Fundador da Embraer, Ozires Silva recebe importante condecoração aeronáutica

ROTANEWS176 E POR AIRWAY 19/02/2021 09:50

Ozires Silva é o primeiro brasileiro a receber a medalha Guggenheim do Instituto Americano de Aeronáutica e Astronáutica

Reprodução/Foto-RN176 Doutor Ozires Silva e uma de suas principais obras, o Embraer Bandeirante (Ricardo Meier)

Maior lenda vida da aviação brasileira, o engenheiro Ozires Silva, um dos fundadores da Embraer, se tornou o primeiro brasileiro a receber a medalha Guggenheim, uma das mais significativas condecorações internacionais de engenheira aeronáutica do mundo. A comenda é concedida pelo Instituto Americano de Aeronáutica e Astronáutica (AIAA, na sigla em inglês).

“Este distinto reconhecimento ao engenheiro Ozires Silva reflete suas excepcionais e inovadoras contribuições para a aviação. Sua paixão, coragem e liderança abriram caminho para que a Embraer se expandisse de forma que poucos imaginavam, transformando a aviação regional e levando a nossa empresa a ser admirada globalmente. É uma honra e um grande privilégio para mim e para todos os meus colegas da Embraer sermos inspirados diariamente por sua visão pioneira e espírito inovador”, disse Francisco Gomes Neto, Presidente e CEO da Embraer.

A medalha Daniel Guggenheim foi criada em 1929 como uma premiação internacional com o propósito de reconhecer pessoas que tiveram conquistas notáveis no campo aeronáutico. A nomeação é realizada por um conselho de especialistas do AIAA, American Society of Mechanical Engineers (ASME), SAE International e Vertical Flight Society, dos Estados Unidos.

Ozires Silva agora está ao lado de grandes personalidades da aviação que também receberam a medalha Guggenheim no passado, como William E. Boeing, Lawrence D. Bell, Leroy R. Grumman, Igor Sikorsky, Charles Lindbergh, James S. McDonnell, Marcel Dassault, entre outros.

Doutor Ozires

Nascido em Bauru (SP) em 8 de janeiro de 1931, Ozires Silva iniciou sua carreira na aviação em 1948 ao ingressar da Força Aérea Brasileira (FAB), onde recebeu sua licença de piloto militar. Mudou-se para São José dos Campos (SP) para ingressar no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em 1959, graduando-se em Engenharia Aeronáutica em 1962.

Após a graduação no ITA, passou a liderar o Departamento de Aeronaves do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da FAB. Em 1965 iniciou o projeto IPD-6504, que se tornaria depois o avião Bandeirante, o primeiro produto da Embraer. O “Doutor Ozires”, como é conhecido, liderou a Embraer entre os anos de 1970 até 1986 e retornou em 1992, para presidir a companhia durante o processo de reestruturação até sua privatização em dezembro de 1994.

Reprodução/Foto-RN176 O Primeiro voo do Embraer EMB-110 Bandeirante

O CTA – Centro Técnico Aeroespacial, dentro do qual havia formou-se uma equipe de projeto liderada inicialmente pelo projetista francês Max Holste, com a supervisão do então engenheiro aeronáutico Ozires Silva (que acabaria sendo o grande líder do programa), com a missão de desenvolver a aeronave.
O primeiro voo ocorreu em 26 de outubro de 1968, e após algumas revisões do projeto (já sob a liderança de Ozires Silva), o modelo entrou em serviço em 16 de abril de 1973.

Em grande parte, foi graças ao programa do Bandeirante, que Ozires Silva conseguiu os argumentos necessários para superar muitos desafios e obstáculos e viabilizar o seu objetivo – a fundação de uma empresa brasileira fabricante de aeronaves, a EMBRAER.

Além de ter sido o modelo “lançador” da EMBRAER, o heroico Bandeirante registrou diversos marcos históricos para a indústria aeronáutica brasileira:

– em 1975, tornou-se a primeira aeronave brasileira a ser exportada, com a aquisição de dois exemplares pela Força Aérea do Uruguai;
– em 1977, houve a primeira venda do Bandeirante para um operador civil, que foi também a primeira exportação de um avião brasileiro comercial, para a companhia aérea francesa Air Littoral;
– foi a primeira aeronave projetada e construída no Brasil a ser operada comercialmente por outras nações, incluindo os EUA e diversos países da Europa;
– em 2008, 40 anos depois de seu primeiro voo, o Bandeirante era ainda operado comercialmente em 18 países (incluindo EUA e Reino Unido), em 45 diferentes companhias aéreas;

Hoje, o protótipo n.° 1 está em exposição no Museu Aeroespacial do Campo dos Afonsos (MUSAL), no Rio de Janeiro.