ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 19/06/2021 08:19
RELATO
Henrique decidiu viver os sonhos e criar uma história significativa a partir da mudança do pensamento
Reprodução/Foto-RN176 Henrique Plautz Lisboa, Resp. pela DMJ do Distrito Guaíra, RM Curitiba Centro, Sub. Sul do Paraná, CRE Sul, CGRE – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Conheci o budismo aos 16 anos, em Curitiba, PR, cidade onde moro, por intermédio de uma querida amiga da escola. Meus pais haviam se separado seis anos antes, num processo que foi emocionalmente desgastante para nós. Meus dois irmãos e eu nos sentíamos impotentes diante de tantas brigas. Estávamos afundados na escuridão fundamental, sem qualquer harmonia e minha fuga para esse problema foram os jogos on-line. Com eles, eu podia ser várias coisas menos impotente. Jogava até dez horas por dia, porém me sentia bem apenas nesses momentos.
Quando ingressei na Faculdade de Ciências Sociais na Universidade Federal do Paraná (UFPR), dois anos depois, deparei-me com um dilema ao questionar minha própria existência com decepção e amargura. Refleti que a vida era diversa e ampla demais para ser devotada somente a um jogo. Isso me levou ao budismo novamente, desta vez com um propósito.
Grande mudança
Passei a recitar daimoku com toda a seriedade e logo comprovei a veracidade desse ensinamento, sentindo-me confiante com relação à minha vida.
Num reencontro muito especial, reaproximei-me da Isabela, que hoje é minha grande companheira e, em abril de 2016, começamos a namorar. Ela se tornou uma das maiores motivações para meu desenvolvimento — para mim, um benefício da prática budista. Foi também nesse ano que assisti pela primeira vez ao Taiyo Ongakutai (TO) [banda da Divisão Masculina de Jovens (DMJ)] de Curitiba se apresentar, e presenciei o estado de êxtase do público. Aquilo foi inspirador! Decidido a iniciar um novo capítulo em minha história, em 12 de novembro daquele ano, recebi o Gohonzon e, depois, ingressei no Ongakutai.
Em 2017, consegui o primeiro emprego. Então, certo da importância que a música tem para mim, mudei de curso na faculdade. Estudei intensamente e, no fim do ano, ingressei no bacharelado em música popular na Faculdade de Artes do Paraná.
Estava um pouco afastado da organização, sem compreender aspectos da prática budista e sem me abrir para o diálogo. Queria “ficar na minha”, e deixava as oportunidades de lado. Logo eu me vi novamente num profundo sofrimento.
O responsável pela DMJ do distrito se mostrou um grande amigo nessa fase. Certa vez, ele me aconselhou a ser o agente da mudança que gostaria de ver. Encorajado, mergulhei nas atividades e, com os incentivos constantes dos companheiros, fiz do poema Ongakutai Kun, do presidente Ikeda, a base da minha vida.
Compreendi que as barreiras que imaginei não existiam e, ao realizar a revolução humana, minha companheira decidiu iniciar a prática budista motivada por essa transformação. Meses depois, concretizamos juntos o primeiro shakubuku.
Avanço ininterrupto
Agora, almejava uma relação harmoniosa com meu pai e recitei daimoku todos os dias para isso. Conversamos de coração aberto, expusemos nossas frustrações e choramos juntos. Passei a enxergá-lo como um buda. Ensinei-lhe o Nam-myoho-renge-kyo e, em outubro de 2018, ele recebeu o Gohonzon.
Nos anos seguintes, meus pais participaram de diversas atividades da Gakkai, recitando daimoku e gongyo juntos e compartilhando reflexões nos animados diálogos das reuniões. Apesar de estarmos com muitas dívidas e sem empregos fixos, determinei vencer com base na prática budista, incentivando a todos, assim como meus irmãos do Ongakutai. Procurei fazer de cada encontro com eles um ponto de partida. Concretizei outros seis shakubuku junto com a Isabela, e tive ainda a chance de participar das comemorações dos 57 anos do grupo, em São Paulo, numa incrível performance do nosso amado coral.
Outro momento especial foi em meio aos preparativos para as apresentações do dia 7 de setembro e do Curso Latino-Americano de Budismo, que aconteceriam em Curitiba, quando decidi comprar um novo glockenspiel [instrumento musical de percussão]. Não tinha dinheiro, mas intensifiquei as orações e me desafiei na participação no Departamento de Contribuintes (Kofu), e logo consegui um estágio como professor de musicalização. Assim, comprei o instrumento, no exato valor que havia objetivado.
Corajosa missão
No início de 2020, conquistei, com esforço, um excelente emprego com bom salário, tendo a oportunidade de dar aulas de inglês para crianças, jovens e adultos. E me esforçando pela felicidade dos alunos, aproximei-me mais e mais da pedagogia da criação de valor idealizada pelo fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, intensificando minha paixão pela educação.
Em meio à pandemia do coronavírus, determinei fazer o melhor para continuar desenvolvendo o kosen-rufu, a começar pela comemoração dos 46 anos do Ongakutai de Curitiba. Promovemos um movimento de visitas virtuais e uma academia para novos membros, com quatro formandos. Sem recuar, terminei o ano com mais de oitocentas horas de daimoku recitadas que me mantiveram firme diante da pandemia. Em fevereiro de 2021, minha família terminou de pagar as dívidas e cada um de nós está numa condição profissional melhor.
Reprodução/Foto-RN176 Henrique e sua família – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Reprodução/Foto-RN176 Com isso, a partir do apoio dos veteranos, dos amigos Soka e do meu querido Taiyo Ongakutai, aprendi que devemos ser como o Sol [taiyo significa “sol”, em japonês] onde quer que estejamos, atuando como pioneiros da mudança, assim como Ikeda sensei encoraja no poema Heróis da Harmonia Soka: “Quem à frente acende a chama da alma das pessoas / não é ninguém senão o Ongakutai de corajosa missão!”.
Henrique Plautz Lisboa, 24 anos. Músico. Resp. pela DMJ do Distrito Guaíra, RM Curitiba Centro, Sub. Sul do Paraná, CRE Sul, CGRE.