ROTANEWS176 E POR BRASIL SEIKYO 25/01/2020 08:02
Caderno Nova Revolução Humana
Capítulo “Frescor”, volume 29
Parte 25
A visita de Shin’ichi à cidade de Aomori acontecia depois de sete anos e meio. O Centro Cultural de Aomori era uma edificação recém-inaugurada em dezembro do ano anterior. Logo na recepção, ele disse a Shinsuke Katori, coordenador da província:
Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração da Editora Brasil Seikyo – BSGI
— É um maravilhoso centro cultural. Daqui, vamos descortinar uma nova história de Aomori!
Em seguida, sem tempo para descanso, dirigiu-se à reunião de diálogo com cerca de 150 pessoas entre pioneiros beneméritos da província de Aomori e representantes da província de Akita na sala principal do andar superior.
— Boa noite! [em linguagem típica da região]
O ambiente efervesceu com o cumprimento de Shin’ichi em dialeto de Tohoku.
— Os senhores vieram se empenhando, passando por inúmeros sofrimentos e dificuldades. Portanto, hoje, não vamos falar de assuntos formais. Vamos realizar com prazer esta atividade, por exemplo, cantando algumas músicas. Então, peço que alguém venha cantar, porém, não canções da Soka Gakkai.
Um senhor de meia-idade começou a entoar uma música antiga e todos acompanharam o ritmo com palmas. O ambiente se descontraiu. As pessoas se levantavam umas após outras, cantando Hachinohe-kouta, Kuroda-bushi e outras canções. Tadashi Kaneki, que foi o primeiro responsável pelo Distrito Aomori cantou Sado Okesa junto com outro membro da Divisão Sênior.
Reprodução/Foto-RN176 Ilustração da BSGI
Shin’ichi aplaudia e incentivava:
— Muito bom! Bis, bis!
De pé, Kaneki abriu os braços e, movimentando-os como se fossem asas, começou a cantar uma música infantil Hato-poppo, dizendo que voltaria para a sua época de criança. O susto e a admiração eram enormes, pois Kaneki era contador tributarista muito sério e honesto que não contava sequer uma piada. Ainda por cima, ele começou a cantar e a dançar uma canção típica da região de Tohoku segurando uma vassoura. As pessoas davam altas gargalhadas.
Shin’ichi comentou com Yamanaka, coordenador de Tohoku:
— Vejam o rosto e os olhos de todos. Não demonstram que estão realmente felizes? Jamais deve se esquecer dessa fisionomia. Se conduzir a atividade com alegria e liberdade, as pessoas se empenham vigorosamente. Assim, Tohoku será a melhor do Japão. Líder é aquele capaz de extrair a alegria de todos.
Parte 26
Ao final, Shin’ichi recitou gongyo junto com eles, orando profundamente pelo kosen-rufu e pela prosperidade das duas províncias, Aomori e Akita.
Assim que terminou, saiu para a área externa. A neve havia cessado e entre nuvens brilhava uma bela lua cheia.
Depois disso, Shin’ichi continuou discutindo sobre atividades futuras com os líderes centrais de área e de província da região de Tohoku. Ele discorreu sobre o modo de vida dos líderes:
— Em Tohoku, há muitas empresas com matriz em Tóquio que instalaram filiais em províncias como Aomori e Akita. Boa parte dessas filiais são dirigidas por pessoas enviadas pela matriz. Dentre esses dirigentes, dizem que a sólida decisão de se estabelecer definitivamente nessa terra, contribuindo para a localidade, é o ponto comum das pessoas que alcançam o sucesso e conquistam resultados admiráveis. Porém, no inverno, isso se torna uma batalha contra a neve. Devido ao rigoroso frio, muitas pessoas pensam apenas em voltar para a matriz quanto antes. Elas trabalham buscando somente resultados imediatos de curta duração. Outras não se envolvem no trabalho com dedicação e de forma proativa, apenas se preocupam em não cometer nenhuma falha grave pensando em serem transferidas de volta depois de alguns anos. O pensamento do líder é bem conhecido por seus funcionários e pelas pessoas à sua volta, pois mesmo que ele consiga manter as aparências, seus reais sentimentos se manifestam no dia a dia. Por exemplo, um líder que é autoritário com seus subordinados, mas bajula seus superiores, desconfia das pessoas por temer algum fracasso. Ele se preocupa somente em transmitir comunicações favoráveis à matriz. Então, empurra a responsabilidade para outras pessoas sem assumi-la, especialmente em situações adversas. Consequentemente, o coração das pessoas se afasta desse líder. Essa conduta de liderança temporária se torna a causa do fracasso. Por outro lado, atuando sem medir esforços pelo bem dos membros, os líderes da Soka Gakkai mostram para a sociedade o modelo de um verdadeiro líder. Por favor, tenham o orgulho de que estão promovendo a reforma dos líderes.
Reprodução/Foto-RN176 Ilustração da BSGI
Parte 27
Observando Susumu Aota e outros, Shin’ichi disse:
— A propósito, como ficaram os poemas que comporíamos contemplando a neve durante o trajeto de trem para Aomori?
