ROTANEWS176 E CBN 14/07/2015, 09:59
Por Ethevaldo Siqueira
Reprodução/Foto-RN176 New Horizons cumpre sua missão histórica em Plutão (Crédito :Nasa)
Exatamente às 8:49 da manhã (hora de Brasília) desta terça-feira (14 de julho) a sonda New Horizons cumpriu sua missão histórica ao passar a apenas 12.800 km de Plutão. No auditório principal da Nasa, diante de quase mil pessoas – entre jornalistas e autoridades – as pessoas celebraram o Fly-By (expressão dos astrônomos para voo da sonda nas proximidades de um corpo celeste), até com bandeiras e gritos de que ‘os Estados Unidos chegaram aos confins do Sistema Solar’. A passagem tão próxima do planeta-anão entusiasmou a plateia por ser o primeiro artefato construído pelo homem a pesquisar Plutão – e suas informações poderão revelar detalhes da intrigante estrutura geológica do subplaneta que tanto interesse desperta nos cientistas da missão.
Milhões de pessoas em todo o mundo assistiram ao feito histórico pela televisão, com as imagens geradas e distribuídas pela Nasa TV, transmitidas também via internet. É incrível a precisão do comportamento e das previsões sobre os momentos finais da passagem da sonda, que fez centenas de fotos e medições de Plutão, mesmo voando a uma velocidade de 49.600 km/hora.As imagens mostraram também Charon, o maior satélite de Plutão.
A missão New Horizons completa, assim, o reconhecimento básico de todo o Sistema Solar, com essa primeira visão já obtida por uma espaçonave desse planeta-anão congelado (menos de 100 graus Celsius negativos em sua superfície).Cientistas do projeto New Horizons calcularam com maior precisão as dimensões de Plutão e chegaram à conclusão de que seu diâmetro é de 2.370 km, um pouco maior do que as estimativas anteriores.
A cobertura jornalística da passagem da sonda New Horizons nas proximidades de Plutão é considerada quase um milagre das telecomunicações, pois as imagens de TV geradas na sonda robótica levaram 4 horas e 24 minutos depois, para cobrir a distância que separa o planeta-anão da Terra. Mesmo assim, a TV Nasa poderá dizer que está fazendo uma cobertura ‘ao vivo’.
De outro lado, as telecomunicações permitiram a mais de 400 jornalistas credenciados na Nasa cobrir toda a passagem da sonda New Horizons pelas proximidades de Plutão (Fly-By), a mais de 4,8 bilhões de quilômetros da Terra e após uma viagem da espaçonave durante quase 9 anos e meio.
Em todo o mundo, muitos jornalistas e telespectadores acompanharam praticamente tudo como se estivessem participando dos briefings e entrevistas coletivas, nos vários auditórios de agência espacial em Washington, Cabo Canaveral, em Houston, em Pasadena ou noutros pontos do EUA, vendo as imagens dos telões da Nasa TV, que mostrarão a maior aproximação (flyby) da espaçonave New Horizons de Plutão.
Nos últimos meses a sonda New Horizons mostrou que Plutão e seu maior satélite, Charon, dançam o que se poderia chamar de ‘pas de deux’ em balé – uma coreografia em que um bailarino e uma bailarina dançam em dupla, ou em dueto. Para comprovar visualmente esse fenômeno, a Nasachegou a divulgar um filme em cores produzido pela sonda New Horizons, que mostrou essa dança orbital a dois, conhecida em Astronomia como duplo planeta.
O pesquisador-chefe do projeto New Horizons, Alan Stern, do Instituto de Pesquisa do Sudoeste, de Boulder, Colorado, diz que ‘é emocionante ver Plutão e Charon em movimento num filme em cores. Mesmo em baixa resolução, podemos ver que Plutão e Charon tem cores diferentes – Plutão é bege-alaranjado, enquanto Charon é cinzento. O ponto central do debate está exatamente nesse ponto: saber por que eles são diferentes’.
A New Horizons é a primeira missão realizada para estudar Plutão e os confins do Sistema Solar, em especial o Cinturão de Kuiper, uma relíquia da formação do Sistema Solar situado além de Netuno. A existência desse cinturão foi sugerida em 1951 pelo astrônomo holandês Gerard Kuiper (1905-1973). O primeiro objeto dessa região foi descoberto em 1992 e, de lá para cá, já foram catalogados mais de mil outros pequenos objetos chamados de transnetunianos. Acredita-se que nessa região existam mais de 100 mil pequenos objetos celestes.