Florescer nos Países Baixos

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 30/01/2021 17:44

REDAÇÃO

PELO MUNDO    

Em meio às incertezas e aos desafios como imigrante, Rose evidenciou a força e a coragem para criar uma nova história

 

Reprodução/Foto-RN176 Rosemary com o marido, Mauricio, num típico jardim holandês

Quando saiu de Poços de Caldas, MG, Rosemary, conhecida pelos amigos como Rose, não imaginava que sua vida mudaria tanto. Decidida a trilhar uma nova história, em 2018, desembarca em Amsterdã, Países Baixos (antes, Holanda), famosa pelas encantadoras paisagens, seus 100 quilômetros de canais e 1.500 pontes; a capital das tulipas e das bicicletas. “Mauricio, meu namorado na época, aguardava a minha chegada. Eu nunca havia saído do Brasil, nem viajado de avião. Não sabia falar inglês e não conhecia ninguém. Utilizava o aplicativo de tradução do celular para tudo! Além disso, o clima frio foi um choque no início”, relembra.

Embora a vida em Minas Gerais fosse bastante diferente, foi ali que constitui a base para viver essa nova fase. “Venho de família simples de feirantes e sempre trabalhamos unidos, vendendo legumes e verduras. Meus avós iniciaram a prática budista e cresci em meio às atividades da BSGI, dedicando-me como líder da Divisão Feminina de Jovens (DFJ) e da Divisão dos Estudantes (DE), última função que assumi de coração aberto, acumulando muita boa sorte. Também me esforcei para cuidar da família, em especial da minha avó, que faleceu meses antes da minha viagem aos Países Baixos. Fiz o máximo que pude. Tudo o que sou hoje é devido à maravilhosa família que tenho e à família Soka. Sou muito grata!”, cita.

Rose já estava de passagem comprada quando ainda enfrenta uma verdadeira batalha contra a falta de confiança. “Eu nunca havia ficado longe da minha família e até o último momento ainda estava dividida. Recitei firme daimoku com o desejo de cumprir minha missão, não importando o local, e assim fiz a revolução da coragem no coração!” (risos)

Com tal convicção, Rose desbrava Amsterdã, e se supera. “Tive a boa sorte de conhecer uma brasileira que me ajudou a encontrar um trabalho. Para regularizar nossa situação, Mauricio deu entrada em seu passaporte europeu — processo que para mim durou dois anos. Então, a fase das descobertas havia passado e, com a rotina de trabalho exaustiva, a dificuldade com o idioma e a distância da família, pensei em desistir. Estava muito deprimida quando procurei a Soka Gakkai da localidade, e me lembro do alívio que senti ao ouvir o som do Nam- myoho-renge-kyo numa reunião”, relembra, emocionada.

Reprodução/Foto-RN176 Rose na primeira reunião com membros da SGI-Países Baixos

Evidenciar toda a força

Rose continua: “O desafio maior estava por vir quando engravidei, e na oitava semana de gestação, soubemos que o bebê não tinha mais batimentos cardíacos. Nós nos sentimos perdidos e fiquei em estado de choque. Mas recobrei a calma para contar aos meus pais. E com toda a sinceridade, recorri ao Gohonzon e às orientações de Ikeda sensei com a certeza de que venceria aquele momento. Buscamos ajuda em vários lugares tentando nos adequar aos protocolos holandeses que não me levavam a uma solução. Então, com a ajuda de uma amiga, quando já estava com doze semanas de gravidez, conseguimos encontrar um hospital que realizasse a retirada do feto. Estava diante de um misto de sentimentos, mas compreendi que a gravidez e a depressão me motivaram a me levantar ainda mais forte”.

Ela, que se casou em fevereiro do ano passado, conta que fez dessas experiências um novo ponto de partida: “Eu que cheguei a pensar que não ficaria ao menos uma semana neste país, sinto que estou cumprindo minha missão. Aqui fiz minha revolução humana, transformando sofrimento em felicidade. A Rose inexperiente que saiu de Minas Gerais se tornou uma pessoa mais confiante e independente. Tudo o que conquistei é fruto desse esforço. Hoje, tenho mais tempo livre no trabalho e consigo me manter financeiramente, o que me dá a chance de contribuir para o kosen-rufu de todas as formas e também ajudar a minha família. Até mesmo consegui viajar para o Brasil para visitá-los. Estou muito feliz e, da mesma forma, quero construir uma família unida que contribua para a felicidade das pessoas. Esse é o tesouro mais valioso que alguém pode ter”, finaliza.