Felicidade inabalável

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 13/05/2023 09:10                                                                        CONHEÇA O BUDISMO DIRETO DA REDAÇÃO 

O objetivo primordial da prática budista é manifestar, na presente existência, a suprema condição de buda intrínseca à própria vida.

 

Reprodução/Foto-RN176 Foto de ilustração da matéria – Foto: GETTY IMAGEM

A teoria dos dez mundos, que constitui a base da filosofia de vida elucidada pelo Budismo de Nichiren Daishonin, desenvolve a condição de vida classificando-a em dez estados. É uma teoria profunda e prática que esclarece com simplici­dade as complicadas questões da vida. Por meio do estudo do conceito de “dez mundos”, pode-se compreender o correto direcionamento de que a transformação da própria condição de vida está ao alcance de todas as pessoas.

Com base no Sutra do Lótus, Tiantai, erudito budista chinês do século 6, desenvolveu um conceito que classifica a experiência humana em dez estados, denominando-a “dez mundos”. Seu ensinamento dos “dez mundos” foi adotado e aprofundado por Nichiren Daishonin, que ressaltou a natureza subjetiva e interior desses mundos.

De forma resumida, os “dez mundos” são:

Mundo do inferno: Representa a mais baixa condição de vida, estado de inferno, de extremo sofrimento em que a pessoa se sente sem liberdade.

Mundo dos espíritos famintos: Indica a condição de vida, estado de fome, caracterizada pela obsessão de realizar os desejos e pela incapacidade de satisfazê-los. A pessoa acaba se tornan­do escrava desses desejos, causan­do sofrimento a si mesma.

Mundo dos animais: Caracterizado pela ausência da razão e pela busca somente por interesses imediatos. Indica uma condição de vida, estado de animalidade, em que as pessoas são conduzidas unicamente por seus instintos, sem conseguir discernir o certo do errado.

Mundo dos asura: Origi­nalmen­te, asura referia-se a um demônio da mitologia da Índia antiga descrito como beligerante e hostil por natureza. Assim, o mundo dos asura representa a condição de vida, no estado de ira, que se caracteriza pelo constante e desenfreado desejo de superar os outros.

Mundo dos seres humanos: Representa uma condição de vida denominada estado de tranquilidade ou de humanidade em que o indivíduo manifesta paz e serenidade como um verdadeiro ser humano. Representa, no entanto, uma condição de vida transitória.

Mundo dos seres celestiais: Indica a condição de vida, chamada estado de alegria, que se caracteriza pelo contentamento oriundo da concretização dos desejos como resultado dos próprios esforços. Todavia, a alegria desse estado é efêmera e desaparece com o passar do tempo ou com a mudança das circunstâncias. Por essa razão, não se pode considerar o estado de alegria como uma condição de verdadeira felicidade a ser almejada na vida.

mundo dos ouvintes da voz e o mundo dos que despertaram para a causa são conhecidos como dois veículos. Correspondem, respectivamente, aos estados de erudição e de autorrealização, e são condições de vida que podem ser conquistadas com a prática do budismo Hinayana. O mundo dos ouvintes da voz corresponde a uma condição de vida, estado de erudição, de iluminação parcial alcançada ouvindo os ensinamentos do Buda. O mundo dos que despertaram para a causa se refere a uma condição de vida, estado de autorrealização, também de iluminação parcial sobre o budismo, porém, alcançada por si só com base na observação de diversos fenômenos. Essa iluminação parcial dos dois veículos corresponde à percepção sobre a impermanência ou a transitoriedade da vida.

Mundo dos bodisatvas: A pala­vra bodisatva possui o significado de “pessoas que se esforçam ininterruptamente em busca da percepção do Buda”. As pessoas dos dois veículos, apesar de considerarem o Buda como seu mestre, não acreditam que possam atingir a mesma condição de estado de buda. Em contrapartida, o bodisatva busca conquistar a mesma condição de vida do Buda, seu mestre. Além disso, o bodisatva almeja a felicidade das pessoas transmitindo-lhes e expandindo o ensinamento do Buda. Portanto, o que caracteriza a condição de vida do bodisatva é o espírito de procura pela mais elevada condição de vida do Buda, ao mesmo tempo em que se empenha pelo bem de outras pessoas, compartilhando os benefícios conquistados por meio da prática budista.

Mundo dos budas: O mundo dos budas corresponde à mais digna e respeitável condição de vida personificada pelo Buda. A palavra “buda” significa “iluminado” e indica alguém que despertou e alcançou a percepção da Lei Mística como a lei fundamental da vida e do universo. De forma concreta, refere-se a Shakyamuni, nascido na Índia. Por outro lado, os sutras budistas mencionam diver­sos budas, como o buda Amida. Esses budas são mitológicos e simbolizam o aspecto maravilhoso e grandioso da condição de vida do mundo dos budas.

Com o propósito de salvar as pessoas dos Últimos Dias da Lei, Nichiren Daishonin manifestou a mais nobre condição de vida do mundo dos budas em sua própria vida de ser humano comum, estabelecendo assim o caminho do mundo dos budas para todos. Por essa razão, Daishonin é o Buda dos Últimos Dias da Lei.

O mundo dos budas represen­ta uma condição de vida, chamada estado de buda, repleta de boa sorte alcançada com a percepção de que a origem da própria vida é a Lei Mística. O Buda, que estabeleceu essa condição de vida, prossegue em sua contínua batalha a fim de que as pessoas conquistem esse mesmo estado de buda, incorporando em si as mais supremas compaixão e sabedoria. Esse mundo é originalmente inerente à vida de todos nós. Porém, manifestá-lo em meio à realidade da vida diária repleta de sofrimentos é uma tarefa extremamen­te difícil. E, como meio para que as pes­soas evidenciassem esse estado de buda, Nichiren Daishonin inscreveu o Gohonzon. Dai­shonin incor­porou no Gohonzon em sua vida como Buda dos Últimos Dias da Lei cuja essência é o Nam-myoho-renge-kyo. Podemos assumir a natureza de buda em nossa vida, no momento em que perseveramos na recitação do daimoku para nós e para os outros com fé no Gohonzon.

Em termos contemporâneos, podemos dizer que a condição de vida do estado de buda é a da “felicidade absoluta”, que não é influenciada por nada. O segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, afirmava que esse estado alcançado com a prática da fé é uma condição de vida em que uma pessoa se sente feliz pelo simples fato de estar viva.

A condição do estado de buda, inabalável e de paz e segurança na vida, pode ser comparada ao rei leão que não teme a nada, seja quais forem as circunstâncias.

Fontes:

Terceira Civilização, ed. 397, set. 2001, p. 10.

Os Fundamentos do Budismo Nichiren para a Nova Era do Kosen-rufu Mundial. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2016. p. 78

Foto: GETTY IMAGES