Florescimento do humanismo

ROTANEWS176 10/05/2025 11:45                                                                                                                              NOVA REVOLUÇÃO HUMANA                                                                                                                                  Por Ho Goku

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração da matéria – Ilustrações: Kenichiro Uchida

Parte 33

Em resposta aos elogios de Shin’ichi aos seus méritos, Mandela disse:

— Obrigado pelas calorosas boas-vindas. O senhor é uma pessoa internacionalmente renomada e bem conhecida em meu país. Seu papel como líder de uma organização que cria “valor duradouro” para a humanidade e integra as pessoas com esse valor é muito importante para o mundo.

Além disso, acrescentou, com sorriso no rosto:

— Desde que ouvi pela primeira vez sobre o senhor e sobre a SGI, desejava encontrá-lo sem falta. E agora que vim ao Japão, não poderia retornar sem vê-lo.

Em seguida, com brilho nos olhos, declarou:

— Meu encontro com o senhor é fonte de iluminação, força e esperança.

Um grande líder valoriza o diálogo e utiliza tudo o que este tem a oferecer como combustível para maior crescimento e desenvolvimento.

Agradecendo a Nelson Mandela pelas suas palavras cordiais, Shin’ichi louvou o líder sul-africano por suas intensas viagens pelo mundo após ser libertado da prisão, para reunir apoio internacional ao movimento antiapartheid. Mandela havia visitado mais de trinta países na África, na Europa e na América do Norte, encontrando-se com seus líderes. E agora, ele estava fazendo o mesmo na Ásia e na Oceania.

Com o intuito de oferecer apoio sustentável ao movimento anti-apartheid, Shin’ichi apresentou diversas sugestões, como receber estudantes do Congresso Nacional Africano, jovens encarregados do futuro da África, na Universidade Soka, e convidar artistas da África do Sul para se apresentar no Japão por intermédio da Associação de Concertos Min-On. Também propôs realizar uma exposição com o título provisório de Apartheid e os Direitos Humanos que, em cooperação com organismos internacionais apropriados, poderia ser apresentada em várias partes do mundo. E ainda, inaugurar uma exposição de fotografias sobre o tema antiapartheid e seminários sobre direitos humanos, abordando temas com o mesmo assunto em diversas regiões do Japão.

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração da matéria – Ilustrações: Kenichiro Uchida

Essas sugestões vinham de sua profunda convicção sobre a importância de promover a amizade entre Japão e África do Sul por meio de intercâmbios culturais e educacionais, como também elevar a consciência das pessoas sobre o apartheid, expandindo ondas de proteção aos direitos humanos no Japão e no mundo.

Somente com a reforma da consciência das pessoas é que se pode descortinar o “século dos direitos humanos”.

Parte 34

Shin’ichi Yamamoto expressou que, em sentido mais amplo, as ações de Mandela o caracterizavam como um grande educador humanista. Assim, a Universidade Soka desejava reconhecer seus esforços concedendo-lhe a homenagem “Suprema Honra ao Mérito” dessa instituição. A honraria foi entregue às mãos de Mandela pelo reitor da Universidade Soka que também estava nesse encontro.

O presidente Yamamoto observou ainda que a África do Sul é conhecida como um rico celeiro de flores, que reúne mais de 7 mil espécies de plantas na região do Cabo. Então, apresentou a bela expressão “flores humanas”, mencionada no Sutra do Lótus, o monarca das escrituras budistas.

“Flores humanas” são citadas no capítulo 5, “Parábola das Ervas Medicinais”, do Sutra do Lótus. Nesse capítulo, os diversos seres vivos, cada qual com sua qualidade e capacidade, e os ensinamentos do Buda são comparados, respectivamente, a diversificadas plantas e à chuva que cai para nutri-las de forma imparcial. Essa analogia elucida o florescimento da natureza de buda, igualmente, em todos os seres vivos.

Conforme exemplificado no Sutra do Lótus, desde a sua origem, o budismo lutou contra todas as formas de discriminação. Rejeitou a distinção devido a castas ou classes sociais, à raça, à etnia, à nacionalidade, à religião, à profissão ou à origem das pessoas. Por essa razão, o budismo sofreu numerosas perseguições por instituições e autoridades.

Nichiren Daishonin afirma que “…nasceu numa família chandala”, identificando-se como alguém de classe marginalizada, alvo de discriminação. A partir de uma posição social inferior, ele lutou para propagar a filosofia budista de absoluta igualdade entre as pessoas.

Shin’ichi enfatizou que a SGI, refletindo a história do budismo, de luta pelos direitos humanos, promove o movimento pela paz, cultura e educação com base na filosofia budista aberta às pessoas. E acrescentou que, da perspectiva de longo prazo, estava claro que a causa para o desenvolvimento da nação se encontrava na educação, pois o aumento de indivíduos conscientes e com intelecto faz com que um número maior de pessoas seja capaz de enxergar a realidade da sociedade e distinguir o certo do errado e o bem do mal.

