Exames realizados no doador não constataram a presença de nenhum tumor maligno
ROTANEWS176 E POR MINHA VIDA 25/09/2018 12:42
Um acontecimento inédito na medicina deixou médicos do mundo inteiro em alerta. Em um artigo, publicado no American Journal of Transplantation, uma equipe do Centro Médico Acadêmico, na Holanda, relatou o caso de um doador de órgãos que transmitiu câncer para quatro receptores.
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A história começou em 2007, quando uma pessoa de 53 anos morreu vítima de AVC (Acidente Vascular Cerebral) e teve seus rins, pulmões, fígado e coração doados para pessoas compatíveis.
Antes de submeter cada receptor ao transplante, a saúde do doador foi totalmente checada com exames físicos e laboratoriais, onde não foi constatado nenhuma presença de tumores malignos.
No entanto, meses depois dos transplantes, quatro pessoas foram diagnosticadas com câncer. Três dos quatro receptores morreram após a propagação da doença, de acordo com o relatório.
Em agosto de 2008, 17 meses depois do transplante, o receptor de pulmão duplo, uma mulher de 42 anos, começou a apresentar disfunção de transplante, e os exames hospitalares revelaram que ela tinha tumores no tecido epitelial, que acabou se espalhando para outras parte. A paciente faleceu em 2009, com testes indicando células de câncer de mama que foram derivadas do doador.
Após sua morte, os médicos consultaram a receptora do rim esquerdo, que tinha 62 anos quando recebeu o órgão. Os testes iniciais não indicaram que ela tinha câncer, porém cinco anos depois ela adoeceu, com testes revelando que o câncer transmitido pelo doador se espalhou por seu rim e outros órgãos. Apenas dois meses depois da descoberta do câncer, a mulher acabou falecendo.
Em outro caso, uma mulher de 59 anos que recebeu um fígado foi diagnosticada com câncer no órgão, mas se recusou a retirá-lo por medo de complicações, no entanto ela acabou falecendo 7 anos depois do transplante.
O paciente restante sobreviveu depois dos médicos removeram o rim que ele havia recebido. Além disso, o homem de 32 anos precisou ser submetido a quimioterapia.
Os autores do estudo ainda não conseguiram entender como isso pode ter acontecido, mas supões que as drogas imunossupressoras, que ajuda na adaptação do novo órgão, podem ter facilitado a progressão de vestígios de câncer indetectáveis que vieram no transplante.
Considerado um evento raro, estima-se que as chances de se contrair um câncer de um doador fique entre 0,01% e 0,005%. De qualquer forma, isso serve de alerta para equipes de transplantes.
O que é a doação de órgãos?
A doação de órgãos é uma prática que pode salvar a vida de muitas pessoas que estão na fila por um transplante. No entanto, no Brasil ainda existe pouca adesão de doadores, o que dificulta a realização de transplantes.
O médico gastroenterologista do Grupo de Transplantes da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Wangles Soler, lembra que para o processo de doação ter início, o doador deve ter tido morte encefálica, o que representa entre 5% e 10% das mortes. Porém, apenas um em cada cinco casos são notificados, reduzindo-se ainda mais as chances de se encontrar um doador.