Gravar no coração o juramento de “contínuas vitórias”

ROTANEWS176 25/01/2025  09:30                                                                                                                              NOVA REVOLUÇÃO HUMANA                                                                                                                                    Por Daisaku Ikeda

 

Reprodução/Foto-RN176 Ilustração do ensaio da Ginástica Montada no Colégio Soka de Kansai. IlustraçõesKenichiro Uchida.

Parte 5

Foi no dia 6 de março, em meio aos ensaios da ginástica montada, que Koji Ueno sentiu um mal-estar e foi levado ao pronto-socorro. Embora tenha retornado a casa, foi internado novamente devido às frequentes perdas de consciência. E, em meio às falhas de consciência, repetia: “Meu melhor amigo se levantará no topo da torre de seis andares…”.

Por fim, perdeu completamente a consciência e foi transferido para um centro de terapia intensiva. Em sua visita ao hospital, Hiroyuki Kikuta o carregou nos braços e o colocou sobre uma maca. Nessa ocasião, em voz baixa, mas de forma nítida, Ueno murmurou: “Tornar possível o impossível!”.

Essas foram as últimas palavras de Ueno.

Ele foi diagnosticado com um tipo de acidente vascular cerebral chamado “hemorragia subaracnoide primária” e sua respiração cessou no dia 13. Porém, sua vida foi prolongada por quatro dias por meio de respiração artificial, e ele recebeu o 16 de Março, Dia do Kosen-rufu. Faleceu serenamente na tarde do dia seguinte, 17. No cabide próximo à sua cabeceira estava o uniforme azul que vestiria no festival cultural.

Diante do corpo do seu falecido amigo, Kikuta jurou: “Koji! Farei o melhor por você também!”.

No dia 18, com a foto de Ueno em seu peito, Kikuta se dirigiu ao local de ensaio no ginásio de esportes do Colégio Feminino Soka (a partir do mês de abril daquele ano, o nome mudou para Colégio Soka de Kansai) em Katano, Osaka. Até então, não haviam conseguido levantar os seis andares, mas nesse dia, pela primeira vez, ergueram a dificílima torre.

Não só aos membros que estavam no Colégio Soka, mas a todos os participantes da ginástica montada que se dedicavam aos ensaios em outros locais, foram transmitidas a notícia do falecimento de Ueno e a dispo­sição indomável contida na declaração dele de “tornar possível o impossível!”. O coração dos 4 mil jovens da ginástica montada se uniu em uma só chama.

Gravando as últimas palavras de Ueno em seu coração, Kikuta desafiou o limite da própria força e, literalmente, tornando possível o impossível, realizou uma apresentação espetacular. A Soka Gakkai homenageou Ueno com o título “responsável honorário pela Divisão Masculina de Jovens de regional”. Relembrando-o, a mãe de Ueno refletiu: “Quando estudava no oitavo ano do ensino fundamental, meu filho estava à beira da morte devido a uma doen­ça chamada púrpura. Pensando agora nisso, sinto profundamente que sua vida foi prolongada graças ao Gohonzon”.

Reprodução/Foto-RN176 Apresentação da Ginástica Montada da Divisão Masculina de Jovens – IlustraçõesKenichiro Uchida

Parte 6

Na carta enviada a Shin’ichi Yamamoto, a esposa de Koji Ueno escreveu: “Meu esposo, que lutou contra o seu destino, apresentava um rosto belo e puro como o de uma criança. Ele faleceu convencendo a todos nós do significado da prática da fé e a luta contra o destino. E nos ensinou com a sua vida, dando tudo de si até o final”.

Além disso, quando os figurantes do 1o Festival Cultural pela Paz dos Jovens de Kansai decidiram registrar a decisão com a assinatura de todos, houve o desejo de eternizar o nome de Koji. Assim, sua esposa escreveu o seguinte, gravando o coração do seu marido: “Kosen-rufu é minha vida! Koji Ueno, responsável honorário pela Divisão Masculina de Jovens de regional”.

