Herdeiros da esperança

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 20/04/2023 16:10                                                                      RELATO DIRETO DA REDAÇÃO DO JBS

Com os pés no presente, o coração já em 2030, os estudantes Emili e Frederico, do Rio Grande do Sul, não abrem mão dos sonhos.

 

Reprodução/Foto-RN176 O abraço dos irmãos Fred e Emili, companheiros de todas as aventuras – Foto: Arquivo pessoal

Eles não vacilam em uma pergunta sequer. Emili, de 16 anos, e Frederico, 10, sabem exatamente o que querem. Os irmãos moram em São Leopoldo, RS, com a mãe, Joselaine Paniz Schmidt, a qual se orgulha de ver os filhos trilharem a mesma estrada dourada que conheceu enquanto jovem e que mudou sua história de vida. Isso faz trinta anos, muito antes de nossos protagonistas Emili e Frederico nascerem. São bastidores que criam o contexto do desenvolvimento que a família experimenta a partir de então. “Uma felicidade que estamos transmitindo de geração a geração, um orgulho sem fim”, emociona-se Joselaine. Ela faz questão de relatar sobre esse início no quadro que preparamos.

A jornada de Emili e de Frederi­co vem carregada de inspiração. Fazer acontecer é o lema desses dois expoentes da Divisão dos Estudantes (DE) da BSGI, no mês comemorativo de fundação. Com bom humor e lentes ampliadas, tendo 2030 como foco, eles contam suas vivências. Acompanhe!

Eu sou Esperança!

Eu me chamo Frederico, podem me chamar de Fred. Tenho 10 anos, irmão da Emili. Tivemos a boa sorte de nascer num lar budista. Minha mãe conta que a minha gestação foi um pouco complicada, mas tudo ficou bem e eu nasci saudável. Minha mãe me carregava para todo lado e quando já podia caminhar livremente, estava eu lá, todo feliz participando do Coral Esperança do Mundo (CEM), no qual fiz muitos amigos. Bem, mas nestes tempos depois da Covid-19 ainda estou decidindo meu novo grupo, sabe. Na Gakkai tudo é muito legal.

Reprodução/Foto-RN176 Emili Schmidt, 16 anos. Divisão dos Estudantes Herdeiro, RM POA Sul, CRE Sul, CGRE – Foto: Arquivo pessoal

Nos estudos, já passei por três escolas até agora. Umas legais, outras nem tanto. É que sou canhoto, e muita gente acha isso “diferente” e ainda zomba. Eu sofri bullying nas duas primeiras escolas. Minha família sempre me incentiva para que eu faça o meu melhor e siga em frente. Ao recitar Nam-myoho-renge-kyo, meu coração fica mais forte, eu sinto. Estou numa nova escola, e tem sido bem legal, com amigos e professoras incríveis. Uma delas em especial me ajudou a confiar mais em mim e, mesmo sendo canhoto, posso sim escrever da maneira que eu preferir.

Minha mãe diz sempre que somos pessoas de muita boa sorte por termos encontrado o budismo, assim superei o bullying que me fazia sofrer muito. É tirar de letra e continuar sendo muito feliz. Participo das atividades, já aprendi a ler o sutra direitinho, e meu objetivo desde o ano passado é contar um relato em cada atividade. Assim eu tenho feito. Como estudante Soka, aprendi a sonhar. Leiam a matéria até o fim para saber como desejo estar em 2030, hein!

A força de um sonho

Meu nome é Emili Schmidt, tenho 16 anos. Bem, vamos papear um pouco, começando pelo começo, depois que fiquei maior que um grãozinho de feijão na barriga da minha mãe. Acho que eu estava meio ansiosa pra sair de lá, hehehe, o que me fez ficar sete dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ficaria uns vinte dias internada, mas já nasci surpreendendo a todos com a força do Nam-myoho-renge-kyo, como sempre conta minha mãe. Desde pequena, participei das atividades da Gakkai, tanto que em 2012 comecei a participar do Coral Esperança do Mundo, um grupo que vai ficar guardado pra sempre no meu coração. Depois, ingressei em outro núcleo que deixa meu coração quentinho, o Cerejeira, grupo de bastidor da Divisão Feminina de Jovens (DFJ) que sempre admirei. Sigo até hoje apoiando as atividades Soka aqui da região.

Bullying? Viva o companheirismo!

Desde pequena, fui vítima de bullying, assim como meu irmão. No meu caso, usavam meu peso e altura como motivo de piadas. Isso foi desde o fundamental, época que também desenvolvi síndrome de pânico, o que me fazia sentir muito medo de ficar sozinha. Era desesperador. O companheirismo e a amizade que criei nos grupos horizontais e nas atividades da Soka Gakkai mudaram minha história, sabe?

Reprodução/Foto-RN176 Frederico Schmidt, 10 anos. Divisão dos Estudantes Esperança, RM POA Sul, CRE Sul, CGRE – Foto: Arquivo pessoal

Comecei também a praticar espor­tes e me dediquei ao taekwondo (arte marcial), o que foi uma válvula de escape para eu me esquecer da escola e da minha situação familiar, porque meus pais decidiram se separar. Mais um desafio para mim. Eu me apaixonei pelo esporte. Mas, por ser um exercício de alto impacto, principalmente nas pernas, comecei a sentir fortes dores nos meus joelhos. Depois de idas e vindas a médicos, desco­brimos que eu tinha problemas de Geno Valgo, que fazia com que meus joelhos fossem virados para dentro, em formato de “tesoura” e tinha diferença de dois centíme­tros de uma perna para outra. Passei por cinco ortopedistas diferen­tes em um ano, e mais um tempo de exames e procedimentos. Como comprovação da prática e boa sorte, não precisei fazer cirurgia. Falei de nossa comprovação familiar em algumas reuniões, com muita gratidão.

