ROTANEWS176 E POR OH 20/08/2020 00:41
Reprodução/Foto-RN176 ESQUERDA: Os restos mortais do gigante recentemente encontrados. DIREITA: Retrato de Joaquín Eleisegui, xilogravura de Pablo Alabern.
A Aranzadi Science Society descobriu os restos do esqueleto do gigante Alzo, que se acreditava terem sido roubados. É sobre um homem que viveu no século XIX e cuja altura de 2,40 metros o tornou um personagem muito popular de sua época.
As lendas acabaram, os restos mortais do gigante nunca foram comprados pelos ingleses, nem roubados. Miguel Joaquín Eleicegui, como o seu nome era, residiu desde o início na terra onde nasceu: Alzo, um pequeno município da província de Guipúzcoa (País Basco, Espanha).
Na sexta-feira passada, por volta das 16h15, hora local, os membros da equipe da Sociedade de Ciência de Aranzadi que trabalharam no cemitério de forma totalmente voluntária, encontraram os primeiros ossos de Eleicegui, morto de tuberculose pulmonar em 1861, a 43 anos. Ele não estava no túmulo da família, mas no ossário da igreja vizinha de San Salvador, fato que, segundo Karlos Almortza, de Aranzadi, aponta para a possibilidade dos restos mortais do gigante terem sido escondidos propositalmente para evitar saqueadores.
O pesquisador informou sua hipótese:
Pode ser que sua família ou parentes os tenham transferido para o ossário, a fim de protegê-los e então inventaram a farsa de que foram roubados para desencorajar qualquer tentativa de saques.
Uma das surpresas para os responsáveis pela escavação foi o ‘bom estado’ dos ossos. Lourdes Herrasti, co-diretora do projeto, destacou esse detalhe depois de quase 160 anos no subsolo e de ter sido uma fonte de sofrimento para Eleicegui na vida: costumava reclamar de fortes dores e o fazia por um bom motivo, porque – à primeira vista – os pesquisadores notaram nos ossos ‘osteoartrite e osteoporose avançadas’.
Herrasti explicou ainda que “toda a história foi corroborada: ele nunca saiu de Alzo, sempre se hospedou aqui com os vizinhos. Portanto, todas as lendas não fazem sentido.
Reprodução/Foto-RN176 Paco Etxeberria descobre o painel em que foram colocados os restos mortais do Gigante de Alzo.
Os ossos, que segundo representantes de Aranzadi apareciam no ossário em posição ‘denotando certo cuidado’, eram claramente maiores. Restos suficientes foram recuperados para fazer ‘uma representação’ do esqueleto, incluindo ‘os grandes ossos das extremidades superiores e inferiores’ e a mandíbula proeminente.
É verdade que o resultado final ainda está pendente nos testes de DNA, mas a grande diferença no comprimento dos ossos encontrados – por exemplo, um fêmur de 64 cm – em relação aos de uma pessoa de estatura média parece mostrar que Miguel Joaquín Eleicegui pôde finalmente descansar em casa.
O gigante Alzo em vida
Este cidadão nascido em 1818 era popularmente conhecido por sua estatura. Estima-se que tenha atingido 2,40 metros e, por isso, foi exibido por metade da Europa e recebido por personalidades de cada país: Rainha Isabel II de Espanha, Maria II de Portugal ou Vitória do Reino Unido.
Ele era uma atração circense pelas suas dimensões inusitadas: a envergadura também chegava a 2,42 metros, os pés media 42 centímetros e pesava cerca de 200 quilos.
O seu gigantismo (ou acromelagia) levou-o à fama naquela época e esta fama foi relembrada em 2017, quando os realizadores bascos Aitor Arregui e Jon Garaño estrearam a sua história em Handia.
O filme relembra suas viagens de um lugar a outro para ser exibido e suas tentativas de fazer par com uma mulher inglesa de estatura semelhante. O filme ganhou 11 prêmios Goya e trouxe a biografia de El Gigante Español para quem não a conhecia.