ROTANEWS176 27/10/2023 11:40 RELATO DIRETO DA REDAÇÃO DO JBS
A jornada de Livia Endo, líder nacional das jovens da BSGI, em busca de seus propósitos.
Reprodução/Foto-RN176 Livia Harumi Endo, na BSGI, é a líder da Divisão Feminina de Jovens. Livia nos jardins do Centro Cultural Dr. Daisaku Ikeda da BSGI, em São Paulo, SP
Eu me chamo Livia Harumi Endo, tenho 33 anos e sou a caçula de três irmãs. Tornar-me líder nacional das jovens da BSGI, há pouco mais de dois anos, foi um divisor de águas em minha vida. Quais pontos primordiais havia conseguido validar nessa minha trajetória? Bem, cresci nos jardins Soka, que acolheram uma garota simples, com sonhos e desafios como os de muitas jovens com as quais hoje eu encontro. E foi ali, nos blocos e nas comunidades, que esses sonhos ganharam dimensões gigantescas, influenciando todas as minhas escolhas. Divido com vocês um pouco dessa jornada.
Nasci numa família de praticantes do Budismo Nichiren, o que me proporcionou tamanha boa sorte em diversos momentos, graças à sincera devoção da minha mãe. Embora ela trabalhasse bastante, o que dificultava nosso maior contato diário, uma de minhas principais memórias é a imagem dela desafiando horas de recitação do Nam-myoho-renge-kyo para nos proteger.
Para alguns jovens que leem este relato, talvez esta seja uma realidade: conviver com a separação dos pais. Eu tinha 6 anos quando meu pai foi para o Japão, a fim de proporcionar melhores condições para mim e minhas irmãs. E mais mudanças. Quatro anos depois, junto com minha mãe e meu padrasto, saímos de Guarulhos, município paulista, e fomos para Patrocínio, cidade mineira. No dia a dia da localidade e na nova escola, minhas irmãs Luciene e Larissa e eu tivemos de aprender a nos virar. Foram dois anos desafiadores.
Em 2002, minhas irmãs e eu viemos estudar em São Paulo, SP, onde passamos a morar com minha vozinha Yaeko. No início, foi bastante difícil, uma vez que tínhamos de nos adaptar às regras da batchan (avó, em japonês). Com o tempo, fomos amolecendo o coração da “bonitinha”, como costumávamos chamá-la. Foi nessa época que voltamos a ter contato direto com a organização e suas atividades. Com incentivo de minhas companheiras e responsáveis, seja para produzir um vídeo, seja para elaborar um desenho, despertei para minha missão como bodisatva; isto é, ser útil e conduzir às pessoas à felicidade. Esse ambiente da base edificou minha fortaleza interior.
Alguns anos depois, a batchan começou a apresentar sintomas de esquecimento e repetição, sendo diagnosticada pelo médico com o mal de Alzheimer. Embora ela não fosse praticante do budismo, sempre demonstrou muito respeito por esse ensinamento. A progressão da doença foi severa, com mudanças repentinas de humor e quedas e fraturas consequentes. Nesse período, minha mãe voltou a morar conosco para ajudar nos cuidados e, com a prática da fé, conseguimos oferecer a ela o nosso melhor. Dar valor aos pequenos gestos, e compreender o tempo das coisas. Ela nos ensinou muito e pôde dignamente encerrar sua missão em 2013, aos 81 anos, tendo recitado daimoku conosco nos últimos anos de sua existência.
Reprodução/Foto-RN176 Com a mãe, Elizabete, à esq. da foto, e as irmãs na companhia da saudosa batchan
Vocação
No fim de 2014, formei-me em engenharia civil em uma ótima universidade que, mais uma vez, por manifestação da boa sorte adquirida com a prática, pôde ser custeada pelo meu pai. Outro motivo de alegria é saber que hoje ele realiza a prática individual, sem falhar um dia sequer. Tenho enorme gratidão, pois, mesmo distante fisicamente, ele sempre se fez presente durante esses anos desde que se mudou para as terras japonesas.
Voltando ao ano em que me formei, o país estava imerso em uma forte crise econômica. Sem conseguir efetivar meu estágio, estava recém-formada e desempregada. Foi o momento em que me dediquei 100% à organização. Em 2016, participei de um curso de aprimoramento para responsáveis pela Divisão dos Estudantes (DE) no Japão. Que oportunidade! Foram momentos inesquecíveis que me fizeram relembrar e renovar meu ponto primordial com Ikeda sensei a todo instante! E ainda pude rever meu pai depois de quase dez anos. Aprendi também sobre a importância de nos empenhar para a felicidade das pessoas, atuando no local em que o Mestre não pode estar. Decidi ser essa pessoa.
Reprodução/Foto-RN176 Com a família no casamento da irmã Luciene, ao centro
Correnteza da esperança
No retorno ao Brasil, muitas coisas aconteceram: fui convidada a fazer parte do quadro de funcionários da Editora Brasil Seikyo (EBS). Após dois anos na busca pelo emprego ideal, agarrei essa chance, a fim de contribuir ainda mais para o movimento pela paz da BSGI. Na organização, fui confiada a assumir função na liderança da Divisão Feminina de Jovens (DFJ) de RM, esforçando-me para corresponder, vencendo minhas limitações. Nesse período, concretizei dez shakubuku, que consiste na ação de apresentar o budismo, o caminho da transformação e da felicidade, para as pessoas. Fiz parte também do Cerejeira, grupo de bastidor das jovens da BSGI.
Hoje, abraçando a missão de conduzir as jovens Soka do Brasil e, com a recente oportunidade de participar do curso de aprimoramento da SGI, com a participação de jovens do mundo, o primeiro pós-pandemia, no Japão, só tenho afirmações concretas de que viver pela missão em prol do kosen-rufu é a estrada dourada de uma vida de propósito. A que escolhi!
Somos parte de uma sólida e grandiosa rede mundial de jovens que luta para propagar o humanismo e transmitir esperança. Mesmo que o caminho não seja sempre florido, a prática nos dá todas as condições para superar e transformar os desafios. Sou fruto da luta na base e, da mesma forma que tive a possibilidade de lapidar e de fortalecer a minha vida nesse ambiente, gostaria que a nossa geração e, consequentemente, as futuras desfrutassem esse privilégio. Assim como sensei reforça, “Podemos afirmar que todos os nossos esforços no mundo da fé estão centralizados na comunidade e que foi dentro de uma comunidade que todos nós crescemos”.1
Reprodução/Foto-RN176 Livia, segunda, da dir. para a esq., com as lideranças da Juventude Soka do Brasil em recente curso da SGI
Meu desejo é que possamos estabelecer uma correnteza ininterrupta de discípulas Ikeda, a Geração da Nova Revolução Humana, a partir da base, nossos preciosos blocos e comunidades. Muitíssimo obrigada!
Livia Harumi Endo, 33 anos. Engenheira civil. Na BSGI, é a líder da Divisão Feminina de Jovens.
No topo: Livia nos jardins do Centro Cultural Dr. Daisaku Ikeda da BSGI, em São Paulo, SP
Fotos: BS | Arquivo pessoal
Nota:
- IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, vol. 1, p. 106, 2021
FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO