Equilibre-se

ROTANEWS176 E POR BRASIL SEIKYO 11/07/2020 16:15

CONHEÇA O BUDISMO

Redação

Caminho do meio, princípio básico budista, explica a importância da sabedoria para conquistar uma vida realmente feliz

 

O que é “caminho do meio”?

Pela sabedoria adquirida com a prática budista, olhar cada acontecimento da vida e lidar com eles de maneira equilibrada, mantendo-se no controle dos impulsos e comportamentos — é isso que explica o princípio do “caminho do meio”. Ele indica a rota para um tipo de vida cujas ações geram felicidade, condição que depende unicamente dos nossos esforços. Em geral, a forma conciliadora como muitos veem o budismo é reflexo do caminho do meio, e de maneira mais profunda se refere à visão iluminada do Buda para todas as questões do dia a dia.

 

Como surgiu esse princípio?

O grande mestre Tiantai, da China, formulou o princípio de “três verdades” e de “unificação das três verdades”. As três verdades são:1

 

  1. a) Verdade da não substancialidade (kutai): indica que os fenômenos não possuem existência por si sós. Sua verdadeira natureza carece de substância, isto é, transcende os conceitos de existência e não existência.
  2. b) Verdade da existência temporária (ketai): indica que, apesar do seu aspecto de não substancialidade, todos os fenômenos possuem uma realidade transitória que está em constante fluxo ou mudança.
  3. c) Verdade do caminho do meio (chutai): ensina que a verdadeira natureza dos fenômenos não é de não substancialidade nem temporária, embora apresente ambas as características.

 

No ensinamento provisório deixado por Shakyamuni, essas verdades foram expostas como separadas e independentes umas das outras. Todavia, com base no Sutra do Lótus, Tiantai expôs o conceito de “unificação das três verdades” ensinando que as três verdades da não substancialidade, da existência temporária e do caminho do meio são fases inseparáveis de todos os fenômenos.

 

A visão de Nichiren Daishonin

No escrito Atingir o Estado de Buda nesta Existência, o buda Nichiren Daishonin apresenta o caminho do meio como algo muito além das palavras. Ele declara que:

 

A vida é, de fato, uma realidade impalpável que transcende tanto as palavras como os conceitos de existência e não existência. Não é existência nem não existência; porém, mostra características de ambas. É a entidade mística do caminho do meio, ou seja, a realidade fundamental.2

 

Com base em seus estudos, Daishonin define que caminho do meio é o próprio Nam-myoho-renge-kyo. Ou seja, por meio da recitação do daimoku, manifesta-se a energia vital necessária para permear a vida, tanto em seu aspecto físico como espiritual, fazendo surgir a condição de buda, verdade mais profunda da vida humana.

Apesar de a vida geralmente ser observada por esses três diferentes ângulos, eles são na verdade inseparáveis, intrínsecos à vida humana. Dessa maneira, o caminho do meio indica que existe a possibilidade de conciliar diferentes aspectos da vida humana desde que o foco seja a felicidade, a flexibilidade e o não se apegar excessivamente.

 

Da teoria à prática

Estamos falando de conciliação, característica que não se pode confundir com comodismo. Assim como tudo na filosofia budista, o caminho do meio tem como base o esforço contínuo para trazermos para nossa realidade tudo o que aprendemos no budismo, transformando a teoria em prática. O equilíbrio do caminho do meio é uma busca incessante para abandonar de vez os sofrimentos e viver de maneira plena.

 

Vida equilibrada

Reforçando a ideia desse esforço para desenvolver esse equilíbrio na vida, encontramos no capítulo “Contínuas Vitórias”, da obra Nova Revolução Humana, uma explicação do Dr. Daisaku Ikeda, presidente da SGI, sobre o caminho do meio:

 

O caminho do meio não se refere à moderação política ou à atitude passiva diante da realidade da vida e do mundo. É um princípio universal que esclarece a visão correta da vida com base em três verdades (santai, em japonês) expostas no budismo: verdade da não substancialidade (kutai), verdade da existência temporária (ketai) e verdade do caminho do meio (chutai).3

 

Caminho do meio na sociedade

Em âmbito coletivo, caminho do meio se refere a uma sociedade na qual pulsa o respeito pela dignidade da vida humana, à frente de aspectos como política e economia. Ainda nas palavras de Ikeda sensei, esse exercício corresponde a “estabelecer o princípio da confiança e da harmonia nas relações sociais”.4
Observando a nossa realidade atual, compreender e pôr em prática o que se aprende com o caminho do meio correspondem a voltar-se para o desenvolvimento de um ambiente social mais respeitoso e empático.

 

Valiosa condição humana

Caminho do meio não significa sentar e apenas observar a vida, sendo apático perante o que se vê. É o princípio da não passividade que instiga o indivíduo a empreender uma forte decisão de pôr em prática o que se aprende nas atividades da BSGI, assim como nos estudos dos escritos budistas e na leitura das orientações do presidente Ikeda. E tudo isso movido pelo forte desejo de manifestar uma sabedoria que gera felicidade tanto para si como para as demais pessoas. É perceber que é possível viver encontrando o equilíbrio onde as pessoas geralmente enxergam impasses ou conflitos.

Temos a grande oportunidade de viver na mesma época que o presidente Ikeda, um verdadeiro mestre cuja dedicação pelo kosen-rufu possibilita a milhões de pessoas pelo mundo terem acesso ao estudo do budismo, uma filosofia que enaltece a valiosa condição iluminada do ser humano. Viver tudo isso é caminhar pela estrada da felicidade.

 

Notas:

  1. CEND, v. I, p. 1022.
  2. CEND, v. I, p. 4.
  3. Nova Revolução Humana, v. 11, p. 190.
  4. Idem, p. 222.

 

Fontes:

  • Atingir o Estado de Buda nesta Existência. v. I. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin.
  • Contínuas Vitórias. v. 11. Nova Revolução Humana.
  • Terceira Civilização, ed. 402, fev. 2002.
  • Terceira Civilização, ed. 462, fev. 2007.
  • Brasil Seikyo, ed. 2.376, 17 jun. 2017.
  • Brasil Seikyo, ed. 2.428, 14 jul. 2017.