Todos se assustaram. Alguns mal tinham conseguido compor o primeiro verso; outros, embora escrevessem alguns versos, não os revisaram; enfim, não havia nada apresentável. Então, Aota respondeu:
— Nós vamos agora revisar e passar a limpo para apresentar os poemas em seguida.
Cerca de vinte minutos depois, eles trouxeram seus poemas. Imediatamente, Shin’ichi os apreciou.
— Estão muito bons. Vou verificar com a Redação do jornal Seikyo Shimbun para publicarmos.
Todos sentiram que a situação se complicava cada vez mais.
O poema de Aota tinha o título Um Raio de Sol, a Chegada da Primavera:
Mundo prateado tão desolado
que se estende pelas janelas
do trem.
Atravesso o rigor das nevascas,
e avanço pelo kosen-rufu,
recordando o aspecto dos
membros.
Yamanaka inseriu em sua composição não só a paisagem da neve observada do trem, mas seu sentimento depois de chegar ao Centro Cultural de Aomori:
Em Aomori,
belas pessoas,
belos mares,
belas nevascas,
belo luar que ilumina
a fortaleza do kosen-rufu.
O jovem funcionário da sede da Soka Gakkai que acompanhava a comitiva escreveu um poema associando ao rigor das nevascas com o próprio modo de viver pelo kosen-rufu:
Reprodução/Foto-RN176 Ilustração da BSGI
Minha existência está definida.
Devo avançar,
devo prosseguir
nesta jornada.
Era um jovem que se esforçava silenciosamente no cumprimento de sua missão, sempre nos bastidores, sem querer se destacar no palco principal.
Então, ele concluiu seu poema:
Neve e ventania da região norte,
fortaleçam a mim mesmo,
tal como um rigoroso pai.
Shin’ichi reconheceu nos poemas a disposição de não recuar diante das tarefas mais difíceis. Sentiu a confiança de todos. Com a elaboração dos poemas, ele desejava que solidificassem suas decisões de tomarem para si as árduas batalhas dos membros que viviam em meio à neve e à ventania.
Parte 28
O domingo, dia 14 de janeiro, foi de intensa neve. Shin’ichi Yamamoto fez o gongyo da manhã junto com os líderes de província e membros locais no Centro Cultural de Aomori. Após o término, dialogaram por algum tempo. Uma das mulheres levantou-se dizendo:
— Sensei! Meu nome é Miyoko Nakazawa e atuo como responsável pela Divisão Feminina do Distrito Ono, organização local deste Centro Cultural de Aomori. Com o desejo de convidá-lo a vir ao nosso distrito, vencemos em tudo. Nós temos muitas pessoas imensamente valorosas. Gostaria de solicitar-lhe que se encontrasse, sem falta, com nossos membros.
Shin’ichi respondeu:
— Entendi. Pela minha programação, hoje tenho reunião conjunta de líderes das províncias de Aomori e de Akita a partir das 13h30. Em seguida, diálogo com representantes da província de Akita e, logo após, foto comemorativa com os membros da Academia Hirosaki. Depois disso, ao final da tarde, tenho disponibilidade. Da parte dos senhores, tudo bem? Por favor, convidem todas as pessoas que possam vir a este centro cultural.
Além disso, ficou definida a participação voluntária das pessoas da vizinhança que não fossem do Distrito Ono.
A agenda de Shin’ichi nesse dia, também, foi inteiramente tomada desde a manhã. No início da tarde, incentivou a primeira turma do recém-fundado Grupo Futuro de Aomori. Na sequência, dialogou com algumas dezenas de membros de Shimokita que o procuraram.
Reprodução/Foto-RN176 Ilustração da BSGI
Na primavera de dez anos antes, Shin’ichi recebera uma foto com trinta a quarenta integrantes da Divisão dos Estudantes Esperança, que haviam participado de uma reunião realizada em Ominato, península de Shimokita, junto com as palavras de decisão de alguns representantes. Observando a alegria da fé com ardente paixão desses estudantes em Shimokita, ao extremo norte da ilha principal do Japão, Shin’ichi sentia-se imensamente feliz. De pronto, ele enviou o segundo volume do Diário da Juventude, livro não comercializado, com a dedicatória: “Vou sempre orar pela glória e pelo desenvolvimento dos membros da Divisão dos Estudantes Esperança de Shimokita. Daqui a dez anos, vamos encontrar, sem falta, com todos os integrantes dessa foto”. E ainda, em novembro do ano seguinte, ele enviou o livro Watashi no Jinseikan[Minha Concepção de Vida] de sua autoria, escrevendo-lhes: “Meus integrantes da Divisão dos Estudantes Esperança de Shimokita, caminhem pela tempestade”.
Os jovens representantes desse grupo foram procurá-lo junto com a responsável pela Divisão dos Estudantes Esperança na época.
Parte 29
Shin’ichi os recepcionou, pela primeira vez, louvando-os sinceramente. Estabelecendo o juramento visando os dez anos, todos desafiaram diversas dificuldades e sofrimentos e avança-
ram imponentemente.
