ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 12/06/2021 07:03 CADERNO NOVA REVOLUÇÃO HUMANA
Capítulo “Grande Montanha”, volume 30
PARTE 27
Deng Yingchao disse, enfatizando:
— Não deve recuar nem um passo sequer!
E o sorriso voltou ao seu rosto.
As palavras ditas por ela, uma pessoa que veio lutando ininterruptamente ao longo de dezenas de anos, em meio a situação extremas e críticas, cercada de “inimigos à frente e também na retaguarda” possuíam um peso enorme. Permanecer ou deixar a presidência era algo que ele mesmo decidiria, mas foram palavras gratificantes cujo sincero coração o comoveu profundamente.
Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Para corresponder ao sentimento de Deng Yingchao, Shin’ichi Yamamoto renovou sua decisão de que, independentemente de qual fosse sua posição, manteria por toda a vida sua caminhada em prol da amizade nipo-chinesa pelo eterno futuro, a qual jurou que cumpriria ao falecido primeiro-ministro Zhou Enlai.
Para cumprir a promessa feita a ele e o juramento pela amizade entre Japão e China, Shin’ichi viajou no ano seguinte, em abril de 1980, para a sua quinta visita à China.
Nessa ocasião, Deng Yingchao convidou o casal Yamamoto para visitar Xihuating, localizado em Zhongnanhai, em Pequim. Era a residência onde ela viveu longos anos junto com o primeiro-ministro Zhou.
Shin’ichi e Mineko souberam que a sala de visitas para a qual foram conduzidos era o local em que, até a conclusão do Grande Salão do Povo, o primeiro-ministro se encontrava com os convidados estrangeiros. Deng ainda os levou ao jardim interno, dizendo: “Queria muito que pudessem apreciar isso”. Flores de málus tinham botões de suave tom rosa, e os lilases na cor púrpura clara exalavam doce fragrância.
O diálogo de amizade continuou enquanto contemplavam o jardim.
A visita seguinte de Shin’ichi à China ocorreu em junho de 1984. Deng Yingchao o recebeu no Grande Salão do Povo como presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e lhe falou sobre sua esperança de expandir ainda mais o intercâmbio entre os jovens da China e os do Japão.
Cinco anos depois, no dia 4 de junho de 1989, aconteceu o segundo incidente de Tiananmen [Protesto na Praça da Paz Celestial] na China.
A partir de então, os Estados Unidos e os países da Europa recusaram as visitas recíprocas dos chefes de Estado, e o governo japonês decidiu congelar o terceiro empréstimo de iene à China, fazendo o país ficar isolado internacionalmente.
Shin’ichi pensou: “No final, é o povo chinês quem está enfrentando as dificuldades. Mais que nunca, agora, como amigo, empenharei sinceros esforços e abrirei a janela para o intercâmbio. Esse é o caminho correto como ser humano e uma verdadeira amizade!”.
Somente quando a janela está aberta é que se torna possível o diálogo.
PARTE 28
Inicialmente, estava previsto que Shin’ichi Yamamoto visitaria a China em setembro de 1989 e participaria dos eventos relacionados aos quarenta anos de fundação do país. Contudo, devido às circunstâncias vigentes, ele foi obrigado a adiar a viagem. Então, designou um representante confiando-lhe transmitir a mensagem para Deng Yingchao cujo teor era de que sem falta iria na primavera seguinte. Também a presenteou com uma pintura em tamanho natural do casal Zhou.
“Não se deve isolar a China!” — assim ele havia decidido fortemente em seu coração.
Em maio de 1990, o sétimo grupo de visita da Soka Gakkai e o grupo de intercâmbio da amizade, um total significativo de 281 pessoas, vistaram a China. Isso proporcionou uma grande corrente de reinício do intercâmbio com o país. Muitas entidades que apenas observavam a situação, hesitantes em se envolverem com a China, seguiram os passos da Soka Gakkai.
Na ocasião, Shin’ichi e Mineko visitaram novamente Xihuating, a residência de Deng Yingchao em Zhongnanhai, em Pequim.
Ela estava com 86 anos, e embora estivesse internada, pediu alta do hospital para recepcionar Shin’ichi e Mineko de pé, no portão de entrada. Shin’ichi correu para perto dela e segurou suas mãos. Ela já havia perdido a capacidade de locomoção, e estava claro aos olhos de todos que seu corpo estava enfraquecido. Porém, era extremamente lúcida.
Shin’ichi disse-lhe, quase suplicando:
— Peço que a “mãe do povo” continue para sempre com saúde e disposição. Se a “mãe” estiver bem, “as crianças” também estarão todas bem.
Ela lhe entregou um cortador de papel de marfim, objeto pessoal do primeiro-ministro Zhou, e um porta-canetas de jade de seu uso particular, dizendo: “Insisto que os aceite, por favor”. Eram objetos que poderiam ser considerados “tesouros nacionais”. Não havia dúvida de que ela sentia a chegada do limite de sua vida. Ao pensar no que estava por trás desse sentimento, o coração de Shin’ichi doía.
Ele decidiu aceitar os presentes como “símbolo do espírito que luta eternamente pela paz e pela amizade”. Esse foi o último diálogo entre eles.
Deng Yingchao faleceu dois anos depois, em junho de 1992, aos 88 anos. Porém, os laços de amizade e de confiança entre ambos os países que ela criou junto com o primeiro-ministro Zhou se tornaram a eterna ponte do intercâmbio entre os povos.
Não se pode ver o coração. No entanto, quando esses corações se unem firme e fortemente, transformam-se em verdadeira amizade.
O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.