Esperança e juramento pelo kosen-rufu

ROTANEWS176 18/01/2025 11:10                                                                                                                              Por Dr. Daisaku Ikeda                                                                                                                                                                                                                              

Novo capítulo

 

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de Ilustração da matéria – ilustração de  Kenichiro Uchida

Parte 1
As portas da nova era são abertas pelos jovens. Quando jovens talentos se desenvolvem em sucessão e exercem sua capacidade, há o eterno progresso da organização, da sociedade e do país. É por essa razão que Shin’ichi Yamamoto dedicou toda a sua alma focando sempre no crescimento deles.

A condição essencial para o pleno desenvolvimento dos jovens como sucessores do kosen-rufu reside, acima de tudo, em conquistar a convicção inabalável na prática da fé. E também está em se conscientizar sobre a profunda missão como bodisatvas da terra, com o aprimoramento de si próprios ao cultivar uma nobre personalidade. Portanto, é de suma importância buscar o crescimento como ser humano, incorporando valores tais como senso de desafio, persistência e responsabilidade. Shin’ichi veio sugerindo a realização de festivais culturais em cada região e província, tendo-os como centro nesses campos de atuação para esse desenvolvimento.

O festival cultural é o palco da canção do povo que expressa o dinamismo e a alegria da vida conquistados com a prática da fé. É também um pequeno diagrama de cooperação humana que retrata a beleza e o poder da união manifestados pela confiança e pela amizade. Além disso, é um festival da esperança em que se demonstra o juramento pelo kosen-rufu, ou seja, pela paz mundial.

Kansai foi a vanguardista dos festivais culturais da Soka Gakkai que alçava voo rumo ao século 21. Em 22 de março de 1982, foi realizado o 1o Festival Cultural pela Paz dos Jovens de Kansai no Estádio de Esportes de Nagai, de Osaka.

Naquela região, havia a história do Festival Cultural da Chuva de Kansai, no Estádio de Beisebol Hanshin Koshien, no ano de 1966, que provocara uma grande emoção em todas as pessoas do Japão e do mundo. Na época, assessores próximos ao primeiro-ministro da China, Zhou Enlai, que sob seu direcionamento pesquisavam a Soka Gakkai, também ficaram admi­rados ao assistirem ao filme daquele evento cultural. Um deles foi a tradutora Lin Liyun, que serviu como intérprete no encontro do primeiro-ministro com Shin’ichi [em 1974]. Ela afirmou:

— Fiquei realmente impressionada com o aspecto maravilhoso dos jovens completamente enlamea­dos que realizavam alegremente as apresentações. Senti na minha vida que a Soka Gakkai é uma entidade alicerçada na multidão, e tenho agora consciência de que é uma organização de grande importância para a amizade sino-japonesa.

Os integrantes da Divisão dos Jovens (DJ) de Kansai se desafiavam com a disposição para criar um novo palco de abundantes emoções no aspecto artístico com o forte espírito da Soka Gakkai capaz de superar aquele evento cultural.

Parte 2
Em novembro de 1981, ano anterior ao 1o Festival Cultural pela Paz dos Jovens de Kansai, Shin’ichi visitou Osaka para participar da 3a Convenção de Kansai. Na ocasião, os jovens de Kansai disseram a Shin’ichi:

— Faremos do Festival Cultural pela Paz dos Jovens de Kansai do próximo mês de março o palco a registrar para o mundo que “Aqui se encontra a Soka Gakkai e a sólida relação de mestre e discípulo Soka!”.

E eles afirmaram:

— Cem mil jovens o aguardam!

Shin’ichi sentiu a paixão dos jovens flamejante como o sol.

O evento estava previsto para dois dias, 21 e 22 de março. Porém, devido às intensas chuvas, a apresentação do dia 21 foi cancelada. Shin’ichi chegou a Osaka nesse dia, e imediatamente se dirigiu à reunião das comissões para incentivar os participantes que deveriam estar desapontados.

Para o dia, os jovens de Kansai estavam dispostos a desafiar a apresentação de extrema dificuldade de levantar a torre humana de seis andares. Em abril do ano anterior, no encontro da amizade familiar em Tóquio, Japão, os componentes da Divisão Masculina de Jovens (DMJ) do bairro de Koto haviam feito tal façanha. Porém, num grandioso festival seria um desafio inédito. Shin’ichi, que recebera essa comunicação, os incentivou:

— É provável que muitos estejam bastante desapontados pelo cancelamento de hoje; entretanto, a apresentação de dificuldade extrema da torre de seis andares por dois dias seguidos seria uma crueldade, com correria e, inclusive, risco de acidente. Portanto, foi bom ter chovido hoje. Aguardo o dia de amanhã.

A regra férrea para um festival cultural é a absoluta segurança. Será totalmente irreparável se houver um acidente. Os jovens de Kansai se conscientizaram disso e determinaram o êxito da torre de seis andares. Eles decidiram sem falta levantá-la sem nenhuma eventualidade. Para tanto, estudaram e pesquisaram minuciosamente para evitar acidentes e se empenharam juntos na recitação do daimoku com toda a seriedade.

Os participantes da torre humana foram selecionados entre pes­soas com experiência em compe­tições de ginástica e iniciaram um condicionamento físico básico. Dia após dia, eles se exercitaram para fortalecer o corpo, principalmente as pernas, com corrida e flexões.

Nos locais externos de ensaio, os membros da Divisão Sênior (DS) e da Divisão Feminina (DF) das proximidades se empenharam voluntariamente na limpeza, recolhendo pedaços de vidro e de pedras com o sentimento de não permitir que os participantes se machucassem.

Budismo é razão. Conforme consta no Gosho: “Sua prudência e sua coragem costumeiras”,1 o sucesso total decorre do extremo cuidado nos preparativos em todos os aspectos.

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de Ilustração da matéria – ilustração de  Kenichiro Uchida

Parte 3
Um céu azul esperançoso surgia na “Kansai de Contínuas Vitórias”. Às 13h30 do dia 22, abriram-se as cortinas do Festival Cultural pela Paz dos Jovens de Kansai com a marcha pela paz de 10 mil jovens recém-convertidos ao budismo.

Os novos membros que decidiram dedicar sua juventude honrosa em busca do modo verdadeiro de vida seguindo o caminho Soka marchavam orgulhosamente. Esse aspecto emocionou os companheiros, que concretizaram a propagação com dedicados diálogos budistas num ambiente hostil de críticas e de difamações da problemática do clero. Uma nova força impulsiona o descortinar de um renovado futuro.

Após a entrada da bandeira das Nações Unidas e da bandeira da paz da Soka Gakkai, um coral misto de 2 mil vozes entoou a canção Jovens, Escalem a Montanha do Kosen-rufu do Século 21, embasada num poema dedicado por Shin’ichi Yamamoto aos jovens, enquanto uma coreografia do balé da Divisão Feminina de Jovens (DFJ) com vestidos brancos preenchia todo o campo.

Seguiram-se apresentações esplêndidas e heroicas dos anjos da paz da Kotekitai, da ginástica rítmica da Divisão dos Estudantes Herdeiro, da dança da Divisão Feminina de Jovens, do vigoroso grupo de dança dos integrantes da Divisão dos Universitários (DUni) em traje típico japonês (hakama), da “história dos trinta anos da Soka Gakkai de Kansai”, narrada com um fundo musical e painel humano, da ginástica dos membros da Divisão dos Estudantes Futuro e da Divisão dos Estudantes Esperança, do balé da Divisão Feminina de Jovens, do Ongakutai, do grupo Taiko de Contínuas Vitórias, entre outras.

Por fim, chegou a ginástica montada da Divisão Masculina de Jovens. Quatro mil componentes da divisão preencheram o campo bradando fortemente. Ao som das músicas da Soka Gakkai, tais como Kurenai no Uta [Canção do Carmesim] e Gen-ya ni Idomu [Desafio a Novas Fronteiras], seguiram-se diversas formações, uma gigantesca onda humana, o lançamento do foguete humano e oito torres humanas de cinco andares. Então, ao centro, iniciou-se a formação da torre de seis andares. Eram sessenta jovens no primeiro andar, vinte no segundo, dez no terceiro, cinco no quarto, três no quinto e um no sexto. Nos ombros dos que estavam em pé do primeiro andar subiram 39 integrantes. Se o primeiro andar balançasse, não haveria como sustentar os de cima.

Depois, subiram os do segundo andar, que se entrelaçaram em círculo, agachados. Sucessivamente foram se formando os demais andares para, finalmente, aguardar a subida do sexto andar.

— Lá vou eu!

Iniciou-se, assim, o drama do desafio rumo ao limite. Todos pos­suíam plena convicção cultivada pelos intensos treinamentos diários dos quais eles se dedicaram.

Parte 4
Os componentes do segundo andar ficaram em pé com dezenove outros integrantes nas costas. Ao se levantarem, seus pés se cravaram nas costas daqueles do primeiro andar. Se não conseguissem se posicionar de pé perfeitamente, acabariam desequilibrando as pessoas dos andares de acima, levando-as à queda. Então, eles se levantaram cerrando os dentes. Na sequência, levantaram-se o terceiro e o quarto andares. O corpo de todos tremia em minúsculos movimentos.

No alto, sobrevoava um helicóptero para filmagens com seu barulho característico. O vento das hélices foi mais intenso que se imaginava. A torre balançava e as pessoas que estavam em volta recitavam daimoku no coração. Enfim, o helicóptero se afastou.

Levantou-se, então, o quinto andar. O som dos tambores do Ongakutai reverberava, e por fim o jovem do sexto andar tentou se levantar, mas ele se abaixou e segu­rou nas costas do companheiro abaixo. Houve nova tentativa de se levantar. O público estava boquiaberto, com todos olhando para o topo da torre.

“Levante-se! Confie em nós e levante-se!” — esse era o brado, no íntimo, dos jovens que o sustentam.

— Força, você consegue! — surgiu uma voz na plateia.

O jovem respirou fundo, olhou bem alto para o céu e se levantou de uma só vez. Em pé, no topo, ele abriu os braços.

Uma grande ovação e salva de palmas ecoaram pelos céus do Estádio de Esportes de Nagai. Na arquibancada, surgiu o painel huma­no que retratava os ideogramas “Espírito de Kansai” em cores vivas.

Shin’ichi Yamamoto também saudou com uma vigorosa salva de palmas.

No topo da torre, o jovem bradou algo como:

— Conseguimos, Koji!.

A voz desaparecia em meio à intensa ovação e era impossível ouvi-lo, mas era um grito do fundo da sua alma. O jovem se chamava Hiroyuki Kikuta e Koji era o nome de um amigo, membro da Divisão Masculina de Jovens, chamado Koji Ueno, que falecera havia cinco dias. Os dois trabalhavam juntos na mesma empresa de obras para abastecimento de água e estava prevista também a participação de Ueno na ginástica montada desse Festival Cultural pela Paz dos Jovens. Porém, no dia 17 de março, ele havia falecido devido a uma doença repentina. Assim, era o desafio de Kikuta carregando a vontade de vencer do amigo.

A torre de seis andares erguida pelos jovens era, sobretudo, uma bela torre dourada da amizade, indestrutível por toda a eternidade.

O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

No topo: Kenichiro Uchida

FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO