ROTANEWS176 E POR PARCERIA LANCE &ISTOÉ 26/06/21 10h14
A ‘Bicicleta de Pelé’, de Alberto Ferreira, é eternizada em tecnologia NFT. Objetivo é que maior parte da renda do leilão dê auxílio a pessoas carentes na cidade natal do fotógrafo
Reprodução/Foto-RN176 Foto da bicicleta de Pelé em jogo no Maracanã será leiloada; lance mínimo é de US$ 1 milhão. Entenda! (Crédito: Alberto Ferreira)
Mesmo longe dos gramados, Pelé pode se tornar símbolo de um novo recorde. O registro em tecnologia NFT do momento no qual o fotógrafo Alberto Ferreira capturou a “Bicicleta de Pelé” na goleada por 5 a 0 do Brasil sobre a Bélgica, em 1965, entrará em breve em leilão, com lance mínimo estimado em US$ 1 milhão.
– Meu pai foi o fotógrafo mais premiado do Brasil. O registro desta bicicleta era um orgulho para ele e já fazia parte do mercado de arte há muitos anos, mas com a novidade da tecnologia NFT (tokens não fungíveis), uma empresa chamada AZ Token’s entrou em contato comigo e dei permissão para este tipo de tecnologia, dos tokens, utilizá-la. Ora, já foi vendida anteriormente uma imagem de Cristiano Ronaldo a US$ 290 mil. Quanto valeria uma imagem do Pelé? Duas casas de leilão me procuraram para fazer o acordo. O lance mínimo é de US$ 1 milhão, mas acreditamos que podemos alcançar um valor mais alto – afirmou Carlos Ferreira, filho de Alberto Ferreira, que já tem um investimento em vista:
– A maior parte do valor arrecado irá para a Fundação Alberto Ferreira, que fica em Alagoa Grande, cidade natal do meu pai. A ideia é permitir que as crianças do brejo paraibano tenham futuro de acordo com suas habilidades e potenciais. O mais importante é reverter para o bem isso tudo, e deixar registrado o trabalho do meu pai – complementou.
REGISTRO DE PLACA: A HISTÓRIA EM TORNO DA FOTO
Em 2 de junho de 1965, a Seleção Brasileira encarou a Bélgica no Maracanã. Munido de sua câmera Leika, Alberto Ferreira ficou atrás de uma das metas e foi tirando as fotos. Até Pelé saltar e a imagem de sua tentativa de bicicleta entrar para a posteridade.
– Meu pai sempre teve muito orgulho desta fotografia. No ano seguinte, quando veio a Copa de 1966, ele começou a estampá-la em algumas camisas e levou na bagagem para a Inglaterra. E as pessoas trocavam por algum objeto ligado ao país de origem delas. Foi assim que a foto começou a rodar o mundo – recordou Carlos Ferreira.
Em seguida, o filho de Alberto Ferreira contou outra peculiaridade que foi vista como essencial para a foto ser registrada.
– Sempre me diziam que, diferentemente dos outros, que se ajeitavam para fotografar, o meu pai assistia à partida com o olho dentro do visor da Leika M3 – revelou.
Há uma curiosidade em torno desta foto em torno do desfecho da jogada.
– É uma foto que teve impacto, foi utilizado de diversas formas, mas o Pelé não fez o gol! E olha que a Seleção fez um grande jogo naquele dia. Foi uma goleada por 5 a 0, com o Pelé fazendo três gols (Flávio e Rinaldo completaram o triunfo) – disse.
DE GOLEIRO FRUSTRADO A ‘PELÉ DA FOTOGRAFIA’: A HISTÓRIA DE ALBERTO
O futebol fez parte da vida de Alberto desde cedo. Porém, em vez da fotografia, ele estava dentro de campo inicialmente e lutou por seu sonho em um clube de tradição.
– Ele chegou a ser goleiro no Botafogo-PB e tinha como sonho jogar no Maracanã. Veio para o Rio, conseguiu uma oportunidade no Flamengo, mas no dia ele ficou muito nervoso, falhou mais de uma vez e acabou reprovado como goleiro – lembrou Carlos.
Sem chance nos campos, Alberto trocou as luvas pela câmera. E fez história na fotografia.
– Meu pai foi editor de fotografia do “Jornal do Brasil” entre 1963 e 1989. Foi o fotógrafo mais premiado do país. Além disto, foi a Copas do Mundo entre 1962 e 1986, cobriu sete Jogos Olímpicos e tem outras grandes imagens de astros do esporte, entre eles o Emerson Fittipaldi, além de ter registrado a construção de Brasília, artistas… – destacou.
Inusitadamente, Alberto Ferreira ganhou um epíteto digno de “Rei”.
– Diziam que ele era o “Pelé da fotografia”. Ele fotografou a queda da Nadia Comaneci na Olimpíada de 1980, tem registros de Garrincha, Gerson, Zico… Ele fotografou o momento no qual Pelé sentiu a lesão contra a Tchecoslováquia na Copa de 1962. Pensamos em colocar na tecnologia NFT outros registros posteriormente – destacou.
O destino do fotógrafo, que morreu em 2007, também se cruzou diversas vezes com o do “Rei do Futebol”.
– Ah, ele estava na excursão do Santos na qual a equipe parou uma guerra. Muitos jornalistas também foram. O convívio que meu pai teve durante o período no qual Pelé jogou rendeu outros registros hoje impensáveis: Pelé jogando fliperama, tomando café sozinho em Paris sem ser incomodado. Viraram relíquias essas fotos – disse.
Carlos Ferreira se mostra tranquilo quanto à autorização da comercialização da imagem da bicicleta em tecnologia NFT.
– Vai fazer parte da minha família para sempre. A ideia é que o nome de Alberto Ferreira seja associado a um legado para as pessoas de Alagoa Grande – declarou.