Elon Musk diz que vai monitorar Amazônia, mas sua empresa não faz isso

ROTANEWS176 E POR AGÊNCIA O GLOBO 20/05/2022 15:03

Bilionário disse, ao lado de Bolsonaro, que SpaceX pode ajudar no monitoramento da região, mas especialistas dizem que o serviço oferecido não é o ideal

Reprodução/Foto-RN176 Ministro das Comunicações, Fábio Faria (à esq.), “se convidou” para visitar o bilionário Elon Musk (à dir.), dono da Starlink, em Austin, no Texas (EUA), em 15 de novembro de 2021

Em encontro com o presidente Jair Bolsonaro, o empresário Elon Musk afirmou que sua empresa SpaceX, através da internet via satélite Starlink, vai monitorar a Amazônia. Quando perguntando sobre como essa operação garantiria a preservação ambiental na região, Musk falou apenas da conectividade.

“Você pode produzir muitas imagens e vídeos para tentar entender o que está acontecendo. Você precisa dessa conectividade”, afirmou.

Mas o que a tecnologia da Starlink permite é somente conexão remota e envio de fotos e vídeos, como qualquer troca de arquivos, por exemplo, via Whatsapp.

Apenas o monitoramento – ou seja, uso de sistemas que façam a interpretação das imagens captadas a partir de um profundo conhecimento da área – permite a preservação, afirmam especialistas.

Esse monitoramento, cujos sistemas no Brasil têm enorme respaldo científico internacional, mostra que o desmatamento avança na Amazônia, ao contrário do que o presidente Bolsonaro sugeriu. “Contamos com Elon Musk para que a Amazônia seja conhecida por todos, no Brasil e no mundo. Mostrar a exuberância dessa região, como ela é preservada por nós e quanto malefício causa para nós aqueles que difundem mentiras sobre essa região”, afirmou o presidente.

Bolsonaro ainda disse que o acordo entre o governo federal e a SpaceX é “o início de um namoro que com certeza será um casamento”. O governo não informou como essa parceria seria viabilizada nem que contrapartidas exigiria.