ROTANEWS176 12/08/2023 13:35 MATÉRIA GRUPO CORAÇÃO DO REI LEÃO Por Grupo Coração do Rei Leão da BSGI
Reprodução/Foto-RN176 Foto de ilustração da matéria – Foto: GETTY IMAGES
Já faz muito tempo que a tecnologia se tornou parte integrante da vida das pessoas, transformando a forma de trabalhar e a vida pessoal, beneficiando todas as gerações. Com a internet, temos amplo acesso a uma série de recursos e de informações que antes era limitada. Isso permite que exploremos vários assuntos, ampliando nosso conhecimento. A tecnologia digital introduziu experiências de aprendizagem interativas e envolventes por meio de aplicativos, plataformas educacionais, jogos etc.
Esse rápido avanço na tecnologia também teve impacto profundo na educação, principalmente na maneira como educamos nossos filhos. E isso tem sido um dos grandes desafios para as famílias. Os jovens de hoje têm maior intimidade e familiaridade com a tecnologia e isso é essencial para o mundo moderno. Não podemos privá-los dessas habilidades, porém é preciso entender quais são os verdadeiros benefícios e riscos para que se possa buscar o equilíbrio entre o excesso de uso e outras atividades.
Diversos estudos e pesquisas médicas têm mostrado os prejuízos que a superexposição às telas pode causar. Crianças e adolescentes que passam horas em frente às telas podem apresentar dificuldades de compreender sinais não verbais, brincar menos, interagir pouco socialmente, inclusive com outras crianças. Além disso, o uso excessivo de telas pode acarretar problemas de saúde física e mental, como sedentarismo, obesidade, postura, dificuldades de visão e audição, irritabilidade, baixa autoestima, quadros de ansiedade e de depressão, distúrbios do sono e até dependência digital. E, ainda, o mundo on-line pode expor os indivíduos a conteúdo impróprio para sua idade, motivar comportamento nocivo, cyberbullying e assédio, resultando em sofrimento emocional para a criança e para a família.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) aborda também o contexto familiar e diz que ele não está associado apenas a fatores de proteção, mas também aos de risco. Dentre os principais fatores de risco estão a “falta de afeto, falta de limites, negação dos comportamentos inadequados dos filhos, violência familiar, desestruturação da família, episódios frequentes de estresse tóxico, uso de álcool e drogas, falta de suporte e apoio”.
Sobre os cuidados que a família deve ter, a SBP recomenda limites, sugerindo que crianças menores de 2 anos não sejam expostas de forma alguma às telas (televisão, celular, computador, tablet) nem passivamente; para crianças entre 2 e 5 anos, o uso recomendado seria de no máximo uma hora por dia; crianças entre 6 e 10 anos, o limite de tempo seria de uma/duas horas diárias; já os adolescentes entre 11 e 18 anos seria de duas/três horas por dia; e todos os casos com supervisão dos pais/cuidadores/responsáveis. Além do mais, existem ferramentas de controle parental que podem ser usadas para proteger a privacidade e a segurança das crianças e dos adolescentes, definindo os limites por faixa etária, controle de conteúdo e interações.
Cada família tem a própria rotina e, muitas vezes, devido às demandas do dia a dia, acaba encontrando dificuldades para administrar todos os aspectos da parentalidade.
O presidente Ikeda explica que a prática da fé é a base para boa sorte, estabilidade e saúde de uma família. Em seu livro Famílias Felizes, Crianças Felizes, ele coloca que a “Família deve ser a influência mais positiva, ou a ‘boa amiga’, para as crianças polirem a sua humanidade”.1 Em outro trecho, ele orienta que “É importante se esforçar para se tornar um pai ou uma mãe que age com sabedoria”.2
Os pais são modelos para os filhos que seguem os exemplos deles. É importante que busquem ser um exemplo positivo, pois não adianta impor limites às crianças se os pais ficarem o tempo todo mexendo no “celular”.
Ao estabelecerem regras e horários específicos para o uso de telas, os pais podem dialogar com os filhos para que, juntos, encontrem o melhor caminho. Daisaku Ikeda aponta o diálogo como forma de conectar as pessoas. O diálogo de coração a coração permite um relacionamento saudável entre pais e filhos. Sensei diz que se “Chegaram à conclusão de que TV ou videogame em excesso estão influenciando seus filhos de forma negativa, é importante dialogar sobre isso com eles e estabelecer limite de tempo”.3
Os familiares também podem incentivar e promover atividades alternativas que não envolvam telas. Isso pode incluir brincadeiras ao ar livre, leitura de livros, atividades criativas como desenhar ou tocar um instrumento musical, participar de esportes ou de outras atividades físicas. Ao fornecerem diversas opções, os pais podem ajudar os filhos a desenvolver um conjunto completo de interesses e habilidades. Tudo isso envolve mudar os hábitos que implicam alterar a rotina. Para o escritor americano Charles Duhigg, existem três etapas para que uma atividade se torne um hábito: gatilho (o que o motiva), rotina (frequência da ação) e recompensa (efeito causado). Quando o cérebro consolida essas três etapas, pronto, formou-se um hábito. A fim de quebrar um hábito, principalmente ruim, é preciso ter grande força de vontade, pois é necessário identificar essa estrutura para criar um comportamento. No caso do uso excessivo de telas, ao encontrarmos uma alternativa saudável que ainda forneça uma sensação de recompensa, podemos gradualmente substituir o antigo hábito por um novo.
Em uma atividade que tratou do tema “tecnologia”, Rosa Cristina Almeida, integrante da BSGI, relatou sua experiência:
“Estava enfrentando dificuldades com meu filho. Ele já não queria ir à escola, só queria ficar no celular. Eu tive várias reclamações da escola de que ele não queria fazer nada. Aqui em casa também, só queria jogar. (…) E ao usar a criatividade, sair com ele, brincar, esquecer um pouco o celular (…) é que consegui administrar os horários para uso do celular e do computador. Não foi fácil. Porém, com muito daimoku, paciência e dedicação, fui participando mais do dia a dia dele, (…) preenchendo muito mais a vidinha dele.”
Para o presidente Ikeda, não há tarefa mais nobre do que se dedicar ao desenvolvimento dos jovens. Mesmo sem ter muito tempo para se relacionar com seus filhos, procurava criar boas recordações com eles. Ikeda sensei diz ainda que o comportamento problemático dos filhos tem alguma razão e “devemos nos esforçar para compreender o motivo”, sintonizando nosso coração ao deles.
Os pais desempenham papel importante na criação e formação dos filhos. Para tanto, devem compreender o que se passa no coração deles, perceber suas necessidades e promover um ambiente familiar saudável, e assim poderão ajudá-los a avançar. Os resultados dependerão sempre do compromisso, do envolvimento e do empenho de todos os membros da família, lembrando que é preciso entender que você — pai, mãe ou responsável — tem papel fundamental nisso e que é necessária a ação de sua parte, principalmente sendo um bom exemplo. Não é uma tarefa fácil, mas o resultado será gratificante, pois, ao final, os filhos se tornarão ativos, sociáveis, saudáveis e felizes.
Matéria elaborada pelo Grupo Coração do Rei Leão da Coordenadoria Norte-Sul Paulistana (CNSP)
Fontes:
DUHIGG, Charles. O Poder do Hábito. Objetiva, 2012.
IKEDA, Daisaku. A Família Criativa. Editora Brasil Seikyo, 2009.
A Influência da Tecnologia na Infância: Desenvolvimento ou Ameaça? Psicologia. Disponível em: https://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0839.pdf Acesso em: 12.jul. 2023. 11:15
Manual de Orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria. Disponível em: https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/sbp-lanca-conjunto-de-orientacoes emdefesa-da-saude-das-criancas-e-adolescentes-na-era-digital/ Acesso em: 12 jul. 2023.
Notas:
- IKEDA, Daisaku. Famílias Felizes, Crianças Felizes. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2023.
- Ibidem.
- Ibidem.
Foto: GETTY IMAGES
FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO