Foca e equilibra

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 12/12/2020 11:05

CONHEÇA O BUDISMO                                                                                                                   

O princípio budista de “fusão da realidade e da sabedoria” explica que, ao basear a vida na recitação do daimoku, surge a condição necessária para viver feliz

UNINDO AS PEÇAS

É muito comum os veteranos da Soka Gakkai Internacional (SGI), ao incentivarem as pessoas a praticar corretamente o Budismo de Nichiren Daishonin, destacarem a importância de recitar daimoku e fazer gongyo diariamente, bem como ensinar essa prática para os outros. Mas, por que enfatizam tanto o ponto de orar pela manhã e à noite, infalivelmente? O esclarecimento para isso está no princípio budista de “fusão da realidade e da sabedoria” (kyochi-myogo).

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração – Editora Brasil Seikyo – BSGI

A explicação básica e mais direta para esse princípio refere-se à junção da realidade objetiva com a sabedoria subjetiva. De forma simplificada, o que isso significa? Com a recitação diária do gongyo e do daimoku, alcançamos a suprema condição de buda, fonte de sabedoria, coragem e esperança ilimitadas. Kyo corresponde à “realidade objetiva”, enquanto chi significa a “sabedoria subjetiva”. Myogo, literalmente, é “fusão”. Esse princípio explica que a sapiência do estado de buda se manifesta na vida diária.

BRLHO HUMANO

Ao estudarmos o princípio de “fusão da realidade e da sabedoria”, percebemos que a recomendação de “não falhar na prática diária” ou de “pôr a prática budista no centro da vida” não são meras cobranças ou orientações comuns e repetitivas. Essas ações formam a base da vida de um budista e somente pondo-as em prática é que manifestamos essa extraordinária condição de buda. É como polir diariamente a nossa vida, eliminando a poeira que a encobre, e permitir que o brilho verdadeiro do ser humano surja e ilumine o mundo. Essa poeira nos faz acreditar que o mais importante são os desejos comuns, mas, sem sabedoria, eles podem e tiram o foco do que é essencial: alcançar o estado de buda.

EQUILÍBRIO

A ideia de eliminar da vida os “desejos mundanos” para que a pessoa conquiste a verdadeira felicidade é uma visão equivocada. O buda Shakyamuni ensina, a partir dos registros do Sutra do Lótus, que esses desejos e a iluminação são uma coisa só, pois ambos têm origem na vida humana.1

Obviamente, é preciso compreender o porquê de desejar algo. A intenção real de conquistar algum bem, por exemplo, deve estar alinhada com nobres objetivos de vida ensinados no budismo. Daí a necessidade de manter a prática diligente: manifestar o máximo da sabedoria de buda para conduzir a vida de forma digna.

MENTE ABERTA

No escrito Desejos Mundanos São Iluminação, o buda Nichiren Daishonin ensina sobre essa fusão e elucida que se a pessoa tem como base a recitação do Nam-myoho-renge-kyo, todas as suas vontades naturalmente funcionarão como fatores para proporcionar a felicidade dela e das demais pessoas. Num trecho desse escrito consta: “O Sutra Mérito Universal declara: ‘Sem ter de eliminar os desejos mundanos nem se livrar dos cinco desejos, as pessoas podem purificar todos os seus sentidos e erradicar todas as suas faltas’.”2

COMO APLICAR NA VIDA DIÁRIA

Para compreender como esse princípio se aplica em nosso desenvolvimento, precisamos exercitar a reflexão, a partir de questões práticas como a vida profissional, por exemplo. Pense em seu propósito real enquanto profissional e, por fim, analise sua postura na rotina e na condução de suas atividades no trabalho.

Pronto! Se você respondeu que conduz sua vida profissional com o objetivo de prosperar financeiramente, mas também com o desejo de colaborar de forma positiva para o desenvolvimento social, está aplicando, na verdade, o princípio de “fusão da realidade e da sabedoria”.

Certa vez, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, declarou: “O presidente Josei Toda dizia frequentemente: “Se ser um marceneiro é sua realidade, então trabalhar arduamente para fazer seu negócio prosperar é a manifestação da fusão da realidade e da sabedoria”.3

O conceito de prosperidade aqui adquire significado bastante amplo, pois reúne em si tanto os bens financeiros como os esforços para ser útil aos outros e conquistar um coração forte.

GOHONZON: SÍMBOLO DESSA FUSÃO

Em seus estudos, Nichiren Daishonin definiu o Nam-myoho-renge-kyo como a lei máxima da vida cuja recitação possibilita realizar essa fusão. Como representação dessa união, ele inscreveu o Gohonzon, incorporando nele a própria iluminação. Dessa maneira, quando recitamos daimoku com profunda fé diante do Gohonzon, “fundimos” a realidade objetiva (Gohonzon) com a sabedoria subjetiva (nossa vida)

Apesar de compreender o Gohonzon como representação dessa fusão, jamais se esqueça de que ele está dentro de você, pois, como vimos anteriormente, a Lei Mística representa a própria vida. Pensar diferente disso é acreditar em algo que não é Budismo Nichiren, conforme consta em outro escrito do Buda, no qual ele afirma:

A vida em cada momento abarca o corpo, a mente, o sujeito e o meio ambiente dos seres sensíveis nos dez mundos. (…) A vida em cada momento permeia todos os fenômenos e é revelada neles. Despertar para este princípio corresponde à relação mútua e inclusiva de um único momento da vida e todos os fenômenos. Contudo, mesmo que recite e acredite no Myoho-renge-kyo, se pensa que a Lei existe fora de seu coração, o senhor não está abraçando a Lei Mística, mas um ensinamento inferior.4

CONCLUSÃO

Não existe budismo distante da vida diária, por isso o princípio budista de “fusão da realidade e da sabedoria” indica a união desses dois aspectos, os quais, na verdade, são um só. Por meio desse ensinamento, aprendemos que é importante dedicar esforços na prática diária de recitação do gongyo e do daimoku com profunda fé, conquistando sabedoria e força para conduzir da melhor forma todas as questões do dia a dia. O presidente Ikeda assegura:

Quando oramos ao supremo objeto de devoção — o Gohonzon — o princípio budista de “fusão da realidade e da sabedoria” é colocado em prática. A “realidade objetiva” do Gohonzon e a “sabedoria subjetiva” de nossa mente fundem-se no nível mais profundo. Em outras palavras, a oração constitui uma fusão da Lei fundamental do universo e da nossa mente.5

Notas:

  1. Cf. CEND, v. I, p. 336-337.
  2. CEND, v. I, p. 335.
  3. Brasil Seikyo, ed. 2.074, 5 mar. 2011.
  4. CEND, v. I, p. 3.
  5. Brasil Seikyo, ed. 1.516, 24 jul. 1999.

Fontes:

A Fusão da Realidade e da Sabedoria. Brasil Seikyo, ed. 1.419, 28 jun. 1997.

O Tema é: Fusão da Realidade e da Sabedoria. Brasil Seikyo, ed. 1.843, 13 maio 2006.

Faça Brilhar o Estado de Buda em sua Vida Diária. Brasil Seikyo, ed. 2.074, 5 mar. 2011.

Sabedoria para Conduzir a Vida. Terceira Civilização, ed. 456, jun. 2006.

As Bases para Atingir o Estado de Buda. Terceira Civilização, ed. 493, set. 2009.