ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 29/01/2022 10:26
Por Ana Paula Cony
COLUNISTA
Reprodução/Foto-RN176 Fotos de ilustração das baquitérias que abitam no corpo-humano – Editorial do Brasil Seikyo – BSGI
Além da vacina, uma boa alimentação e cuidados são fundamentais para manter o equilíbrio do nosso corpo. Desde o surgimento da Covid- 19, vários estudos foram realizados para compreendermos pontos em nossa saúde. Apresentamos alguns itens que ajudam a manter a imunidade forte. Reforçamos que, a qualquer sintoma, o conselho é sempre procurar orientação médica e não se medicar sozinho.
A mudança brusca de temperatura impactaa imunidade?
Devido a mecanismos de circulação em vasos periféricos e centrais, a pressão sanguínea tende a cair quando a pessoa sai de um ambiente frio para o quente. Nesse caso, pessoas que já têm hipotensão podem ter a condição acentuada e apresentar sintomas como mal-estar e vertigem. Quando o choque é do quente para o frio, a pressão aumenta, o que eleva os riscos de acidentes vasculares cerebrais e de outros problemas relacionados a picos hipertensivos.
O choque é interpretado pelo corpo como um estresse sofrido pelo organismo. Esse estresse leva a uma série de alterações na cadeia metabólica, por exemplo, a liberação de citocinas, causando febre ou até gerando baixa imunidade.
Dicas para impedir o choque térmico
Algumas ações simples podem impedir que o corpo sinta as mudanças bruscas de temperatura. Leve uma garrafinha de água e sempre se hidrate, não use roupas pesadas, prefira as mais claras e leves. Os olhos e o nariz são muito importantes, portanto, hidrate-os com soro fisiológico. Na saída de um local quente para um lugar frio, faça uma transição gradual entre esses ambientes. Também é fundamental não ingerir alimentos muito gordurosos e procurar consumir mais verduras e frutas, que melhoram a homeostase (o equilíbrio das funções internas).
Como a alimentação pode ser uma aliada para que o organismo fique mais forte? Como deve ser a alimentação no verão e em tempos de Covid?
As frutas possuem compostos bioativos que melhoram a saúde metabólica por meio de mecanismos diversos, como efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes. Certas frutas, como o morango e o mirtilo (blueberry), podem promover benefícios cardiometabólicos devido ao seu conteúdo de flavonoides, como antocianinas e ácidos fenólicos. Esses compostos bioativos têm sido associados a efeitos protetores contra diversas doenças crônicas, como as cardiovasculares (DCV). Em uma revisão publicada em 2019, foram reunidos dezesseis estudos de intervenção em humanos para investigar os efeitos benéficos à saúde do consumo dietético de morango ou mirtilo na inflamação, doença cardiovascular, função cognitiva e saúde mental.
Os resultados revelam que o consumo diário de morango e de mirtilo contribuem para melhora da saúde metabólica. Nos principais benefícios associados ao consumo de morango estão os efeitos favoráveis sobre a inflamação, sensibilidade à insulina, capacidade antioxidante, resposta à insulina e características das lipoproteínas séricas.
Já o consumo de mirtilo mostrou efeitos positivos em alguns testes cognitivos e, em alguns casos, efeitos positivos na pressão arterial, função endotelial, sensibilidade à insulina e estresse oxidativo. Além disso, cabe ressaltar que outras frutas, como o açaí, são fontes de antocianinas e outros polifenois com efeitos semelhantes.
Não há fórmulas mágicas para aumentar a imunidade. O que realmente pode ser feito?
Um aporte adequado de vitaminas e minerais pode melhorar a resposta imunológica nas fases da infecção. Dentre os nutrientes importantes, podemos destacar:
Vitamina D: Pode interagir com receptores ECA2, os mesmos que o Sars-Cov-2 utiliza para infectar o organismo. A suplementação de 2.000 UI/dia demonstrou redução do risco de infecções do trato respiratório. Um estudo retrospectivo associou o baixo nível sérico de vitamina D a maior mortalidade por Covid-19.
Vitamina C: Estimula migração de neutrófilos, auxilia remoção de macrófagos e na diferenciação e maturação das células T. O aumento da ingestão está relacionado a menores concentrações de PCR (um marcador inflamatório). Em um estudo clínico, a ingestão de 200 mg/dia de vitamina C por quatro semanas em idosos melhorou sua condição respiratória. Em uma metanálise, a suplementação de 700-800 mg/dia reduziu a duração, o tempo de recuperação e aliviou sintomas do resfriado. Em crianças, a dose de 500 mg a 2 g/dia reduziu a duração da infecção do trato respiratório superior.
Zinco: A deficiência pode levar a aumento da morbidade respiratória. Doses de 13,3 mg de gluconato de zinco levaram a rápida redução de sintomas de resfriado, diminuição de dias com tosse, rouquidão, dor de cabeça, congestão nasal e dor de garganta.
Complexo B: Aumento de niacina, piridoxina e cobalamina foi inversamente associado aos níveis de PCR.
Fibras: A fermentação pela microbiota produz ácidos graxos de cadeia curta com efeitos anti-inflamatórios.
Fitoquímicos: Interagem com fatores de transcrição como NF-KB e Nrf-2, caracterizando atividade anti-inflamatória e antioxidante.
Reprodução/Foto-RN176 Ana Paula Cony, nutricionista funcional e e4sportiva e é mestre em ciência da saúde pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – Editorial do Brasil Seikyo – BSGI
IMPORTANTE: Nenhum dos nutrientes mencionados foi estabelecido como protocolo de tratamento para Covid-19. No entanto, baseado em mecanismos bioquímicos plausíveis e estudos clínicos anteriores, é possível considerar a ingestão/suplementação desses nutrientes como parte de um contexto alimentar saudável, a fim de manter adequados os mecanismos anti-inflamatórios e imunológicos. Daí a importância de procurar seu médico e fazer uma avaliação.
Mito ou verdade
Própolis é ótima para melhorar a imunidade.
Verdade
Recente revisão da literatura realizada por pesquisadores brasileiros mostrou que a própolis pode auxiliar no sistema de defesa contra a Covid. Ela não substitui o tratamento médico, mas, segundo os autores: “Considerando o grande número de mortes e outros tipos de danos que a pandemia da Covid-19 está causando, há uma necessidade urgente de encontrar terapias que possam ajudar a evitar ou reduzir a infecção por Sars-Cov-2 e suas consequências. A própolis tem efeitos anti-inflamatórios e imunorreguladores comprovados.
Chá de gengibre ajuda a combater o coronavírus.
Mito
O chá de gengibre ajuda a acelerar o metabolismo; aumenta a temperatura corporal e, quando aliado a uma dieta saudável e prática de exercícios físicos, contribui para a perda de peso.
Comer alho evita o contágio pela doença.
Mito
Embora o alho possua componentes que auxiliam nos processos de defesa do organismo, não há evidência científica que comprove qualquer eficácia no combate à Covid-19.
Uso de vitamina C e fatias de limão em um copo de água ajuda a prevenir ou combater o novo coronavírus.
Mito
De acordo com o Ministério da Saúde, não há nenhum medicamento ou alimento específico que possa prevenir a infecção pelo coronavírus (Covid-19).
Água com limão em jejum fortalece a imunidade.
Mito
Se a alimentação não for boa, nada vai lhe ajudar, muito menos água com limão.
O sono faz toda a diferença para saúde.
Verdade
Avalie se você está dormindo tempo suficiente e com qualidade, pois isso, garanto, é fundamental.
Shot de imunidade como cúrcuma, gengibre, própolis e limão com bicarbonato ou outros tipos de misturas combatem o coronavírus.
Mito
A imunidade é formada por um conjunto de fatores que atuam na defesa do organismo contra várias doenças. Assim, não existe mistura milagrosa que possa melhorar a imunidade repentinamente.
Não existem evidências sobre o uso de vitamina D e seu possível papel na redução do risco de contrair o novo coronavírus. Segundo o Ministério da Saúde, até o momento não é reconhecida nenhuma relação entre a vitamina D e a infecção pelo novo coronavírus.
Verdade
Os exercícios físicos têm papel importante na função do sistema imunológico.
Verdade
Estudos mostram que exercícios de intensidade moderada podem estimular a eficiência do nosso sistema imunológico. Entre os diversos efeitos positivos da prática de atividades físicas, podemos citar: maior resistência a infecções, diminuição de estresse, melhora do sistema cardiorrespiratório e do humor.
A alimentação saudável pode melhorar a sua imunidade.
Verdade
A relação entre a alimentação e o sistema imunológico é extremamente complexa e recebe o nome de imunometabolismo. Para isso, é essencial ter uma dieta equilibrada que forneça quantidades adequadas de carboidratos, proteína, gordura e micronutrientes. Além disso, é importante ter em mente que ambos os extremos de dieta — desnutrição ou obesidade — estão diretamente relacionados com alterações da imunidade.
É importante tomar vitamina C quando você estiver com um quadro infeccioso/gripal.
Mito
Não há evidências de que a suplementação de vitamina C reduza o número de episódios de infecção, embora alguns estudos mostrem que é possível alterar a duração ou a gravidade do quadro.