Shin’ichi dedicou, ainda, um poema ao herói dos direitos humanos da África do Sul, expressando seu respeito e sua admiração. Em um trecho consta:

Permita-me dedicar-lhe

o mais alto louvor,

pela sua extraordinária

força de espírito,

pela sua indomável convicção.

E, com o mais profundo respeito, eu o clamo,

meu amigo espiritual,

que avança pelo

caminho do humanismo

com altivo orgulho de ser

a consciência da África.

Parte 35

Ao término da leitura do poema enviado a Mandela pelo intérprete, Shin’ichi Yamamoto se levantou e trocou forte aperto de mãos com o “guerreiro dos direitos humanos”.

Shin’ichi disse então a Mandela, que segurava suas mãos com profunda emoção:

— Nunca se esqueça de que possui amigos no Japão e também em todo o mundo. No futuro, deverá aumentar ainda mais o número dessas pessoas.

Também disse a ele que havia ficado profundamente impressionado com as palavras finais do seu discurso, logo após a sua libertação da prisão, em fevereiro de 1990. Foram palavras ditas originalmente pelo próprio Mandela no seu julgamento, 26 anos antes, em 20 de abril de 1964. Shin’ichi leu em voz alta:

— “Lutei contra o domínio dos brancos. Lutei também contra o domínio dos negros. Acalento em meu coração o ideal de uma sociedade democrática e livre na qual todas as pessoas vivam juntas em harmonia com a igualdade de oportunidades. Esse é o ideal pelo qual vivo com a esperança de realizá-lo. Porém, se necessário, estou preparado a dar a vida por esse ideal”. Essa declaração resume o espírito de Mandela. Eu também estou caminhando pela estrada do guerreiro da paz, dos direitos humanos e da justiça, razão pela qual essas palavras ressoam profundamente em meu coração.

Mandela disse-lhe:

— Nossa grande colheita no dia de hoje são suas palavras de sabedoria. Medalhas podem ser destruídas; certificados de homenagem podem ser queimados. Palavras de sabedoria, no entanto, são imperecíveis. Nesse sentido, hoje recebi um presente que supera qualquer medalha ou homenagem. Ouvindo suas palavras, vamos sair daqui como pessoas melhores do que quando chegamos. Jamais o esquecerei.

Shin’ichi respondeu:

— Minha gratidão é ainda mais profunda.

Um genuíno diálogo é fonte de mútua inspiração e iluminação.

Parte 36

O diálogo entre Nelson Mandela e Shin’ichi Yamamoto prosseguiu animadamente e os cinquenta minutos previstos para o encontro se passaram num piscar de olhos. Caminhando juntos após o encontro, Shin’ichi declarou:

— Todos os grandes líderes sofrem perseguições, isso é uma constante na história. A grandiosidade da pessoa surge da superação e da vitória na luta contra tais perseguições. Creio que os ataques insidiosos ainda continuem daqui para a frente, mas a verdadeira justiça será comprovada daqui a cem ou duzentos anos. Por favor, cuide bem de sua saúde!

Eram palavras que Shin’ichi as dedicava também a si mesmo. O coração desses dois homens, ambos lutando pela felicidade da humanidade, ressoava calorosamente um pelo outro.

Após esse encontro com Nelson Mandela, Shin’ichi continuou sua diplomacia humanística visando à paz ainda mais vigorosamente. Cada encontro era um esforço sincero para estimular a inspiração mútua pela comunicação no nível mais profundo.

Em novembro de 1990, um mês após o encontro com Nelson Mandela, Shin’ichi encontrou-se sucessivamente com diversos outros líderes africanos, entre os quais o ex-presidente Yakubu Gowon, da Nigéria, e o presidente Kenneth Kaunda, da Zâmbia.

Ainda no mesmo mês, manteve diálogos com o presidente Zhelyu Zhelev, da Bulgária, e o presidente Turgut Özal, da Turquia. No ano seguinte, em 1991, encontrou-se com a presidente Corazon Aquino, das Filipinas; com o primeiro presidente da Alemanha unificada, Richard von Weizsäcker; com o primeiro-ministro britânico John Major; e com outros líderes.

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração da matéria – Ilustrações: Kenichiro Uchida

O diálogo de pessoa a pessoa compartilhando a esperança pela paz e unindo mutuamente os corações é o caminho espontâneo e gradativo para a solução dos problemas. Um verdadeiro diálogo deve conti-nuar até produzir resultados, o que exige perseverança e tenacidade.

Em contrapartida, a atitude radical da não aceitação de questionamentos é agressiva e denota fraqueza interior da pessoa. Portanto, nada mais é que uma declaração de derrota da natureza humana, que no final tende à dependência da violência e de outras formas de coerção para atingir os fins.

A união do coração das pessoas pelo diálogo é a força para criar uma rede pela paz.

O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO