ROTANEWS176 08/12/2022 11:20 RELATO DIRETO DA REDAÇÃO DO JBS
Do Tocantins, a jornada inspiradora de Ricardo, que desperta para nobres sentimentos e conjuga a marca da juventude Soka.
Reprodução/Foto-RN176 Ricardo Barbosa de Sousa. Responsável pela DMJ do Bloco Araguaína, Distrito Tocantins Norte, Área Tocantins, CRE Oeste, CGRE – Foto: Arquivo pessoal
O sentimento de doação pressupõe um olhar interior para o que vale a pena ser vivido. Um propósito nobre cria essa plena sinergia. Aos 32 anos, Ricardo Barbosa de Sousa experencia vibrantes descobertas e conquistas. Professor de química no Instituto Federal do Tocantins, nasceu e se criou no interior do Maranhão, em família que pratica tradicionalmente outra religião. Sempre muito estudioso e engajado, com apoio dos familiares, conclui a graduação em 2011, e logo em seguida o mestrado. Faltava algo. “Eu me considerava um tanto agnóstico com relação à fé, pois não frequentava mais a igreja. Sentia como se aquele não fosse mais o meu lugar. De fato, eu me questionei bastante quanto aquela religião na qual nasci corresponderia, de forma justa, aos anseios e às necessidades da humanidade.”
O espírito de busca o leva, em 2018, ao Budismo Nichiren, que conheceu pelas mídias sociais. Vem a pandemia da Covid-19 e “Meu coração se fortaleceu com cada incentivo recebido, apoio crucial para que eu pudesse vencer nessa fase de distanciamento social”. Responsável pela Divisão Masculina de Jovens (DMJ) de bloco, Ricardo encontra respostas para seus anseios e corresponde à altura ao mais nobre sentimento praticado na organização. Aprende e vivencia emoções ao doar o tempo, o olhar empático, a disposição. Doação de esperança, que lhe permite expandir sua condição de vida, superar a perda do pai, triunfar sobre as adversidades financeiras e contribuir com gratidão para que o humanismo Soka em sua localidade seja uma realidade para mais e mais pessoas. A jornada inspiradora desse jovem da geração “azul mais azul que o índigo” você acompanha aqui.
Em busca de um sentido da vida
Fiquei bastante tempo sem religião e, apesar de sempre ler tudo sobre diversas delas, por ser um tema de grande interesse, nenhuma despertou em mim tamanha curiosidade quanto a filosofia oriental. Em 2017, tive a grande boa sorte de ser aprovado em um concurso público para professor efetivo do Instituto Federal do Tocantins, trabalhando inicialmente no Campus Dianópolis, na cidade do mesmo nome que me acolheu muito bem. Continuava com algumas práticas de meditação e de recitação de mantras, mas ainda faltava algo para acender a chama da fé.
Reprodução/Foto-RN176 Ricardo junto com casal de veteranos – Foto: Arquivo pessoal
Com o espírito de procura, busquei grupos no Tocantins que tinham relações com o budismo. E, em 2018, consegui o contato por meio das redes sociais de quem viria a ser uma das pessoas que me apresentaram o Budismo de Nichiren Daishonin. No trabalho, houve a oportunidade de transferência para o município de Araguaína, o qual fica bem mais próximo da minha cidade natal e do querido estado do Maranhão. Comecei a receber incentivos de membros e uma visita especial de veteranos da prática da fé, que viajaram de Palmas até a longínqua Araguaína para me incentivar. Aprendi a recitar Nam-myoho-renge-kyo e comecei a fazer gongyo (leitura do sutra). Entretanto, essa prática da fé foi crucial para mim e se consolidou mais no ano seguinte, quando houve a pandemia da Covid-19, período em que as incertezas eram tantas.
Com as reuniões de diálogo, de estudo e de palestra virtuais, os vídeos da Família Buscafé e a leitura de matérias do Brasil Seikyo, dos livros e das orientações de Ikeda sensei, entendi como aplicar a prática budista diária a fim de vencer cada adversidade. Havia encontrado a religião do verdadeiro humanismo. Conforme o Mestre declara em um de seus poemas:
O Budismo de
Nichiren Daishonin
é a religião da esperança
que elucida claramente que
todos possuem
a mais nobre vida
capaz de brilhar como o sol.
