Impactos de outras rochas podem levar asteroide Apophis a colidir com a Terra

ROTANEWS176 17/09/2024 08h09                                                                                                                              Por Flavia Correia

O asteroide Apophis recebeu o sugestivo nome do deus egípcio da destruição – já que uma eventual colisão com a Terra poderia matar milhões.

 

Reprodução/Foto-RN176 Ilustração conceitual 3D do asteroide 99942 Apophis próximo da Terra. Crédito: Joshimerbin – Shutterstock

Acabamos de passar por uma sexta-feira 13 – e neste link você descobre o porquê de toda a polêmica envolvendo a data. Para daqui a cinco anos, em um dia como esse (só que no mês de abril), é esperado que um grande asteroide passe bem perto da Terra: Apophis, uma rocha espacial que recebeu o sugestivo nome do deus egípcio da destruição e do caos.

Na ocasião, o objeto, com tamanho estimado em 350 a 450 metros de diâmetro, vai se aproximar a meros 30.600 km da Terra, tão perto do planeta em termos astronômicos que poderia ser visível a olho nu.

Um estudo publicado recentemente no periódico científico The Planetary Science Journal sugere que pequenos impactos de outros asteroides poderiam alterar a trajetória de Apophis, aumentando o risco de colisão em passagens posteriores. No entanto, as chances de isso acontecer são muito baixas.

Reprodução/Foto-RN176 Astetoide Apophis pela ferramenta de rastreamento Eyes on Asteroids, da NASA. Crédito: NASA

NASA descarta colisão de qualquer asteroide com a Terra nos próximos 100 anos

Segundo Paul Wiegert, astrônomo da Universidade de Western Ontario, no Canadá, a probabilidade de um impacto suficientemente forte desviar o asteroide para uma rota de colisão em 2029 é de 1 em 2 bilhões. Após 2029, essa chance passa a ser de 1 em 1 milhão.

Wiegert explicou ao site Space.com que pequenos asteroides, como os que ocasionalmente atravessam a atmosfera terrestre e são vistos como meteoros ou bolas de fogo, poderiam colidir com Apophis. No entanto, ele enfatiza que tais eventos são raros e difíceis de prever.

No estudo, a equipe liderada por ele investigou se um asteroide menor atingiria Apophis durante o período de 2021 a 2027, enquanto ele está “invisível”, fazendo parte da paisagem celeste diurna da Terra, e se isso poderia desviá-lo o suficiente para torná-lo perigoso ao planeta. “O asteroide Apophis é essencialmente inobservável de agora até 2027 porque está no céu diurno e, portanto, pode ser atingido sem que estejamos imediatamente cientes do evento”.

Reprodução/Foto-RN176 Comparação de tamanhos dá uma noção das proporções do asteroide Apohis. Crédito: Asteroid Day Brasil

Apophis foi descoberto em 2004 e imediatamente entrou na lista de objetos potencialmente perigosos, devido ao seu tamanho e à sua trajetória próxima da Terra. Por muitos anos, figurou nas listas de risco da NASA e da Agência Espacial Europeia (ESA). Entretanto, uma análise mais detalhada, realizada em 2021, descartou a possibilidade de colisão nas próximas décadas, garantindo que Apophis (e qualquer outro asteroide de grandes proporções) não impactará noso planeta nos próximos 100 anos.

Ainda assim, a nova de Wiegert sugere que a rocha pode ser desviada caso sofra o impacto de outro corpo celeste. Ele calcula que um asteroide de cerca de 60 centímetros poderia alterar levemente a trajetória de Apophis após 2029. Para um impacto significativo antes dessa data, seria necessário um asteroide de três metros atingindo o objeto na direção exata.

Impacto de Apophis com a Terra poderia matar milhões de pessoas

Caso Apophis colidisse com a Terra, Apophis liberaria uma energia estimada em mais de mil megatons de TNT, causando destruição em um raio de centenas de quilômetros. A comparação com o impacto que extinguiu os dinossauros há 65 milhões de anos pode parecer exagerada, mas se o asteroide atingisse uma área densamente povoada, as consequências seriam catastróficas, resultando na morte de milhões de pessoas.

Se Apophis fosse colocado em rota de colisão com a Terra, seja em 2029 ou em futuras passagens, como em 2036 ou 2068, haveria algumas opções para tentar desviá-lo. Uma delas seria usar o mesmo princípio do impacto que poderia trazê-lo para a Terra: outro pequeno choque para redirecioná-lo.

Reprodução/Foto-RN176 Impacto da missão DART, da NASA, observado pelo Telescópio Espacial James Webb. Crédito: NASA/JWST

Um exemplo disso foi o teste realizado pela NASA em 2022, quando a missão DART  (sigla em inglês para Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo) colidiu com o sistema binário de asteroides Dimorphos e Didymos, alterando sua trajetória. Outro método possível envolve o uso de explosões nucleares, o que, embora dramático, poderia mudar a rota de um asteroide de grande porte.

Essas abordagens, embora teóricas, têm bases científicas sólidas e estão em constante avaliação pela comunidade astronômica. A NASA e outras agências espaciais estão, inclusive, planejando missões para estudar Apophis de perto durante sua passagem em 2029, utilizando satélites e espaçonaves para coletar dados.

Independentemente dos riscos, a proximidade de Apophis com a Terra dentro de cinco anos marca um evento importante para a ciência planetária. De acordo com Wiegert, esse será um momento crucial para demonstrar a capacidade da humanidade de prever e prevenir potenciais catástrofes causadas por objetos espaciais. “A comunidade global está cada vez mais preparada para lidar com esses riscos, e a ciência nos oferece ferramentas para enfrentar esse tipo de desafio”.,

FONTE: OLHAR DIGITAL