Recebendo tal comunicação, Shin’ichi ofereceu orações em memória de Ueno e enviou daimoku para que sua esposa se empenhasse, inclusive pelo marido, em prol do kosen-rufu, orando para que ela tivesse uma existência feliz.

Os figurantes do festival cultural eram, em sua maioria, de uma geração de jovens que não gostavam de atividades organizacionais nem de intensos treinamentos. Eram extremamente atarefados no trabalho ou na escola. Para eles, participar do festival era uma batalha contra a própria fraqueza interna e uma luta contra o tempo. Nessas circunstâncias, dedicaram-se à recitação do daimoku, persistiram no desafio a si próprio com base na fé, e se incentivaram mutuamen­te para que não desistissem.

Nesse drama da revolução huma­na surgiram inúmeras histórias de amizade. Com o festival cultural, os jovens aprenderam o espírito da Soka Gakkai, de desafio contra as adversidades, incorporando-o na vida e, dessa forma, herdaram o indomável espírito de Kansai, de romper as barreiras do impossível.

De onde surgiu o “espírito de Kansai”?

O sentimento de Josei Toda era o de “eliminar a miséria e a doença de Osaka e de tornar todas as pessoas felizes, sem exceção”.

Para realizar esse desejo, Josei Toda enviou seu discípulo Shin’ichi Yamamoto como seu representante a Kansai. Shin’ichi assumiu a liderança do kosen-rufu incorporando o coração do mestre percorrendo as terras de Kansai. E, em maio de 1956, concretizou a propagação a 11.111 novas famílias num único mês no Distrito Osaka, reverberando o prelúdio da canção triunfal do povo.

Reprodução/Foto-RN176 Josei Toda e Daisaku Ikeda. Da dir. para esq.,  Dr. Daisaku Ikeda, foi o terceiro e último presidente da SGI ele foi um filósofo, escritor, fotógrafo, poeta e líder budista da SGI e Josei Toda foi o segundo presidente da Soka Gakkai – Ilustrações: Kenichiro Uchida

Em julho de 1956, a Soka Gakkai apresentou, pela primeira vez, candidatos para a eleição nacional da Câmara Alta. Como responsável máximo pelas atividades de campanha no Distrito Osaka, Shin’ichi Yamamoto conquistou uma extraordinária vitória elegendo um candidato. Foi uma grandiosa vitória dramática, revertendo a previ­são da maioria de que a “eleição [do candidato] era impossível”. Os jornais noticiaram em manchete: “O impossível foi realizado!”.

Em 3 de julho do ano seguinte, de 1957, Shin’ichi foi preso sob falsa acusação de violação de leis eleitorais na campanha para a eleição suplementar para a Câmara Alta no
distrito de Osaka em abril daquele mesmo ano. Foi o chamado Incidente de Osaka, um ato de repressão das autoridades que temiam o levantar de uma nova força popular. Os membros ficaram indignados.

Em 17 de julho, aconteceu o Encontro de Osaka no auditório público central da cidade, em Nakanoshima, para protestar contra as ações da polícia de Osaka e do Ministério Público do distrito de Osaka. Uma multidão se aglomerou, inclusive na parte externa do auditório, o qual não comportava tanta gente. De repente, começou uma chuva torrencial com relâmpa­gos atravessando o céu. Os que se encontravam na parte externa, debaixo de chuva, tentavam ouvir, atentamente, as vozes que fluiam dos alto-falantes instalados especialmente para a ocasião. Havia também senhoras carregando crianças pequenas nas costas. Mas ninguém se retirava do local.

— Por que prenderam o secretário Yamamoto, que é inocente? Nós não vamos, em absoluto, perdoar as forças de opressão da natureza maligna do poder que persegue o secretário Yamamoto. Ele nos proporcionou luzes de coragem, percorrendo incansavelmente todas as partes, apenas desejando a felicidade do povo!

As chamas da justiça se levantaram ardentemente no coração dos membros. O juramento de “con­tínuas vitórias” foi gravado profundamente na vida de cada um e iniciou-se a grande marcha das pessoas que despertaram para esse ponto.

