“Façam o kosen-rufu à moda baiana”

ROTANEWS176 10/11/2023 13:30                                                                                                                                  MINHA LOCALIDADE DIRETO DA REDÇÃO/ ARCO-IRIS                         

Reprodução/Foto-RN176 Integrantes da Sub. Bahia em frente ao conhecido Farol da Barra – Foto GETTY IMAGES

Brasil Seikyo inicia, nesta edição, nova série, na seção Minha Localidade, que conta sobre a dedicação dos membros da BSGI ao movimento pelo kosen-rufu nas cidades brasileiras com base na relação de unicidade de mestre e discípulo

Na Bahia, estado conhecido pela diversidade e alegria contagiante do seu povo, a organização da BSGI vem florescendo há 59 anos com base no Budismo de Nichiren Daishonin cuja prática nos permite ser feliz e transmitir essa felicidade para todas as pessoas.

O movimento pelo kosen-rufu na região começou com a chegada das primeiras famílias de membros da Soka Gakkai. Eram imigrantes japoneses e seus descendentes, que passaram a realizar atividades em idioma japonês numa colônia em Mata de São João, no interior baiano.

Nos anos 1970, com a chegada de novas famílias, entre elas de brasileiros natos, foi quebrada a barreira do idioma e começaram a ser realizados encontros de estudo do budismo e a dos incentivos do presidente Ikeda. Com as conversões de novas famílias ao budismo, algumas provenientes de outros estados, abraçando a missão de propagar a filosofia humanística do Budismo Nichiren, a organização começou a se desenvolver e, em 1974, foi criado o primeiro bloco em Salvador, capital do estado.

A primeira Sede Regional da BSGI na Bahia foi fundada na década de 1980. Em 1984, com a participação de membros de cidades do interior e de outros estados, foi formada a Regional Nordeste, cerne do kosen-rufu na região.

Nesse período, um fator fundamental para solidificação da organização foi a criação dos primeiros grupos horizontais como Asas da Paz Kotekitai, Gajokai, Cerejeira e Taiyo Ongakutai. Anos depois, vieram Sokahan, Taiga, entre outros.

A partir da década de 1990, houve um grande desenvolvimento com atividades em meio à sociedade como as exposições internacionais Desenhos das Crianças do Brasil e do Mundo e Diálogo pela Vida — Por uma Cultura de Paz e o seminário Makiguchi em Ação, na Universidade Estadual da Bahia.

Nessa trajetória dos membros baianos, várias atividades tiveram destaque, como a Convenção Cultural do Nordeste, que comemorou os quinhentos anos do descobrimento do Brasil, em abril de 2000, e o festival que celebrou o cinquentenário do movimento pelo kosen-rufu na Bahia, em 2014.

Reprodução/Foto-RN176 Festival comemorativo dos cinquenta anos do movimento pelo kosen-rufu no estado  – Arquivo pessoal / Colaboração local

Esses esforços dos membros locais na propagação dos ideais de paz, cultura e educação trouxeram o reconhecimento de diversos setores da sociedade, culminando com as homenagens concedidas ao presidente da Soka Gakkai Internacional, Dr. Daisaku Ikeda, e à sua esposa, Kaneko, dentre eles: concessão do título de cidadão honorário de Salvador e de doutor honoris causa da Faculdade Católica de Ciências Econômicas da Bahia a Ikeda sensei.

Atualmente, o avanço da Subcoordenadoria Bahia evidencia-se com o desenvolvimento de cada membro por meio de sua participação nas atividades de diversos níveis e nos grupos da organização, promovidas sempre com muita alegria, dinamismo e criatividade, e com ênfase na criação dos jovens sucessores que se encarregarão do futuro do kosen-rufu.

