ROTANEWS176 E POR BRASIL SEIKYO 18/07/2020 10:00
RELATO
Marquinhos tem disposição e entusiasmo para vencer qualquer impasse
Reprodução/Foto-RN176 Marcos José das Neves Almeida
Quem conhece Marquinhos ou Amaral, como Marcos José é carinhosamente apelidado, sabe que nesse jovem não faltam bom humor e disposição. Por onde passa, a alegria é garantida.
Foi por meio da prática budista que ele cultivou no coração a força para vencer os desafios e, com autenticidade, buscar os objetivos.
Guerreiro sonhador
Quando criança, o sonho de ser jogador de futebol despertava em Marquinhos o desejo de conquistar o inimaginável: “Queria ser uma mistura de Kaká com Ronaldinho Gaúcho (risos). Disputei diversos campeonatos, fiz várias viagens, era só alegria! Queria ser o melhor em campo e me destacar nos lances; cada gol me emocionava”.
No entanto, a realidade que enfrentava enquanto jovem de periferia era bem diferente: “Cresci na comunidade Vila Clara, em São Paulo, numa casa à beira de um córrego que, muitas vezes, foi atingida por enchentes. Em frente à nossa residência funcionava um ponto de tráfico de drogas e troca de armas, e precisávamos pedir licença para passar. Enfim, as pessoas achavam que eu tinha grandes chances de me envolver com o crime”, conta.
Confiante, a mãe de Marquinhos, Ananci, sempre acreditou que seria o contrário. “Quando nasci, ela já praticava o budismo e convicta do poder do Nam-myoho-renge-kyo, nunca se abalou com o que acontecia ao redor. Apesar das diversas dificuldades, tínhamos a prática budista e a certeza da vitória absoluta.”
Reprodução/Foto-RN176 Em atividade da DE, da qual é líder. Todas as fotos foram tiradas antes do isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus
Para Marquinhos, essa convicção partiu do sincero desejo de avançar, independentemente das circunstâncias, e de construir um futuro melhor. “Meu maior desafio era a leitura e, certa vez, aos 7 anos, tive dificuldades em fazer a lição de casa. Ao recorrer à minha mãe, que nem ao menos sabia ler e escrever, ela me incentivou dizendo que eu tinha o Gohonzon e que conseguiria realizar tudo o que quisesse. Suas palavras encheram meu coração de esperança e, dali em diante, decidi romper meus limites e me tornar um jovem exemplar na sociedade.”
Primeiro trabalho
Marquinhos relembra que os direcionamentos que obteve na Divisão dos Estudantes e depois no Sokahan (grupo de bastidores da Divisão Masculina de Jovens) foram essenciais para a tomada de importantes decisões. “Em determinado período, minha mãe ficou desempregada, só meu irmão estava trabalhando e meu pai (que faleceu há dois anos) já não morava mais conosco. Senti que precisava cuidar da família. Em minhas orações, determinei ser contratado por algum time de futebol ou encontrar um emprego que me proporcionasse todos os direitos de um trabalhador.”
Semanas depois, ele recebeu por telefone uma proposta para trabalhar num escritório de contabilidade. “Meu coração disparou, pois seria minha primeira entrevista. Aprendemos que, por meio da prática budista, sempre direcionamos a vida para o caminho da felicidade. Então, refleti: ‘Já que minha estrela não brilhou no futebol, por que não trilhar uma nova jornada?’. Aceitei o convite e fui para a entrevista sem medo e assim conseguir o primeiro emprego como office-boy”.
Dois anos se passaram e, entre o aprendizado de iniciar uma nova carreira e o desejo de avançar, o jovem decide cursar faculdade. “Tinha a chance de ser promovido para trabalhar na área contábil, e novamente fiz uma importante escolha, ingressando no curso de ciências contábeis, por incentivo da minha chefe. Ao completar quatro anos na empresa, sendo dois deles na área contábil, optei por seguir outro rumo”.
Reprodução/Foto-RN176 Marquinhos, ao centro; o irmão, Paulo Henrique; e a mãe, Ananci; em sua formatura na faculdade. Todas as fotos foram tiradas antes do isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus
É boa sorte
A nova jornada para Marquinhos começou em 2016, ao ser contratado para trabalhar na BSGI. “Foi um desafio pedir demissão do emprego anterior, mas minha chefe compreendeu que eu deveria seguir minha trajetória. Pensei: ‘Caramba, que boa sorte!’ (risos). Iniciei no novo trabalho com o sincero desejo de proteger os membros, e na reunião de funcionários, meu coração batia forte enquanto lia minhas palavras de decisão.”
Ele continua: “Esforçava-me ao máximo na faculdade e tive apoio de muita gente para concluir o curso. Na organização, o foco era ensinar o budismo para as pessoas. Com isso, dezessete amigos decidiram praticá-lo também. Sinto que essa luta me proporcionou expandir a vida. Essa é a pegada! Eu deveria estar em sintonia com Ikeda sensei para seguir avançando. E a cada vitória no trabalho, nos estudos, na localidade, enviava cartas ao Mestre, que algumas vezes me respondeu demonstrando total apoio. Eu não estava sozinho”, compartilha.
Dentre as metas que objetivou, revela que transformar a própria realidade sempre foi o impulso para não desistir. “Os diálogos com os veteranos na prática budista me fizeram almejar sonhos grandiosos, como o de ter uma bela casa que seja útil para o movimento pelo kosen-rufu. É como a casa amarela, tal como consta no livro Luizinho — O Menino Budista e o Grilo Feliz, que tanto inspirou minha mãe na academia Magia da Leitura. Sei que vamos conseguir.”
Com tamanha positividade e alegria de viver, Marquinhos conduz os dias de trabalho se mostrando sempre gentil e solícito, o que foi fundamental em meio ao distanciamento social devido à pandemia do coronavírus. “Não podemos recuar diante de uma maldade e sim desafiá-la como se fosse um treinamento.
Reprodução/Foto-RN176 Comemora a vitória da localidade na campanha de propagação do budismo. Todas as fotos foram tiradas antes do isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus
Em casa, tive a chance de cuidar mais da saúde e, recentemente, descobri um problema hereditário, que sempre afetou minha audição. Quando coloquei o aparelho de teste auditivo foi uma surpresa! Ouvir o canto dos passarinhos com clareza, bem como o barulho das páginas de um livro sendo viradas, foi mágico! Até mesmo o barulho de uma obra numa construção foi algo novo para mim. Recuperar a audição me deu outra perspectiva de vida. Isso é benefício!”, comemora.
Ele conclui: “É uma prova de que, se recitarmos daimoku com todas as forças, o resultado surge sem falta! Ikeda sensei diz que devemos polir nossa vida e fazê-la brilhar para que outros nos enxerguem como pessoas de grande valor. Mais que vencer, o importante é jamais ser derrotado. Essa é minha decisão”, finaliza.
Marcos José das Neves Almeida, 25 anos. Contador. Resp. pela DMJ do Distrito Vila Élida, resp. pela DE-Herdeiro da RM Campestre, secr. do grupo Sokahan da RM Campestre, CNSP, CGESP.