As crianças, que naquela ocasião vieram carregadas nas costas da mãe, cresceram como dignos jovens e bailaram no grande palco do Festival Cultural pela Paz dos Jovens de Kansai. E assim, com todo o seu ser, deram expressão de alegria e paz à canção triunfal do povo.

Ao término do trabalho e dos estudos, no final do dia, os jovens corriam, sem fôlego, para os locais de ensaio e se empenhavam com suor nos intensos treinamentos, com a determinação de jamais serem derrotados. Os pioneiros da Divisão Sênior e da Divisão Feminina, que lutaram desde os primórdios da Soka Gakkai, faziam visitas quase diariamente para incentivar os jovens e relatavam aos netos, que levavam consigo: “Observe bem! Aquele aspecto de total dedicação é o espírito de Kansai! É o espírito da Soka Gakkai!”.

Os veteranos sentiam alegria e orgulho de observar o esplêndido crescimento dos jovens leões sucessores que recebiam e herdavam o bastão espiritual.

Reprodução/Foto-RN176 Multidão diante do auditório público de Nakanoshima no dia 17 de julho de 1957 – IlustraçõesKenichiro Uchida

Parte 8

“Vou acabar com a miséria deste mundo” e “Vou tornar feliz, absolutamente, todas as pessoas!” — esse juramento de Josei Toda em meio às pessoas comuns de Osaka não era outra coisa a não ser o próprio “coração de paz”.

Fazendo do coração do seu mestre o próprio coração, Shin’ichi Yamamoto dedicou-se com todas as suas forças para a concretização desses objetivos. Os companheiros de Kansai criaram uma história de felicidade e de revitalização do povo, lutando juntos com Shin’ichi, sem se abalarem diante das opressões das autoridades. De fato, herdando o espírito de Kansai e o espírito da Soka Gakkai, pode-se herdar o “coração de paz”.

A programação do Festival Cultural pela Paz dos Jovens de Kansai prosseguiu com a Declaração pela Paz. O coordenador da Divisão dos Jovens de Kansai, Masashi Oishi, dirigiu-se ao microfone e clamou com força:

— Caros 100 mil discípulos Ikeda de toda a Kansai!

Ele iniciou a leitura da Declaração pela Paz:

— “Em primeiro lugar, elevando amplamente o Budismo de Nichiren Daishonin como eixo espiritual da época e do mundo, e baseando-nos nos princípios de respeito à dignidade da vida e de pacifismo humanístico, juramos expandir o movimento pela paz perene de acordo com os ideais de ‘estabelecer o ensinamento correto para a pacificação da terra’. Em segundo, há 25 anos, Josei Toda, o segundo presidente da Soka Gakkai, proferiu a Declaração pela Abolição das Armas Nucleares. O indomável espírito dessa declaração foi herdado pelo terceiro presidente, Shin’ichi Yamamoto, e hoje se tornou uma correnteza em escala mundial a ressoar no coração de muitas pessoas. Rumo ao século 21, vamos intensificar ainda mais essas atividades em prol da paz que surgiram da profunda determinação de praticantes do Budismo Nichiren. Continuaremos a nos empenhar para transmitir os princípios contidos nessa declaração e trabalhar pela extinção das armas nucleares. Em terceiro, a linha vital para a construção da paz perene encontra-se na solidariedade entre os povos. Reunindo as mais variadas forças de jovens que anseiam pela paz do mundo, e formando a opinião pública internacional por uma nova era de defesa ao espírito da Carta das Nações Unidas, juramos fazer do século 21 o século da vida e da paz almejado pela humanidade”.

A Declaração pela Paz foi recebida sob intensos aplausos de aprovação dos presentes ao estádio de esportes. Um movimento pela paz deve ser sustentado por uma filosofia concreta. O budismo prega que todos possuem o estado de buda inerente. É um princípio que fundamenta o direito de todas as pessoas à felicidade, como também é a mais suprema dignidade como ser humano.

No topo: Ilustração do ensaio da Ginástica Montada no Colégio Soka de Kansai. Ilustrações: Kenichiro Uchida.

O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO