Ímpeto que abre caminhos

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  29/01/2022 10:00 07:20

REDAÇÃO / ESPECIAL

Reprodução/Foto-RN176 ilustração retrata o jovem Ikeda com membros da Soka Gakkai do Distrito Kamata, dialogando e se preparando para a grande luta de propagação – Editorial do Brasil Seikyo – BSGI

Josei Toda assumiu a presidência da Soka Gakkai em maio de 1951 e jurou concretizar 750 mil famílias na organização. Sete meses depois, o total chegava a 0,7% do objetivo e, pelo ritmo, seriam necessários cerca de noventa anos para atingi-lo.

No ano seguinte, ocorreu ampla reestruturação com a criação dos níveis de distrito, comunidade e bloco, mas o crescimento da organização caminhava a passos lentos. Naquela época, os distritos que realizavam mais shakubuku atingiam, no máximo, cem famílias em um mês. Com a percepção aguçada dos fatos, Josei Toda sabia que, seguindo aquele ritmo, a Soka Gakkai jamais seria uma grande organização. Foi então que ele chamou o destemido jovem Daisaku Ikeda, com 24 anos, e disse-lhe: “Daisaku, poderia entrar no Distrito Kamata [região de Tóquio] e fazer as coisas avançarem?”. O jovem vinha trabalhando dia e noite ao lado do presidente Josei Toda e entendeu perfeitamente o desejo do seu mestre: levar a felicidade ao maior número de pessoas. Kamata era a terra natal de Daisaku Ikeda. Numa sala da antiga sede de Nishikanda, em Tóquio, o jovem respondeu com firmeza: “Deixe comigo”. Também disse: “Agora é o momento de mudar a situação! Vamos abrir caminho para a vitória!”.1

Cabe ressaltar que, nesta época, Ikeda sensei havia se convertido ao budismo e se tornado membro da Soka Gakkai menos de cinco anos antes, em agosto de 1947. Mesmo assim, e apesar de ser muito jovem, já havia manifestado uma relação profunda com seu mestre, Josei Toda.

O primeiro passo foi definir estratégias, metas e objetivos claros. Em seguida, encontrar, dialogar e incentivar o maior número de membros, participar do maior número de reuniões de palestra e rea­lizar muitas visitas. Por que o mês de fevereiro? No início da campanha, em 1952, o presidente Ikeda clamou aos seus companheiros durante uma reunião realizada no bairro de Ota: “Fevereiro é o mês de nascimento de Nichiren Daishonin e do presidente Josei Toda. Vamos aproveitar esta significativa época para demonstrar nossa gratidão pelo maravilhoso benefício e felicidade que atingimos com nossa prática, ajudando outras pessoas a também se tornar felizes”.2 Todos os membros expressaram sua concordância em

O que se passava na mente do jovem Daisaku? Quais eram seus questionamentos? O Mestre comenta:

Quando assumi minha função no Distrito Kamata, estava com apenas 24 anos. Como poderia inspirar cada pessoa a entrar em ação com um genuíno entusiasmo e propósito? Eu o faria por meio de minhas próprias ações, de meu próprio suor e árduo empenho, mostrando resultados concretos. Havia decidido assumir total responsabilidade em atingir nosso objetivo. Tinha certeza de que, se me tornasse um bom exemplo, os membros reconheceriam meus esforços e depositariam confiança em mim.3

Atuando como consultor do Distrito Kamata e com a saúde bastante debilitada, o jovem líder se entregou inteiramente àquela missão. De onde extraía tanta força? Da forte ligação que tinha com seu mestre, Josei Toda. Por isso, desafiava a si mesmo com energia e coragem, mesmo sem muita experiência e com líderes bem mais veteranos que ele. Assim, com essa postura e dedicação, o presidente Ikeda consagrou o mês de fevereiro na história da Soka Gakkai como o período de grande propagação do Budismo Nichiren. Junto com os membros desse distrito, naquele fevereiro de 1952, numa época de frio intenso, 201 famílias ingressaram na Soka Gakkai. Logo após, Tóquio começou a avançar. Então, todos os distritos do Japão inteiro seguiram o mesmo caminho.

O número de novos membros na organização, no mês de janeiro de 1952, foi de 635 famílias. Após o recorde de conversões do Distrito Kamata em fevereiro, o número de shakubuku para o mês seguinte aumentou drasticamente, ultrapassando mil famílias — uma meta que há muito já havia sido objetivada, mas nunca alcançada. Em novembro e dezembro daquele mesmo ano, foi atingida a marca de 2 mil novas famílias. O total de membros, no início de 1952, era de 5.727 famílias. No fim desse ano, o número de famílias chegou a 22.324.

O histórico movimento de propagação empreendido no Distrito Kamata deu início a contínuas ondas de avanço da Soka Gakkai, impulsionadas por outras grandes lutas do presidente Ikeda, como no Distrito Bunkyo e na região de Kansai.

Ikeda sensei compartilha:

Abri um caminho para o avanço do kosen-rufu. Após esse fato, essa onda de propagação espalhou-se rapidamente para outras regiões do Japão e nosso movimento de compartilhar amplamente o Budismo de Nichiren Daishonin começou a crescer, mostrando um significativo progresso.4

“Como jovem tendo como ponto de partida a campanha de fevereiro, criei a regra básica do avanço e da vitória de toda a Soka Gakkai. Não são artimanhas nem táticas superficiais. Eu solidifiquei um caminho eterno de vencer com base na prática da fé de levantar-se só e prática da fé de luta conjunta de mestre e discípulo. Eu criei essa diretriz eterna de vencer com base nesses dois pontos, esse foi o impulso para a vitória”5

Pontos que podemos aprender com a luta no Distrito Kamata

  1. Tudo depende da determinação e disposição do líder, que deve ter o desejo e comprometimento de realizar o kosen-rufu.
  2. Ter um forte juramento feito ao Mestre, fundamentado numa firme convicção e numa forte oração de que conseguirá concretizar o kosen-rufu, mesmo que tenha de prosseguir sozinho.
  3. Definir metas e objetivos claros que sejam aceitos por todos.
  4. União e comprometimento de todos com o mesmo ideal.
  5. Por meio de seu próprio exemplo, o líder adquire condições de incentivar outros e expandir toda a organização.

    Concretizar os ideais do mestre

Nestes trechos de um de seus ensaios, o presidente Ikeda compartilha o espírito com que se dedicou ao inesquecível movimento de propagação do Distrito Kamata

“O primeiro passo de todo desafio é estabelecer metas claras. Se os objetivos forem vagos, as pes­soas encontrarão dificuldade para se referenciar e assumir como um desafio pessoal. Consequentemente, elas não empenharão sérios esforços na realização de tais objetivos.”

“Ao mesmo tempo, é importante não impor objetivos aos outros. Eles devem ser apresentados de uma forma que todos possam aceitá-los e sentir entusiasmo em realizá-los. Para esse fim, o líder central deve ter a firme decisão de assumir a responsabilidade pessoal de atingir a meta pretendida, mesmo que tenha de fazê-lo sozinho. A paixão e o entusiasmo que emanam desses líderes inspiram os outros a se dedicar ao máximo em prol do kosen-rufu.”

“Meu desejo era que os cem responsáveis pelo bloco do Distrito Kamata assumissem papéis centrais e fossem vitoriosos. Em vez de uma única pessoa avançando cem passos, cem pessoas avançariam um único passo. Orava e me empenhava incansavelmente no distrito, determinado a que nenhuma pessoa sequer ficasse fora dessa luta e que cada membro comprovasse os benefícios da fé.”

“A chave da vitória está em descobrir novos valores e combinar suas habilidades na organização. A palavra ‘organização’ nos leva a pensar numa estrutura monolítica e impessoal. Porém, na Soka Gakkai, as pessoas são valorizadas em primeiro lugar.”

“Todos os líderes do Distrito Kamata — incluindo os de comunidade e de distrito — participavam das atividades do bloco. As reuniões de palestra também eram realizadas em nível de bloco, pois isso permitia encontros mais pessoais e calorosos. Nesse ambiente simples era possível abordar os problemas e as preocupações de cada pessoa num diálogo de vida a vida. Nessas reuniões, cada companheiro que era inspirado com uma nova determinação se levantava com coragem para realizar o shakubuku.”

Reprodução/Foto-RN176 Daisaku Ikeda (à esq.) dedicou cada momento de sua vida a tornar realidade os nobres anseios do seu mestre, Josei Toda – Editorial do Brasil Seikyo – BSGI

“Lutei com este espírito: ‘Apoiar o responsável pelo distrito e juntos fazer dele o melhor distrito do Japão!’. Empreendi todos os esforços para desenvolver a mim mesmo como um modelo de consultor de distrito. Como já dizia um filósofo da antiguidade, não é a posição que enobrece a pessoa, mas a pessoa que enobrece a posição. (…) O pensamento de que exercer uma função na organização torna alguém importante é um indício de autoritarismo. Esse é o tipo de comportamento de uma pessoa que se vangloria por trás de uma autoridade ‘emprestada’. Essa atitude só degrada o valor da posição.”

“Por maiores que sejam as dificuldades ou os sofrimentos encontrados ao longo do desafio, uma vez que o objetivo é alcançado, tudo se transforma em alegria e satisfação. (…) Todos estavam radiantes de felicidade. Alguns responsáveis pelo bloco literalmente dançavam de alegria. Nada poderia tê-los deixado mais felizes.”

Veja ensaio na íntegra na revista Terceira Civilização, ed. 521, jan. 2012.

No topo: ilustração retrata o jovem Ikeda com membros da Soka Gakkai do Distrito Kamata, dialogando e se preparando para a grande luta de propagação

Notas:

  1. Brasil Seikyo, ed. 1.809, 27 ago. 2005, p. B8.

2 Idem, ed. 1.641, 23 fev. 2002, p. A2.

  1. Ibidem.

4.Ibidem, ed. 1.519, 14 ago. 1999, p. A3.

  1. Ibidem, ed. 1.809, 27 ago. 2005, p. B8.