“Eu me sinto muito mais forte”

ROTANEWS176 E POR BRASIL SEIKYO 25/04/2020 13:10

RELATO

Raphael desenvolveu a convicção para vencer a doença por meio da prática budista

Reprodução/Foto-RN176 Raphael Thierryr

Algo que aprendi com o budismo é que a prática não provoca o surgimento dos problemas, eles são parte da vida. As dificuldades são a reação natural de uma vida em movimento, e o budismo ensina como enfrentá-las e superá-las com alegria.

Sobre isso o presidente Ikeda comenta: “O fato de nos depararmos com esses obstáculos e funções malignas é a prova de que estamos defendendo o ensinamento correto e avançando na direção certa. Nós somos os responsáveis; somos os protagonistas” (Terceira Civilização, jul. 2015, p. 46). Foi com essa convicção que assumi o controle da minha vida e venci a doença.

Certeza da vitória

Em agosto de 2013, comecei a perder a força do braço direito e a sentir dores; tive febre. Esses sintomas se intensificaram e decidi procurar ajuda médica. Fui examinado por vários especialistas, até que em dezembro daquele ano fui diagnosticado com sarcoma de Ewing, um tumor maligno no úmero.

Questionei por que aquilo estava acontecendo justamente comigo e como as coisas seriam dali em diante.

Como nasci em uma família que já praticava o budismo por intermédio da minha avó materna, tive total apoio de todos nesse momento difícil.

Eu me lembro que, quando era pequeno, frequentava as atividades da BSGI e, na adolescência, o fazia por muita insistência da minha mãe. Francamente não via necessidade de praticar o budismo. Mas agora era diferente. E, dialogando com meus familiares, amigos e membros da organização, reconheci que a filosofia de vida que melhor responderia as minhas questões era o budismo Soka. Assim, passei a recitar Nam-myoho-renge-kyo dia­riamente decidido a vencer.

Reprodução/Foto-RN176 Raphael participa de reunião de palestra da Comunidade Torres, da qual faz parte (jan. 2020)

Veio a primeira sessão de qui­mio­terapia e o tratamento se estenderia pelos próximos onze meses. Despertei então para a necessidade de ter uma fé capaz de suportar tudo aquilo.

Sofri com os efeitos colaterais, tive queda de cabelo, mal-estar e fraqueza constante para realizar simples tarefas. Era doloroso não poder sair de casa por conta da baixa imunidade e, a cada nova sessão de quimio, os efeitos eram mais agressivos.

Mesmo diante dessas dificuldades, recitando daimoku, senti paz interior e a certeza de que venceria a doença. E compreendi bem as palavras de Nichiren Daishonin quando cita: “O Nam-myoho-renge-kyo é como o rugido do leão. Que doença pode, portanto, ser um obstáculo?” (CEND, v. I, p. 431).

Comprovar sem falta!

Avancei mais um passo e ingressei no Sokahan [grupo de bastidores da Divisão Masculina de Jovens (DMJ)].

Reprodução/Foto-RN176 Da esq. para a dir., a mãe, Patrícia; ele e a avó, Elisabeth

Com o treinamento recebido no grupo e encorajado pelos incentivos de Ikeda sensei e dos amigos Soka, transformei aspectos que impediam a harmonia familiar. Antes, não me relacionava bem com meu padrasto, mas ao mudar meu sentimento em relação a ele, nós nos entendemos. Tanto que, a partir disso, ele resolveu iniciar a prática budista.

Inspirado, comecei a falar do budismo para outras pessoas com muita convicção e não parei mais.

Em paralelo, o tratamento médico seguia e meu organismo reagia cada vez melhor. Em janeiro de 2015, fiz a última sessão de quimioterapia.

Passei por algumas cirurgias devido ao descolamento da prótese que havia sido implantada, o que acabou causando infecções. Com isso, alguns movimentos do meu braço ficaram limitados.

Na escola, como era muito difícil escrever, havia perdido bastante conteúdo, mas não desanimei. Enfrentando minha realidade, eu me esforcei e aprendi a escrever com a mão esquerda. Para entrar na universidade, fiz cursinho pré-vestibular e fui aprovado no curso de direito, em 2016. Escrevi uma carta para Ikeda sensei, tamanha era minha felicidade. Venci a batalha.

Reprodução/Foto-RN176  Encontro da DMJ e da DS da RM Arthur Alvim, no Centro Cultural Campestre, SP (fev. 2020)

Estou no último ano da faculdade e sigo habilidoso na escrita. Até arranho um pouco no violão (risos). Consegui estágio na minha área e, desafiando a mim mesmo em minha revolução, quero contribuir para uma grandiosa e significativa melhora na sociedade atual. Isso porque eu me sinto muito mais forte para enfrentar adversidades e obstáculos e reconheço que situações ruins fazem parte da vida. A forma como encaramos a situação é o fator principal para transformarmos nossa realidade.

Sigo determinado a transformar o veneno em remédio, motivando outras pessoas a fazer o mesmo com base nos ensinamentos do budismo, pois o Nam-myoho-renge-kyo nos traz a comprovação da vitória infalível na vida diária.

Raphael Thierryr, 21 anos. Estudante. Resp. pela DMJ do Bloco Marcondes Ferraz, RM Arthur Alvim, CCLP, CGESP.