Profissão que ajude as pessoas

Quando a pandemia da Covid-19 estourou, foi um novo momento de testar minha resistência. Como membro da DE, decidi me empenhar mais nos meus estudos. Nessa época, minha mãe havia começado seu curso de técnica em enfermagem, e ao me apro­ximar da área da saúde, surge um grande sonho.

Joselaine Paniz Schmidt, vice-responsável pela Divisão Feminina do Distrito Entre Vales, e responsável pela Divisão Feminina da Comunidade São Leopoldo, RM POA SUL, CRE Sul, CGRE.

Reprodução/Foto-RN176 imagem recente do encontro da família. O tio Danilo faz a selfie, atrás dele está a tia Etiane. Atrás os avôs maternos, Roberto e Elaine; na sequência a mãe, Joselaine, e Emili, tendo à frente o irmão Fred – Foto: Arquivo pessoal

Ano passado, 2022, ao entrar no ensino médio, decidi como meu objetivo fazer faculdade de medicina em Harvard, nos Estados Unidos; e quero seguir na área da neurocirurgia. Comecei a estudar para o processo de application [seletivo], mesmo com as pessoas me dizendo que é impossível. Eu me empenho todo dia para melhorar e pesquisar o que posso melhorar. No fim do ano me matriculei num curso de técnico em enfermagem, inspirada pela minha mãe, que se formou em dezembro último.

Avanço um pouco, em busca de trabalho. Vem a seleção para vaga numa empresa de plano de saúde, como jovem aprendiz. Fechei o ano 2022 feliz com as vitórias de ir para o meu segundo ano do ensi­no médio, e agora trabalhando, tendo meu dinheiro próprio.

Eu me sinto muito vitoriosa. As dificuldades existem para todos, mas quando se tem um sonho, um propósito, a vida ganha nova cor e brilho. E 2023 promete. Quero aproveitar todas as oportunidades para construir um coração forte, e avançar sempre. Assim como o Mestre nos encoraja, conforme trecho deste lindo poema dedicado aos brasileiros:
Não faz mal que seja pouco,

o que importa é que o avanço de hoje

seja maior que o de ontem.

Que nossos passos

de amanhã

sejam mais largos que

os de hoje.1

Como vejo o futuro?

O que eu quero para 2030 é ser feliz, fazer festa junto com os 100 anos da Soka Gakkai. Meu mestre ficará feliz, pois objetivo me formar na Harvard Medical School. Quero inspirar cada vez mais pessoas, porque se tem uma coisa que aprendi com o presidente Ikeda é que não podemos desistir. Ser feliz sonhando, e fazendo acontecer. E, claro, levar alegria aos outros; o mundo precisa muito disso.

Reprodução/Foto-RN176 A mãe, Joselaine, se forma em curso na área da saúde, dividindo com os filhos a sonhada conquista – Foto: Arquivo pessoal

Com meu mestre, aprendi a sonhar. Um dos meus objetivos até 2030 é fazer a faculdade de gastronomia. Serei um chef famoso. Esta foto que separei para vocês é assim mesmo, em preto e branco, tá? Acho chique, assim como será minha loja de doces e salgados. Ao fazer novos amigos, na escola ou no bairro, penso sempre que eles também possam viver com esperança no coração. Ikeda sensei ficaria feliz comigo, que sou seu sucessor.

Agradecemos, de coração, a cada um dos companheiros do nosso bloco, da comunidade, do distrito; e principalmente a todos da nossa família, pois estamos sempre unidos. E repito que, sim, vale a pena lutar pelos nossos sonhos e não devemos ter vergonha. De nada. Somos únicos e valiosos, como sempre reforça Ikeda sensei para nós, jovens. Encerro por aqui, em nome do meu irmão, da minha mãe e de nossa família, com nossa imensa gratidão. Somos da DE e vamos vencer. Sensei, conte conosco!

Reprodução/Foto-RN176 A alegria da atividade on-line dos estudantes locais, driblando os desafios do período da pandemia – Foto: Arquivo pessoal

Nota:

  1. RDez, ed. 106, out. 2010, p. 20.

Início da prática da família

Eu sou Joselaine, mãe da Emili e do Frederico, criados no jardim da Soka Gakkai, com muito orgulho. Isso foi graças à minha mãe, Elaine, que recitou pela primeira vez o Nam-myoho-renge-kyo em 13 de janeiro de 1993, data que marcou o proces­so de revolução de toda a família. O Gohonzon (precioso objeto de devoção) chegou ao nosso lar em 17 de junho de 1995. Eu tinha 8 anos. Na época, passávamos por desafios com a saúde dos meus irmãos Etiane, com problemas mentais, e Danilo, com problemas físicos — uma época muito difícil e conturbada em que comprovamos a veracidade do Nam-myoho-renge-kyo. Os diagnósticos eram sombrios. Etiane, pelos olhos dos médicos, ficaria vegetativa e com várias comorbidades, e Danilo por vezes chegou a ser desenganado da vida; passou por sete cirurgias durante a sua infância. Hoje, minha irmã está com 34 anos, ativa dentro das suas limitações, mas nunca vegetativa, e Danilo, 32, saudável e atuando pelo movimento em prol da paz promovido pela nossa organização, em Minas Gerais. Vencemos a tudo, juntos. Com meus filhos felizes no jardim Soka, já somos três gerações de comprovações, aprendizados e, acima de tudo, união. Muita gratidão a Ikeda sensei, que nos proporciona esse ambiente de puro desenvolvimento.

No topo: O abraço dos irmãos Fred e Emili, companheiros de todas as aventuras.

Fotos: Arquivo pessoal