— Sejam todos muito bem-vindos! Creio que todos oraram ao Gohonzon com o juramento de realizar, sem falta, esse encontro com aspecto de desenvolvimento. E se esforçaram até hoje, sem se esquecerem desse juramento. Esse é o ponto importante. Jamais devem quebrar um juramento feito ao Gohonzon. Decidir é fácil, mas se não puser em prática, não fará sentido. Cumprir o juramento estabelecido, por si só, é um ato da maior nobreza, pois aí se encontra o caminho para determinar a vitória na vida.
Até então, os membros se reuniam periodicamente, reconfirmando seu juramento e se aprimorando com muita dedicação. Entre os membros que foram se encontrar com Shin’ichi, havia um jovem chamado Masashi Kimori. Ele estudara na Universidade Soka e já havia sido contratado por uma grande empresa em Tóquio, onde começaria a trabalhar em abril.
As condições financeiras da família de Kimori eram bastante precárias e não permitiam frequentar um curso superior. O pai havia saído de casa para trabalhar em um local distante e a mãe tinha emprego numa serraria. Assim, eles criaram quatro filhos. Desde o ensino fundamental 2, o jovem também trabalhava na distribuição de leite e de jornais. Em pleno inverno de temperatura abaixo de zero grau Celsius, quando fazia a distribuição de leite no rigoroso frio das nevascas, seus dedos chegavam a perder a sensibilidade.
Depois de receber incentivos de Shin’ichi, Kimori estava firmemente decidido a corresponder às suas expectativas tornando-se uma pessoa de grande valor que contribuísse para a sociedade. Quando estava no segundo ano do ensino médio foi inaugurada a Universidade Soka. Então, ele manifestava forte desejo de estudar na instituição fundada por Yamamoto sensei. Sabia perfeitamente das condições financeiras difíceis da família. Porém, tomou uma decisão, pediu aos pais para estudar lá e recebeu o consentimento deles. Dedicou-se intensivamente aos estudos e no ano seguinte à conclusão do ensino médio, ingressou na Universidade Soka, sendo o primeiro aluno da região de Shimokita. Ele foi morar no apartamento do irmão que trabalhava em Tóquio. Durante a sua vida estudantil, realizou diversos serviços temporários, dentre os quais em obras públicas civis. Visando o encontro com Shin’ichi depois de dez anos, Kimori continuou a desafiar a si próprio, cerrando os dentes.
Vitorioso é aquele que vence a si mesmo com perseverança; é aquele que cumpre seu juramento.
Parte 30
Shin’ichi tirou foto comemorativa com os jovens de Shimokita e disse-lhes:
— A verdadeira batalha na vida começa agora. A vitória ou a derrota se definem daqui a dez, vinte ou trinta anos. Transmitam as melhores recomendações às pessoas que não puderam vir hoje!
Caminhando um pouco, voltou-se e disse:
— Por mais distante que estejam, todos são meus discípulos! Acreditem nisso!
Esses membros se autodenominaram Grupo Shimokita e, depois desse dia, continuaram se encontrando e se incentivando mutuamente. Kimori, que era coordenador do grupo, trabalhou numa grande empresa após a formatura na Universidade Soka. No entanto, o seu desejo de trabalhar para o bem de sua terra natal se fortalecia a cada dia. Por fim, tomou a decisão de ser professor em sua localidade. Prestou exame na província de Aomori e se tornou professor de uma escola do ensino fundamental 1 em Shimokita. Mais tarde, exerceu o cargo de diretor da instituição e contribuiu bastante para o bem da sociedade local. Dentro da Soka Gakkai, atuou como líder da província.
Cada um dos membros protagonizaram o drama da vitória em sua localidade, sempre com o juramento a Shin’ichi no coração.
No início, foi apenas uma foto, tirada e enviada espontaneamente a Shin’ichi, firmando o juramento, sem que ninguém tivesse solicitado. Não era absolutamente um ato esperando receber incentivos dele. Naturalmente, todos os dias, Shin’ichi se esforçava com dedicação para corresponder à sinceridade dos membros. Porém, mesmo sem receber qualquer resposta ou incentivo, os membros estabeleceram um laço de coração com Shin’ichi, o mestre da vida, através da foto enviada para ele. Desde o momento em que encaminharam aquela única foto, todos já haviam zarpado rumo ao grande oceano de vitórias, com o coração de Shin’ichi.
A relação de mestre e discípulo não é algo que se cria com um encontro físico. Ela existe em meio à árdua batalha para avançar imponentemente visando concretizar o juramento ao mestre que abraçou em seu íntimo. Eis aí o desabrochar da vida.
“Flores e frutos que alegram os olhos das pessoas são, com certeza, decorrentes da força total das raízes ocultas debaixo do solo”1 — essa é a observação de Motoko Hani, educadora originária da província de Aomori.
O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.
Nota:
- Shiso Shitsutsu, Seikatasu Shitsutsu [Pensamentos e Vida Diária]. parte 1. Coletânea de Obras de Motoko Hani. v. 2. Editora Fujin-no Tomo Sha.