por mais difícil que seja o caminho íngreme, nós temos a “estratégia do Sutra do Lótus” capaz de realizar tudo. Temos os companheiros de justiça e de luta conjunta a quem podemos confiar absolutamente. É justamente nos momentos difíceis que devemos manifestar a força da união férrea, incentivando-nos mutuamente, e extraindo juntos o coração do rei leão.
Agora, vamos adornar o drama da reviravolta da união de “diferentes em corpo, unos em mente” de forma harmoniosa, alegre e radiante, fazendo viver ao máximo nossas próprias características, ampliando nosso grupo de praticantes budistas!
Vamos fazer florescer vitoriosamente a cerejeira Soka de esperança da cooperação da vida a iluminar o futuro da cidadania global nas comunidades locais do nosso juramento seigan!
No topo: “Promovamos juntos um avanço heroico! Seja você mesmo e tenha uma vida plena de satisfação!” Desejando sempre a glória e a felicidade dos membros. Acima, presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, e sua esposa, Kaneko, no Memorial Makiguchi de Tóquio, em Hachioji (abr. 2005)
Publicado no Seikyo Shimbun de 27 de março de 2023.
Notas:
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 226, 2020.
- Letra composta por Kanji Yano.
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 354, 2017.
- Ibidem, v. I, p. 685, 2020.
- Palavras de Inazo Nitobe incluídas em Ichinichi Ichigon[Um Dia, Uma Palavra]. In: Obras Completas de Inazo Nitobe. v. 8. Editora Kyobunkan.
- Paráfrase da antiga literatura chinesa Daigaku.
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 698, 2020.
- The Record of the Orally Transmitted Teachings[Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, p. 165.
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo v. I, p. 646, 2020.
Fotos: Seikyo Press