ROTANEWS176 E POR TERRA 21/05/2022 05h00 Por Marcela Coelho
Os pequenos podem praticar esse tipo de exercício físico, mas é preciso seguir algumas orientações para evitar problemas futuros
Reprodução/Foto-RN176 O craque Cristiano Ronaldo e o filho Cristiano Ronaldo Júnior, de 11 anos Foto: Reprodução/Instagram/@cristiano
O craque português Cristiano Ronaldo publicou nesta semana uma foto ao lado do seu filho Cristiano Ronaldo Júnior, de 11 anos, realizando um procedimento de recuperação física. O corpo definido de Cristianinho, como o garoto também é conhecido, chamou a atenção dos seguidores do jogador.
Tal pai, tal filho, o menino parece querer seguir os passos do craque. No início do ano, ele foi apresentado como atleta da base do Manchester United, mesmo clube de CR7. Em outros registros do pai, Cristiano Júnior também já apareceu praticando exercícios físicos.
Para além das semelhanças com Ronaldo, o corpo trincado de Cristianinho faz questionar os riscos da musculação na infância. Afinal, um abdômen tanquinho não é conquistado da noite para o dia.
O médico Ricardo do Rêgo Barros, coordenador do Grupo de Trabalho de Medicina Desportiva em Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), confirma a hipótese e acrescenta uma curiosidade sobre a definição corporal de crianças: é 80% resultado de fatores genéticos e 20% de musculação.
“Há pessoas que têm uma facilidade de ter o corpo tanquinho”, explica.
Reprodução/Foto-RN176 O craque Cristiano Ronaldo e o filho Cristiano Ronaldo Júnior, de 11 anos. Foto Instagram
Sendo assim, tudo bem para os pequenos a prática da musculação já na infância? A resposta é sim, desde que seja liberada por um médico, com supervisão de um profissional e feita em um local adequado, em conformidade com as orientações permitidas para essa fase.
“Crianças a partir de 8 anos podem fazer musculação, leve. Só com peso livre, sem máquina, e não podem passar de 15 kg. Elas devem fazer, no máximo, 30 minutos por dia, três vezes por semana, e alternando com exercícios aeróbicos. Mas importante: isso sempre realizado com supervisão adequada”, acrescenta o especialista.
De acordo com a SBP, a musculação para crianças pré-púberes ajuda a aumentar a força muscular, mesmo sem hipertrofia (ganho de músculos) – proibida nessa fase. A prática também contribui para o aperfeiçoamento da coordenação motora e da execução dos movimentos, além de estimular a produção do hormônio do crescimento e testosterona.
“O músculo será treinado gradativamente, bem devagar, sem nenhuma perspectiva de ganho muscular. Você vai ter o músculo aprendendo a trabalhar com aquele peso. E, no futuro, quando essa criança chegar na puberdade e puder fazer a musculação mais pesada, a resposta do músculo vai ser muito mais rápida, porque ele já foi treinado”, explica Barros.
E quando a musculação pode ser mais intensa para crianças? Nas meninas, somente após a menarca, ou seja, depois da primeira menstruação, que acontece geralmente entre 12 e 13 anos. Já nos meninos, a musculação pesada só pode ser introduzida depois que atingirem o pico da velocidade de crescimento, que normalmente ocorre entre 13 e 15 anos.
Riscos de lesões
Como toda atividade, é preciso cuidado! A musculação é um exercício que também pode causar lesões nos ossos, nos músculos e nas articulações, se realizada de forma errada.
“Quando o exercício é mal feito, com cargas excessivas, por exemplo, pode causar a tendinite do cotovelo. Ao puxar peso acima do que a idade permite, pode causar lesões no ombro. Essas lesões osteomioarticulares são muito frequentes quando o exercício é mal executado, mas também quando o exercício é bem feito só que a pessoa exagera no peso”, exemplifica o médico Ricardo do Rêgo Barros.
O coordenador da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) ressalta ainda os riscos das lesões para o crescimento da criança.
“Há uma placa no osso no crescimento. Se tiver algum problema ali naquela placa, pode ter uma interrupção da altura original”, diz.