Fé para uma jornada inteira

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  15/05/2021  06:13                                                           RELATO

Convicta da vitória, Tamiko superou os desafios mais difíceis, tornando-se uma inspiração para as pessoas

Reprodução/Foto-RN176 Tamiko Himeno, Resp. pela DF do Distrito Éden, RM Sorocaba, CLP, CGESP. Tamiko com o marido, os filhos e a sobrinha (à dir.), em Belém, PA. As fotos foram tiradas antes da pandemia do coronavírus – Editorial Brasil Seikyo – BSGI

Quem ouviu um pouco da história de Tamiko Himeno na 1a Reunião Nacional de Líderes, em 2 de maio, se emocionou com sua sincera fé e determinação. Ela, que em 2021 comemora 43 anos como praticante do budismo, conta que essa filosofia é o alicerce para vencer qualquer desafio.

Tamiko, os pais e os oito irmãos ingressaram na BSGI em 1978, quando ainda moravam numa colônia de imigrantes japoneses, no interior de São Paulo: “Fomos criticados pelos vizinhos, mas seguimos com a prática. Meu pai foi internado meses depois e, desenganado pelos médicos, faleceu a caminho de casa, dentro da ambulância, na minha frente. A única coisa que consegui fazer foi recitar Nam-myoho-renge-kyo”.

Ela e a família mantiveram a fé, e o caminho que se abriu foi de conquistas e de superação. Aos 29 anos, embarcava pela segunda vez rumo ao Japão em busca de novas oportunidades. “Consegui ótimo trabalho e conheci Leonardo, hoje meu marido. Ensinei a prática da fé para ele, desejando que fosse uma pessoa valorosa para o kosen-rufu e no ano 2000 ele ingressou na Soka Gakkai.”

Três anos depois, eles iniciam nova etapa, indo morar em Cuiabá, MT. São acolhidos carinhosamente pelos amigos Soka, e Tamiko dá à luz o primeiro filho, Guilherme. Perto de completar um ano na localidade, Leonardo é convidado para trabalhar em Indaiatuba, SP, na equipe de engenharia de uma multinacional do setor automobilístico. “Em 2005, ele entrou para a faculdade de engenharia e eu em tecnologia da informação. Em 2006, compramos nossa casa.”

O casal vive um período de realizações, mas também de bastante aprendizado; em especial, em 2009, quando Tamiko tem a segunda gravidez interrompida: “No mesmo ano, acompanhei meu marido numa viagem a trabalho para o Japão, onde ficamos por um ano. Quando retornamos, engravidei novamente. Mas, infelizmente, perdi o bebê pela segunda vez. Foi muito difícil”, relembra.

E, em 2012, uma nova gravidez traz para eles outros desafios. “Estávamos esperando uma menina com síndrome de Down e isso me deixou insegura e com muitas questões. Chorei, fiquei triste, porém, com os incentivos das companheiras da Divisão Feminina, levantei-me e continuei orando muito mais daimoku.”

Ela detalha: “No quinto mês de gestação, descobrimos um tumor no feto. Nossos familiares se uniram, apoiando-nos e recitando daimoku; até os que não praticam o budismo. A missão da nossa filha estava sendo cumprida antes do seu nascimento. Determinei que transformaria nossa angústia a partir do daimoku, e quando Nicole nasceu a felicidade e o amor por ela eram tão grandiosos que nada mais importava”.

O bebê passa por uma cirurgia de quase seis horas na qual se constata que o tumor é benigno. “Nossa filha fez um tratamento longo, ficou um mês na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e então veio para casa. Vitória! Tal como Nichiren Daishonin afirma: ‘Mesmo que alguém errasse ao apontar para a terra, ou fosse capaz de atar o firmamento; mesmo que o fluxo e o refluxo da maré cessassem; e o Sol nascesse no oeste, jamais ocorreria de as orações do devoto do Sutra do Lótus ficarem sem resposta’”.1

Persistir na vitória

Leonardo é transferido para trabalhar em Sorocaba, SP, e a família fixa residência na cidade. A etapa que segue é voltada para o desenvolvimento de Nicole, contando com terapias, consultas a fonoaudiólogos e psicólogos. “Nessa época, minha mãe veio do Japão para o Brasil e pôde conhecer a neta antes de encerrar sua nobre existência, em novembro de 2013. Ainda enfrentamos muitos apuros, como quando Nicole ficou internada na UTI pela segunda vez.”

Tamiko conta que, confiante, ela e o marido fizeram dos obstáculos uma chance de avançar: “Melhoramos a condição financeira para dar mais conforto aos nossos filhos e contribuir com o kosen-rufu. Quitamos outra casa em 2020, mesmo ano em que meu filho entrou para o ensino médio no Colégio Soka”.

Reprodução/Foto-RN176 com membros da localidade – Editorial Brasil Seikyo – BSGI

 O ano de 2020 é também para ela um período de superação em diversos aspectos. “Meu marido saiu da empresa onde trabalhou por dezesseis anos, para montarmos um negócio. Mesmo num ano cheio de intempéries, cumprimos nossa meta anual no Departamento de Contribuintes (Kofu).”

Ela continua: “No início de 2021, Leonardo foi convidado para trabalhar em outra empresa. Em fevereiro, foi infectado pelo coronavírus e se recuperou. Logo depois, eu fui infectada pelo vírus. Fiquei internada com 50% do pulmão comprometido e passei longos onze dias no hospital. Cheguei muito mal e, em certo momento, precisei de um cateter de oxigênio. Em meio aos pensamentos negativos relacionados à Covid-19, reuni toda a coragem e decidi que não seria derrotada; e por causa da falta de ar, recitava daimoku mentalmente. Ikeda sensei orienta: ‘Uma pessoa é infeliz não porque está doente, mas por ser derrotada pela doença e por perder as esperanças’.2 Assim, determinei que minha passagem por aquele hospital não seria em vão e passei a falar sobre o Gohonzon e o Nam-myoho-renge-kyo para todas as pessoas com as quais eu dividia o quarto. Compartilhei com elas o humanismo Soka, além de avançar em minha revolução humana. Dessa forma, finalizei meu tempo no hospital e, ao retornar à casa, fui recebida com muita emoção. Agradeço à minha família e aos amigos Soka pelas orações e pelo apoio incondicional.

Ao refletir sobre a minha vida, percebo que sempre orei para me tornar forte e feliz. No entanto, compreendi que já o sou! Pois, ao viver com base na prática da fé, em prol do kosen-rufu, junto com Ikeda sensei, transformei todo sofrimento em oportunidade de aprimoramento e felicidade.

No topo: Tamiko com o marido, os filhos e a sobrinha (à dir.), em Belém, PA. As fotos foram tiradas antes da pandemia do coronavírus

Tamiko Himeno, 52 anos. Técnica em contabilidade. Resp. pela DF do Distrito Éden, RM Sorocaba, CLP, CGESP.

Nota:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo. Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 362, 2020.
  2. IKEDA. Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo, v. 10, p. 193, 2019.