Honestidade e transparência

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  19/06/2021 08:07

REDAÇÃO/BS CONECTA

Potencialize suas relações ao conhecer mais sobre comunicação não violenta

Reprodução/Foto-RN176 Foto ilustrativa de dois rostos humanos se comunicando dentro do globo terrestre atraves do diálago entre eles – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Comunicação não violenta (CNV) é uma abordagem que defende a importância de nos comunicar com o outro, entregando-nos de maneira plena. Nesse processo, ligando-nos a nós mesmos e aos outros, permitimos que nossa compaixão mais genuína conduza essa troca.1 Tal definição é exposta por Marshall Rosenberg (1934–2015), pacifista e psicólogo norte-americano, criador da CNV, em seu livro Comunicação Não Violenta: Técnicas para Aprimorar Relacionamentos Pessoais e Profissionais. Para desenvolver sua metodologia, usa o conceito de “não violência” no mesmo sentido que utilizava outro pacifista: Mahatma Gandhi.

Quando não observamos a forma como nos comunicamos com o outro, podemos construir uma série de barreiras que terão como base a mágoa, o rancor e a resistência, por exemplo. Esses muros atrapalham tanto o nosso desenvolvimento como o dos demais, lançando-nos dentro de um tipo de labirinto, onde ficamos perdidos e separados das pessoas. Nesse jogo intrincado, estamos tão desorientados que, mesmo quando percebemos alguém por perto, ignoramos o que ele tem para nos transmitir, e as relações vão ficando cada vez mais distantes e confusas. A solução para sair dessa condição é justamente permitir que nosso coração dialogue com o dos demais, e o respeito guie nossa voz e nossos ouvidos.

Atitude compassiva

Outra base da CNV é o fortalecimento de habilidades como linguagem e comunicação, que ajudam no aprimoramento do nosso diálogo com as pessoas. A ideia é responder sempre de forma zelosa e consciente, repensando a maneira como nos expressamos, jamais agindo de modo impulsivo, mas sim com base no que gostaríamos de ouvir e respeitando o que estamos sentindo. Essa busca pela cautela faz com que tudo o que dissermos seja permeado de uma atitude empática.

Considerando a comunicação como uma troca, a CNV reforça que, se nossa postura para comunicar tem como base a empatia, devemos dar o mesmo sentido ao que ouvimos do outro. Esse exercício nos permite identificar o sentido das palavras dele e organizar nosso raciocínio para respondê-las, resistindo a ter uma postura mais agressiva — conforme teríamos outrora — e minimizando a violência da nossa comunicação. Conforme dissemos, é um exercício que precisa ser praticado diariamente, de forma consciente, até que se torne intrínseco à nossa vida. Rosenberg explica:

Quando nos concentramos em tornar mais claro o que o outro está observando, sentindo e necessitando em vez de diagnosticar e julgar, descobrimos a profundidade de nossa própria compaixão. Pela ênfase em escutar profundamente — a nós e aos outros —, a CNV promove o respeito, a atenção e a empatia e gera mútuo desejo de nos entregarmos de coração.2

CNV na prática

A plataforma Inovação Sebrae Minas publicou, em seu site oficial, matéria especial sobre comunicação não violenta, com diversas dicas de como pôr essa abordagem em prática no dia a dia. De modo geral, estão embasadas em empatia, autoconhecimento e autovalorização. Conhecer-se profundamente e valorizar as características individuais elevam a autoestima e interferem positivamente na forma como tratamos os demais são atitudes que representam a CNV na prática.

Outro aspecto importante é buscar pôr a CNV em prática aos poucos, sem pressa. Experimente aplicar a técnica no diálogo com as pessoas mais próximas e, gradativamente, exercite em novas esferas, sempre observando os resultados desses esforços. A dedicação faz toda a diferença.

Diálogo sincero

Honestidade e transparência também são conceitos que fazem parte da comunicação não violenta e estão relacionados a posturas muito simples, como não julgar, demonstrar o que sente e elogiar quando realmente for necessário. A postura sincera é a que conta nessa nova forma de se expressar, sendo esse outro pilar da CNV. O Dr. Daisaku Ikeda, presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), define a sinceridade como fator essencial para o diálogo de qualidade. É por meio da conversa franca, benevolente e corajosa que se propaga a imensa esperança budista da Soka Gakkai.

Para os membros da SGI, uma forma de exercitar essa interlocução é aplicá-la nas visitas virtuais com transparência, acolhimento e empatia, respeitando cada pessoa e ouvindo-a com o objetivo de apoiá-la, sem julgamentos. Conforme orienta o presidente Ikeda,

As chaves imutáveis de renovado crescimento são a sincera preocupação com os membros, o engajamento habitual nos diálogos sinceros e o apoio e incentivo nas visitas familiares, na orientação individual ou em alguma outra forma de contato.3

Dr. Ikeda afirma, por meio de exemplo próprio, que:

Foi por isso que me encontrei com muitas pessoas e me engajei em sinceros diálogos. Com meus companheiros, fui de um local a outro para conversar com os amigos a respeito do Budismo Nichiren. E me dediquei de todo o coração a incentivar uma pessoa após a outra. Entrei em ação sentindo arder dentro de mim a profunda alegria proveniente da gratidão ao meu mestre e intensa paixão pelo kosen-rufu.4

E é com esse sentimento que o Dr. Ikeda atua há anos, comprovando que, onde há diálogo sincero, ressoa o espírito humanístico e se cria forte elo entre as pessoas.

A comunicação não violenta, mais que conceito ou teoria, representa uma forma de o indivíduo se aprimorar continuamente e fazer brilhar, de maneira concentrada e consciente, sua compaixão, sua essência humana. Quem age assim prima pelo respeito ao próprio potencial e ao dos demais, o que beneficia a sociedade, dada a força transformadora da comunicação conciliadora e pacífica.

Derrubando as barreiras

Dicas para exercitar a comunicação não violenta, compartilhadas pela plataforma Inovação Sebrae Minas:5

  • Antes de responder qualquer coisa, descubra pontos em comum com aquela pessoa. Você estaria irritado se estivesse em sua posição?
  • Não julgue a si mesmo. Quando errar, aprenda com isso e tente melhorar.
  • Externe apreciação apenas para celebrar. Afinal, elogiar também é julgar, mesmo de forma positiva. Comemore a necessidade que foi atendida e expresse gratidão por isso. Assim, oferecemos louvor sem passar a sensação de que somos superiores.
  • Quando receber ataques, acalme-se antes de responder. Avalie a situação do ponto de vista do interlocutor e reformule sua resposta. Os conflitos no ambiente de trabalho se dão muito pelo impulso em se defender de ataques, o que acaba resultando em uma situação pior.

Saiba mais:

Leia também a matéria Vamos conversar! , sobre a importância do diálogo, publicada nesta edição.

Nota:

  1. ROSENBERG, Marshall B. Comunicação Não Violenta: Técnicas para Aprimorar Relacionamentos Pessoais e Profissionais. São Paulo: Editora Ágora, 2006.
  2. Ibidem.
  3. Brasil Seikyo, ed. 1.595, 17 mar. 2001.
  4. Brasil Seikyo, ed. 2.076, 19 mar. 2011.
  5. Inovação Sebrae Minas. O que é Comunicação Não Violenta e Por que Praticar. Disponível em:
    https://inovacaosebraeminas.com.br/o-que-e-comunicacao-nao-violenta Acesso em: 7 jun. 2021.

Fontes:

Inovação Sebrae Minas.

ROSENBERG, Marshall B. Comunicação Não Violenta: Técnicas para Aprimorar Relacionamentos Pessoais e Profissionais. São Paulo: Editora Ágora, 2006.