Hoje, o mundo espera muito
por uma religião humanística.1
Durante o período de isolamento social, as atividades remotas se descortinaram como oásis. Em 2021, eu me mantive dedicado a recitar ao menos uma hora de daimoku (Nam-myoho-renge-kyo) diariamente, o que contribuiu de forma significativa para me manter forte em meio à perda repentina do meu pai, em agosto do ano passado. Passei esse tempo em minha cidade natal e teria de defender meu doutorado já em setembro daquele mesmo ano. Continuei orando daimoku e participando dos encontros on-line, buscando substituir as reclamações pela esperança, empenhando-me mais que nunca na prática altruística. Defendi meu doutorado de forma remota na companhia dos meus familiares e, em seguida, retornei ao Tocantins.
Continuei realizando a prática provisória de daimoku e gongyo até que recebi meu Gohonzon (objeto de devoção dos budistas) dia 20 de novembro de 2021. Essa data foi marcada por muita alegria. Devido às condições sanitárias na época, compareceu apenas a pessoa que havia me apresentado esse budismo. Conquistei assim a chance de consolidar a minha fé perante esse supremo objeto de devoção. No capítulo “Arando a Terra”, do volume 11, da Nova Revolução Humana, o presidente Ikeda nos orienta:
Reprodução/Foto-RN176 Em sala de aula, lecionando química – Foto: Arquivo pessoal
Nos momentos de tristeza, amargura ou sofrimentos, abrace o Gohonzon com sua firme oração, como uma criança que busca a proteção da mãe. Recite daimoku como se estivesse dialogando e transmita tudo o que se passa com você ao Gohonzon. Assim, depois de algum tempo, mesmo o sofrimento no estado de inferno desaparecerá como o orvalho sob o calor do Sol.2
A missão se expande
Após esse período remoto das aulas, reintegrei-me às aulas presenciais em 2022, “Ano dos Jovens e do Progresso Dinâmico”, e logo iniciaram as perspectivas de retorno também das atividades híbridas da organização. Fui convidado pelas lideranças locais a assumir como responsável pela Divisão Masculina de Jovens do Bloco Araguaína. Apesar da pouca experiência, aceitei confiante o pedido, pois queria ajudar o bloco a se reerguer com fé e coragem, por gratidão aos companheiros e a Ikeda sensei.
Logo veio a oportunidade de me inscrever no Curso de Primavera da Juventude Soka do Brasil de 2022. Tinha certa confiança de que seria selecionado, contando com minha boa sorte inicialmente por ter conquistado paz, harmonia comigo mesmo e com os outros por meio da estratégia do Sutra do Lótus. Preocupei-me com os preços das passagens aéreas e me desafiei a comprar antecipadamente, antes do resultado. Na mesma tarde, vem a confirmação. Consegui ajustar o trabalho e, dessa forma, pude participar tranquilamente, preparando-me para receber esse profundo treinamento.
Reprodução/Foto-RN176 Com os companheiros do Tocantins – Foto: Arquivo pessoal
Conheci a realidade de outros jovens, as dificuldades financeiras ou psicológicas, ou de excesso de trabalho, como no meu caso, que eles venceram para estar no Centro Cultural Campestre, em Itapevi, SP, que é o grande castelo do kosen-rufu nas Américas, onde foi realizado o curso. Em cada canto desse maravilhoso lugar, percebe-se a presença do Mestre onde seu coração pulsa. Fiquei encantado por conhecer de perto também locais de grande significado, como o Colégio Soka e demais prédios do complexo BSGI, em São Paulo. Cada momento foi inspirador, para toda a vida. Tendo orgulho de fazer parte da primeira turma da Academia Índigo Juventude Soka do Brasil, nome com o qual Ikeda sensei nos designou. E gravei no coração este trecho dos escritos do Buda: “A tinta azul origina-se do índigo, mas quando utilizada para tingir algo repetidas vezes, a cor resultante fica ainda mais intensa do que a própria planta do índigo”.3 Fez todo sentido para minha vida.
Senso global, ação local
De volta ao Tocantins, eu me senti ainda mais motivado a vencer a cada dia a escuridão fundamental e realizar a minha revolução humana com o desejo de, nos pequenos atos diários, propagar este maravilhoso budismo na minha localidade.
Eu utilizo as redes sociais para falar um pouco sobre o budismo e convidar alguns amigos para fazer a prática da fé aos sábados. Eu me lancei a montar a programação e a convidar as pessoas mais próximas para um encontro em minha casa, no dia 22 de outubro.
Foi emocionante ver um professor da escola e um estudante do curso de graduação. Depois das boas-vindas, apresentei, de forma resumida, o histórico do budismo e da Soka Gakkai. Na sequência, passamos à recitação do gongyo pausadamente e do daimoku diante do Gohonzon. Expliquei que aquelas eram as práticas complementar e principal, respectivamente. Também emprestei uma liturgia do Budismo Nichiren para cada um deles. Depois, estudamos e dialogamos sobre a “teoria dos dez mundos” e contamos com o apoio de líderes, que expuseram incentivos por vídeo. Em seguida, tomamos aquele cafezinho com bolo que eu havia preparado e dialogamos um pouco mais. Aquele foi o ponto de partida do nosso bloco. Quanta gratidão! Sigo incentivando e convidando novos amigos para esses encontros de vida tão revigorantes, não só para eles, mas principalmente para mim.
Doação de futuro
Outra atividade na qual venho me esforçado com gratidão é a participação no Kofu (Departamento de Contribuintes). Aprendi o real significado dessa iniciativa, que visa à manutenção das nossas sedes e à expansão do nosso movimento humanístico para mais e mais pessoas. Tudo depende do nosso coração. Assim que fui convidado a participar, não hesitei, sempre com o mais sincero sentimento de doação, como me foi ensinado. São muitos os benefícios que tenho alcançado.
Reprodução/Foto-RN176 No Curso de Primavera da Juventude Soka do Brasil – Foto: Arquivo pessoal
Um deles refere-se a algumas dívidas da mudança para Araguaína e outras contas antigas que não sabia que havia contraído, mas rapidamente consegui quitá-las. Em alguns momentos, recebia pagamentos que pareciam ser exatamente para compor essa contribuição voluntária. Tudo foi concorrendo para um período de estabilidade financeira, conquista da sabedoria adquirida pela prática da fé. Por isso, acredito sim que, como o buda Nichiren Daishonin elucida, “O que importa é o coração”.4
Desde que me converti ao budismo, vejo o Kofu como uma grande oportunidade de saldar as dívidas de gratidão com sensei e com a organização.
Aqui na localidade, sigo firme, junto com meus companheiros, para adquirir nossa sede em Palmas. Esse é um profundo e grandioso objetivo que todos nós da Área Tocantins assumimos e pelo qual estamos realizando intenso daimoku. Meu coração se enche de alegria ao saber quantas pessoas poderão utilizar esse local e renovar a esperança em sua vida.
Minha maior convicção selada pela prática do budismo na Soka Gakkai é que a verdadeira fé de que eu necessitava sempre esteve dentro de mim. O estado de buda é manifestado na forma que nos apresentamos. Não precisamos ser outra pessoa, mas evidenciarmos nossa melhor versão. Estou caminhando para isso, pois comprovo a cada dia que tudo é possível por meio da recitação do Nam-myoho-renge-kyo, essa grandiosa Lei Mística que rege o universo. Viva a Lei Mística! Muito obrigado, Ikeda sensei!
Ricardo Barbosa de Sousa, 32 anos. Professor universitário. Responsável pela DMJ do Bloco Araguaína, Distrito Tocantins Norte, Área Tocantins, CRE Oeste, CGRE.
Notas:
- Brasil Seikyo, ed. 2.555, 13 mar. 2021, p. 03.
- IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 11, p. 100.
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 643, 2020.
- Ibidem, v. II, p. 267.
Fotos: Arquivo pessoal
FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO