Embaixatriz recebia amante em casa enquanto marido dormia

Françoise passava mais tempo no Rio do que com o marido em Brasília. PM afirmou que o crime não foi premeditado e que agiu em legítima defesa

ROTANEWS176 E O DIA 31/12/2016 11:37:20                                                                                                   BRUNA FANTTI                                                     

POLÍCIA                                                            

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Reprodução/Foto-RN176 Françoise Amiridis, mulher do diplomata, chega à delegacia em Belford Roxo (RJ)

Rio – Além de confessar que matou o embaixador da Grécia no Brasil, Kyriakos Amaridis, de 59 anos, o depoimento do policial militar Sérgio Gomes Moreira Filho, 29, traz detalhes da relação extraconjugal que ele mantinha com a mulher da vítima, a embaixatriz Françoise Oliveira, 40. Os dois tiveram as prisões temporárias de 30 dias deferidas pela Justiça, assim como o primo do policial, Eduardo de Melo, 24. A morte do embaixador e o envolvimento de um policial no caso foi divulgado com exclusividade pelo O DIA.

Na Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense, o policial afirmou que começou a se relacionar com a embaixatriz há seis meses. Morador de Nova Iguaçu, onde também reside a família de Françoise, que é brasileira, ele trabalhava como segurança de uma advogada, amiga da embaixatriz.

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Reprodução/Foto-RN176 Embaixatriz teve prisão preventiva de 30 dias decretada Reprodução Internet

Françoise mantinha um apartamento na rua Antenor Gomes Santos, no centro de Nova Iguaçu, onde passava temporadas. “Ela costumava passar mais tempo no Rio e ele em Brasília. Nunca vi os dois brigando”, afirmou a empregada, em depoimento. Era justamente nessa residência que os dois se encontravam, inclusive, quando o embaixador estava em casa, dormindo.

“Ele relatou que os dois tinham uma relação muito intensa e ele se sentia na obrigação de protegê-la do marido que ela contava ser ‘agressor e alcoólatra’. Uma vez chegou a ir na casa dela, enquanto o marido dormia. Havia um quarto que dava acesso direito à porta da residência e com privacidade para os dois”, disse um investigador ouvido pela reportagem.

Françoise foi a shopping e restaurante na hora do crime

Em sua defesa, o policial alega que foi até a casa do embaixador para pedir que ele parasse com as agressões — a última teria ocorrido três dias antes do Natal. “Ele afirma que nada foi premeditado, que foi legítima defesa e teria levado o primo para servir como testemunha. Assim, diz que foi ‘tomar satisfações’ e ocorreu uma luta corporal, que culminou na morte da vítima. Mas a hipótese mais forte é de execução mesmo e o depoimento do primo corrobora para isso”, afirmou um investigador.

Segundo o delegado Evaristo Magalhães, responsável pelo caso, “Françoise ceifou a vida do embaixador para curtir a vida ao lado do PM”. As câmeras de segurança foram fundamentais para que a polícia desvendasse o crime. As imagens mostram que a embaixatriz saiu de casa por volta das 20h de segunda-feira, com a filha de 10 anos, com o destino ao shopping. O policial e o primo já aguardavam na frente da residência há 1 hora. Cerca de 20 minutos após a saída da mulher, as imagens mostram os dois entrando no prédio.

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Reprodução/Foto-RN176 O PM Sergio Gomes Moreira Filho, 29 anos, está detido na delegacia desde quinta-feira WhatsApp O DIA

Com luminol, a perícia constatou que o sofá da casa tinha uma grande mancha de sangue lavado. O PM admitiu ter matado o embaixador por estrangulamento, após a discussão. Uma faca também foi usada e descartada em Nova Friburgo. Os investigadores pretendem levar o policial até o local durante a reconstituição do crime.

Já o primo de Sérgio, diz que foi convidado pelos dois um dia antes para cometer o crime. “O Eduardo não sabia que a vítima era um embaixador. Pensava que era empresário”, disse o delegado, revelando que Françoise ofereceu a Eduardo R$ 80 mil pelo serviço, valor que seria pago 30 dias após o crime, “se não desse problema”.

Embaixatriz diz que “chegou em casa e não viu nada”

Por volta de 1h da manhã, após sair de um restaurante, Françoise diz que chegou em casa e não viu nada de estranho. “Ela diz que entrou com a filha dormindo, ligou o ar condicionado, e foi dormir. Não notou nenhuma movimentação. É uma grande contradição, até porque o policial só sai da residência duas horas depois”, contou um investigador.

Durante o período que Françoise está fora, as câmeras flagram o policial entrando e saindo do prédio mais de uma vez. Por volta das 3 horas da manhã, as câmeras do prédio mostram o policial carregando um volume enrolado em um lençol, parecido com um corpo e colocando dentro do veículo que fora alugado pelo embaixador no dia 21, data em que chegou de Brasília para as férias no Rio.

Mototaxista foi obrigado a queimar carro com embaixador

Após sair com o carro, Eduardo chama um mototaxista solicitando uma corrida. Esse mototaxista disse, em depoimento, que foi obrigado pelo policial a colocar fogo no veículo e jogá-lo de uma ribanceira no Arco Metropolitano. Inicialmente, a polícia cogitou a sua participação no crime, mas Sérgio confessou que ele somente ateou fogo no veículo por ter sido obrigado. Na Divisão de Homicídios, o mototaxista entrou como testemunha no caso e saiu da delegacia usando uma touca ninja para esconder o rosto.

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Reprodução/Foto-RN176 O carro possui as mesmas características do alugado pelo embaixador Agência O Dia

Após o crime, a viúva tentou ludibriar a polícia, registrando o caso como desaparecimento e acabou admitindo saber que o amante era o assassino do seu marido, mas não admitiu sua participação. “Quando ela viu que não tinha mais saída, caiu em pranto de choro e confessou que o PM matou, mas que ela não tinha culpa e nem como evitar”, destacou o delegado.

PM foi à delegacia com Françoise, o que provocou suspeita

Françoise tinha relação com o diplomata há 15 anos, mas somente há 1 ano o embaixador a assumiu como esposa. Da relação, nasceu uma menina, hoje com 10 anos.

Um detalhe chamou a atenção dos policiais: ela foi dar queixa na companhia do PM assassino e de um advogado. “Esse detalhe nos deixou intrigados”, contou o diretor da Delegacia de Homicídio, Rivaldo Barbosa, que fez questão de pedir desculpas ao povo grego. O crime teve repercussão internacional.

O presidente Michel Temer enviou cartas ao primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, e ao presidente, Prokopis Pavlopoulos, lamentando a morte de Amiridis. A polícia vai continuar a investigação para esclarecer alguns detalhes do crime, como a verdadeira arma do crime, que ainda não estão elucidados.