ROTANEWS176 20/05/2025 08:03
Reprodução/Foto-RN176 Gripe aviária em humanos: entenda os pontos de alerta sobre letalidade, mutações e vacina
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou na segunda-feira (19) um comunicado informando que segue monitorando os casos de influenza aviária detectados em uma granja comercial no Rio Grande do Sul.
A nova cepa de H5N1 apresenta alta transmissibilidade e, em humanos, apresenta taxa de letalidade de aproximadamente 48%, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Gestantes e indivíduos imunossuprimidos também integram o grupo de risco”, alerta Gorinchteyn.
O infectologista também chama a atenção para a possibilidade de infecções bacterianas simultâneas. “Enquanto o sistema imunológico combate o vírus, bactérias podem se aproveitar da fragilidade do organismo e se instalar. Nesses casos, um tratamento intensificado é necessário”, afirma.
Como é feito o diagnóstico?
Segundo o infectologista do Hospital das Clínicas, os hospitais dispõem de testes para diagnosticar a influenza aviária. Marinho explica que a realização desses testes depende de alertas epidemiológicos.
“Quando um caso de gripe aviária é confirmado no Brasil, as equipes médicas são alertadas e passam a considerar essa possibilidade diagnóstica. Em casos de suspeita de cepa aviária – por exemplo, em pacientes que trabalham em áreas de granjas – é possível realizar o teste específico. Ele é feito a partir de biologia molecular, similar ao teste de covid-19, com coleta de secreções respiratórias nasais para análise de DNA”, detalha Marinho.
Uma vez diagnosticado, o paciente deve permanecer em isolamento para acompanhamento e tratamento dos sintomas.
Mesmo sem diagnóstico confirmado, em casos de contato com aves contaminadas, o protocolo deve ser o mesmo, de acordo com Gorinchteyn: o período de incubação do vírus é de três a cinco dias após o contágio.
Pode virar pandemia?
Biomédica, pesquisadora e professora da Escola de Saúde da Unisinos, Mellanie Fontes-Dutra enfatiza que manter-se vigilante e acompanhar a evolução dos casos é crucial para evitar uma nova epidemia – e até mesmo uma pandemia.
“Nas últimas décadas, temos observado surtos de gripe aviária de maior magnitude e um aumento na diversidade de hospedeiros. Estudos recentes mostram que pinípedes, como leões e lobos marinhos, têm sido afetados com crescente frequência por essa infecção, com alta mortalidade”, aponta a pesquisadora.
“Isso representa um risco real. Se o vírus se adaptar a esse nível, podemos presenciar epidemias e, sem controle, até mesmo uma pandemia.”
Gripe suína teve origem em coinfecções
Ainda segundo a pesquisadora, a temida mutação pode ocorrer em coinfecções, quando um animal hospedeiro – um mamífero, por exemplo – é infectado simultaneamente por diferentes cepas de influenza, como a suína, a aviária e a humana.
“Quando um hospedeiro é suscetível a múltiplos vírus, ele pode ser contaminado por dois ou mais ao mesmo tempo, resultando na formação de um novo vírus. Foi assim que surgiu a gripe suína. E esse é o nosso maior receio com a chegada do inverno, período de surto de influenza A entre humanos, o que pode levar a coinfecções entre H1N1 e H5N1, tornando a gripe aviária mais potente”, alerta Dutra.
A pesquisadora explica que, ao entrarem em contato, os diferentes vírus podem se recombinar e gerar uma nova cepa. “Esse hospedeiro pode ser um animal ou uma pessoa imunossuprimida. Não sabemos como esse novo vírus se comportaria. Por isso, é fundamental acompanhar com cautela o surgimento desses novos casos.”
A vacina da gripe protege contra a influenza aviária?
A vacina da gripe, disponibilizada gratuitamente pelo SUS na maior parte do Brasil, não oferece proteção contra a influenza aviária. No entanto, Mellanie ressalta que a vacinação contra a H1N1 pode prevenir casos de coinfecções.
Igor Marinho, do Hospital das Clínicas, complementa:
“Quanto maior o número de pessoas vacinadas contra a gripe comum, menores as chances de o vírus influenza sofrer novas mutações e se tornar ainda mais agressivo.”
FONTE: G1