ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 11/12/2021 07:40
COLUNISTA
Por Marcio Nakane
Reprodução/Foto-RN176 O segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, dizia: “Quero acabar com a miséria da face da Terra!” – Editorial do Brasil Seikyo – BSGI
Há diferentes significados para o termo “miséria”, por exemplo, procedimento vil, mesquinho (“O comportamento dele foi miserável.”), ninharia, insignificante (“Meu salário é uma miséria.”), lástima, vergonha (“O futebol do meu time está miserável.”).
Mas o significado que pretendo enfatizar está mais associado com a situação econômica e social das pessoas e tem a ver com penúria, indigência, não ter recursos suficientes para assegurar as necessidades mínimas básicas de sobrevivência. Em outras palavras, a pobreza.
Para saber se uma pessoa é pobre ou não, define-se, inicialmente, uma linha de pobreza, dada pela renda necessária para adquirir certa cesta de bens e serviços que inclua itens avaliados como os necessários para a sobrevivência. Por exemplo, o Banco Mundial utiliza o limite de US$ 1,90 diário por pessoa como a linha de pobreza extrema.
Com base em tais medidas, o Brasil é um país pobre na comparação internacional? O Banco Mundial classifica os países de acordo com sua renda per capita anual em quatro grupos: renda baixa, média baixa, média alta e alta. O Brasil está no grupo dos países com renda média alta, que inclui aqueles com renda per capita anual entre US$ 4.096 e US$ 12.695.
De acordo com a classificação do Banco Mundial, o Brasil, com renda per capita anual de US$ 9.270, em 2019 (mas com queda para US$ 7.850, em 2020), ocupava a posição 116 no ranking para 190 países.
Assim, do ponto de vista internacional, o Brasil não é um país pobre. Isso não quer dizer que a pobreza não seja um problema social sério no país.
E como tem evoluído a pobreza no Brasil? Quando se compara os índices de pobreza nas últimas décadas, há uma melhoria clara. Considerando o índice de pobreza extrema do Banco Mundial, a média caiu de 15,4% da população na década de 1990 do século passado para 8,4% na primeira década deste século e para 3,9% entre 2011 e 2019.
No entanto, o comportamento da pobreza extrema nos últimos anos tem piorado. Depois de atingir 2,7% da população em 2014, o indicador de pobreza extrema aumentou até atingir 4,6%, em 2019, ou 9,708 milhões de brasileiros. Ainda não há informação disponível para 2020, mas a suspeita é de que a pandemia da Covid-19 piorou ainda mais essa situação.
Reprodução/Foto-RN176 Dr. Marcio Nokane Prof. e Dr em economia e também professor na Universidade de São Paulo-USP – Editorial do Brasil Seikyo – BSGI
Como o Brasil é um país de renda média alta, o Banco Mundial recomenda utilizar uma linha de pobreza equivalente a US$ 5,50 diários. O índice de pobreza resultante é chamado de nacional e, para o Brasil, em 2019, 20% da população não atingia essa linha.
A erradicação da pobreza é o objetivo número um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. A meta é a erradicação da pobreza absoluta e a redução da pobreza nacional para metade até 2030.
O Brasil está longe de cumprir tais metas. O esforço para atingi-las envolve ações do setor público e também de instituições, corporações e mesmo ações individuais.
Na Proposta de Paz de 2021,1 Daisaku Ikeda, presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), comenta:
Como herdeiros do espírito de Nichiren Daishonin, os membros da SGI, nos 192 países e territórios, realizaram a prática da fé e o engajamento social determinados a nunca deixar para trás aqueles que lutam nas profundezas do sofrimento. (…) Perante as injustiças globais que ainda persistem, as questões que diversos países enfrentam ou as severas condições que afetam as pessoas, devemos continuar inabaláveis, a lutar juntos pela eliminação do sofrimento que poderia ser evitado, construindo pontes entre quaisquer diferenças que nos distanciem.
Se cada um tiver a mesma determinação de Josei Toda, a erradicação da pobreza será certamente atingida.
Nota:
- Terceira Civilização, ed. 633, maio 2021.