Reprodução/Foto-RN176 Juventude Soka local em encontro recente – Foto: Arquivo pessoal / Colaboração local

Uma das principais diretrizes que norteiam essa dedicação dos companheiros baianos encontra-se nas calorosas palavras de Ikeda sensei contidas na mensagem que enviou para a Convenção Cultural do Nordeste no ano 2000:

Os senhores que pertencem à família Soka do Brasil estão abrindo com toda coragem o caminho exemplar do kosen-rufu mundial, mantendo ao mesmo tempo a mais firme fé na suprema Lei Mística. Não há a mínima dúvida de que os senhores serão absolutamente vitoriosos na vida. Espero que todos, principalmente meus estimados companheiros da Divisão dos Jovens, herdem dignamente o sublime espírito e história da nossa SGI, que foi construída com suor e lágrimas derramados por nossos nobres veteranos e pessoas anônimas. Por favor, cultivem com todo o brilhantismo sua capacidade como dignos herdeiros.

Para 2024, os integrantes da Sub. Bahia objetivam a inauguração do Centro Cultural de Salvador no ano em que a organização local comemorará seus sessenta anos.

O lema da subcoordenadoria é “Vencer com união, coragem e alegria!”, posto em prática em seus esforços. Uma inspiração a mais é o incentivo do presidente da BSGI, Miguel Shiratori, em recente atividade na localidade: “Façam o kosen-rufu à moda baiana”.

Vitórias de representantes da BSGI de Salvador ao lado do Mestre

Não há alegria maior

Meu nome é Ana Bárbara Rocha, tenho 54 anos. Desde os momentos felizes até os mais desafiadores, minha conexão com o Mestre é a que me faz lembrar de retornar ao ponto primordial. Sempre! Digo isso porque chegar à condição em que me encontro hoje só foi possível pela minha prática da fé, ancorada nos encorajamentos de Ikeda sensei.

Comecei minha prática do budismo aos 15 anos, embora tivesse ouvido o som do Nam-myoho-renge-kyo aos 9, que ficou gravado como uma poderosa causa. Realizava a prática individual em meu quarto, sob olhares e críticas de parentes e amigos, os quais constantemente diziam que eu estava ficando louca praticando uma religião tão diferente da nossa cultura. E mais, que dessa forma não criaria uma conexão com minha ancestralidade. Morar na região mais negra do Brasil, fora da África, e praticar o budismo seria estranho e distante do nosso contexto. Mas, com a mudança que passaram a presenciar em minha vida, consegui comprovar a força do daimoku, realizando shakubuku.

Dois deles formam uma vitória surpreendente diretamente ligada a mim. O primeiro ocorreu em 1988, quatro anos depois da terceira visita de Ikeda sensei ao Brasil, quando minha mãe começou a praticar comigo. Que alegria! O segundo momento foi quando conheci meu marido, com o qual formei uma família, com nossa amada Nina. Ela nasceu em setembro de 2011, fruto da comprovação da minha intensa batalha para contradizer os indícios médicos que sinalizavam a quase impossibilidade de eu ter filhos. Assim como afirma Nichiren Daishonin, “O inverno nunca falha em se tornar primavera”.1

Na área profissional, sempre procurando oferecer o meu melhor, como orienta o Mestre. Sou eventóloga de formação, com especialização em cerimonial público, gestão de pessoas e relacionamentos interpessoais desde 2006. Sinto uma profunda gratidão por todo o aprimoramento que recebi nos grupos horizontais da Divisão dos Jovens da BSGI, especificamente no Cerejeira (bastidor de atividades) e no Taiga (dança). Verdadeiro treinamento de vida, que me possibilitou atuar hoje nas produções de eventos com um diferencial que me destaca dos demais profissionais, com toque humanizado. Sou também pesquisadora e empreendedora de assuntos relacionados à sustentabilidade.

Em meio a tantos desafios e vitórias, há um ano minha rainha, Regina Rocha, encerrou sua missão dignamente. Um momento de profunda dor, ao mesmo tempo de consciência de que a vida e a morte são tão unas quanto o dia e a noite. Eterna gratidão! E sigo avançando. Ano passado, assumi como vice-responsável pela DF da RM Salvador Oeste e determinei que seríamos vitoriosos em tudo, na vida pessoal, profissional e, sobretudo, social. Pois, afinal, não podemos deixar de fazer visita familiar, participar de reuniões e tirar um tempinho para comer um acarajé com os amigos. Isso também faz parte do nosso processo de revolução humana, ciente de que “Não há felicidade maior para os seres humanos do que recitar Nam-myoho-renge-kyo”.2

Agradeço ao apoio e aos incentivos ininterruptos da minha amada Sub. Bahia!

Ikeda sensei, minha eterna gratidão. Conte comigo! Seremos definitivamente felizes!

Reprodução/Foto-RN176 Ana Bárbara dos Santos Rocha, vice-responsável pela DF de RM. Eventóloga – Foto: Arquivo pessoal / Colaboração local

Notas:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 560, 2020.
  2. Idem, p. 713.

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Educação humanística

Cada pessoa tem uma missão que só ela pode concretizar. Dessa maneira, Ikeda sensei nos incentiva a agir em todos os campos da vida. Sou Orlando Pereira dos Santos Neto, 36 anos. Contribuir para o kosen-rufu sempre foi meu desejo e assim vim orando.

É difícil dizer como se iniciou minha trajetória como professor, porque noto que nasci com essa habilidade e venho me aprimorando a cada dia. Quando cursava o pré-vestibular já dizia com veemência que queria ser professor, mesmo não tendo grandes oportunidades no que se refere à composição escolar, pois estudei a vida inteira vendo as precariedades das escolas públicas da Bahia.

Havia um forte desejo de aplicar ainda mais o altruísmo que aprendi durante toda a minha vida na Gakkai e transformar a sociedade contribuindo para a formação de várias pessoas. Vale ressaltar que sempre ouvi de diversas pessoas frases pessimistas e de desprezo muito grande pela profissão, tais como “Professor não ganha bem”, “Os alunos não vão lhe respeitar” e “Vai ser um traumatizado no futuro”.

Hoje, sou pós-graduado em metodologia do ensino da geografia, trabalho em escolas particulares e em cursos pré-vestibulares e preparatórios para concursos. Nitidamente é uma luta diária cheia de desafios. No entanto, não tenho o que reclamar da condição financeira, conquistei o respeito dos meus alunos e sou motivo de inspiração para muitos deles em qualquer campo de atuação.

Nesses mais de dez anos de sala de aula, tive papel determinante em colocar centenas de jovens nas universidades. Também concedo direcionamentos para escolhas das profissões visualizando as habilidades de cada jovem e sempre relembro a responsabilidade pela harmonia familiar.

Reprodução/Foto-RN176 Orlando Pereira dos Santos Neto, vice-coordenador de coordenadoria (CRE Leste). Professor – Foto: Arquivo pessoal / Colaboração local

Vários alunos passaram em concursos públicos e eu os incentivo e luto para que realizem ações que possibilitem um mundo melhor independente do campo de atuação. Digo que cada um deles já é “alguém na vida”, o que falta é mais conhecimento de mundo. Conforme cita o presidente Ikeda: “A união de todas as ciências encontra-se na geografia. O significado dessa disciplina é que ela apresenta a Terra como o lar duradouro de todas as ocupações do homem. O mundo separado da atividade humana é menos que um mundo”.¹ Os treinamentos que recebi da Gakkai, agregados à relação de mestre e discípulo, foram mecanismos indispensáveis nas minhas escolhas e regem minha trajetória e serão impulsos para voos mais altos envoltos nas superações vindouras.

Nossa localidade está prestes a completar sessenta anos no significativo 2024. Com determinação renovada, sigo trilhando essa estrada aberta pelo Mestre com as próprias mãos e contribuo com minha vida para o kosen-rufu da nossa amada região. Sensei, conte comigo!

No topo: integrantes da Sub. Bahia em frente ao conhecido Farol da Barra


Nota:

  1. IKEDA, Daisaku. Educação Soka: Por uma Revolução na Educação Embasada na Dignidade da Vida. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2017. p. 35.

Fotos: Arquivo pessoal / Colaboração local / GETTY IMAGES

FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO