ROTANEWS176 E POR BRASIL SEIKYO 20/06/2020 16:20
RELATO
Ao realizar os sonhos, Anaís venceu a falta de confiança e construiu uma história motivadora
Para mim, o encontro com o nosso mestre, Daisaku Ikeda, acontece em meio à realidade, quando empreendemos os esforços mais singelos e despretensiosos pela felicidade das pessoas. E foi num momento como esses, de encorajamento entre amigas, que despertei para uma nova postura na prática budista que me possibilitou evidenciar força e coragem para avançar em meus objetivos e me manter confiante nestes tempos de crise.
Reprodução/Foto-RN176 Anais com sua madrinha, Edunyra; à dir., a mãe, Ozi, e a esposa, Adriana
E agora?
No Acre, ingressei na BSGI aos 11 anos, por intermédio da minha mãe. E cresci em meio às atividades da organização, sendo constantemente estimulada a buscar um modo de vida elevado e a cultivar sonhos grandiosos. Apesar disso, tempos atrás, ironicamente, sentia um profundo incômodo por estar numa zona de conforto.
Eu havia concluído a faculdade de jornalismo, e com isso passei a enfrentar a insegurança e a dificuldade de me expressar que me assombraram durante a infância e a adolescência. Enfim, agora tinha um diploma e estabilidade no trabalho. No entanto, eu me questionava: “E agora, Anaís? Qual o próximo passo?”.
Precisava avançar, principalmente porque, naquele significativo ano de 2015, participei de um curso de aprimoramento de jovens da SGI, no Japão, conheci a Universidade Soka e determinei que, em algum momento da vida, estudaria lá.
Na ocasião, tivemos a chance de nos encontrar com Ikeda sensei e a Sra. Kaneko na parte externa do Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu. Era o primeiro dia ensolarado daquele outono japonês e havia um arco-íris duplo no céu. Nosso encontro durou apenas alguns segundos, mas se tornou meu ponto primordial.
Senti que, ao se encontrar com os jovens, Ikeda sensei estava demonstrando sua confiança em toda a juventude ao redor do mundo. E minha forma de retribuir essa confiança é contribuir para promover seus ideais humanísticos.
Assim, voltei ao Brasil motivada a concretizar meu sonho. Porém, em meio à realidade, ele parecia algo impossível que talvez um dia fosse realizado. Segui, empurrando essa covardia com a barriga, até que certo dia visitei uma amiga da organização para incentivá-la. Entretanto, esse encorajamento acabou estimulando a mim mesma. Senti que meu juramento dissipou a falta de coragem que estava alojada em meu coração. Concluí que duvidar que poderia ao menos tentar buscar um sonho era desacreditar o budismo, o Gohonzon e Ikeda sensei.
Reprodução/Foto-RN176 Anaís e representantes do Brasil num curso de aprimoramento da SGI, no Japão, em 2015.
Quando cheguei a casa, selei meu juramento com o Mestre, enviando-lhe uma carta contendo minha decisão de vencer. Não tinha mais volta! O próximo passo era agir para transformar o sonho impossível em prova real.
Romper os limites
O ano de 2019 foi para mim uma amostra do que viveríamos atualmente com o distanciamento social e outros desafios causados pela pandemia. Concentrada em concretizar meus objetivos, acabei vivenciando uma crise particular em meio aos estudos, à angústia, ao choro e a muito daimoku. Pela primeira vez, eu me permiti ser uma líder vulnerável diante das meninas da Divisão Feminina de Jovens (DFJ) da localidade; o que, por outro lado, fortaleceu nossa relação. Isso me fez retomar o ponto do encontro com o Mestre, em meio aos esforços diários pela felicidade das pessoas.
Segui me esforçando, e nessa batalha de altos e baixos, eu me decepcionei, quando não obtive bons resultados nos exercícios que fazia em casa, apesar de estudar quatro, cinco, seis horas por dia. Mas, renovei a decisão e me reinventei em vários aspectos. No trabalho, ganhei aumento salarial; na família, reatei laços. Na organização, assumi nova função. Passei a cultivar novos hábitos, conquistei autoconfiança, amadureci. Estava preparada para tudo.
Como o esforço nunca mente, no dia 16 de janeiro deste ano soube que fui aprovada no mestrado de estudos internacionais sobre paz, da Universidade Soka do Japão. Consegui!
Minhas aulas iniciaram em abril, e por decisão da coordenação do curso, serão totalmente on-line neste primeiro semestre, já que muitos alunos ainda se encontram em seus países de origem devido à pandemia do novo coronavírus.
As aulas acontecem de madrugada por conta da diferença de fuso horário de catorze horas, e também tenho me desafiado para acompanhar a grande quantidade de leituras, discussões e para aprimorar meu inglês.
Tenho enfrentado tudo sem falhar na recitação do daimoku e com o apoio incondicional da minha incrível família, dos amigos e dos estudantes e professores da universidade. Mesmo em casa, no Acre, sinto a força da educação Soka! E, desejo que, assim como eu, outros jovens façam parte disso!
Ao ir atrás do meu sonho, experimentei pela primeira vez o gosto do fracasso, da vulnerabilidade, mas também do crescimento sem limites e da vitória. Isso porque, estudar da ótica humanística Soka faz o esforço se transformar em tesouro.
Sinto que este é o momento de nos aprofundarmos ainda mais nos princípios humanísticos do budismo para pô-los em prática na sociedade. Dessa forma, continuarei a me esforçar pelo kosen-rufu da Amazônia, do Japão e onde quer que eu esteja, como se cada dia fosse o primeiro!
Anaís Cordeiro de Medeiros, 27 anos. Estudante. Resp. pela DFJ da Área Acre e secretária do grupo Cerejeira da CRE Oeste, CGRE.