Leia relatos de mulheres que tiveram libido baixa após a gravidez e confira dicas para resgatar o prazer
ROTANEWS176 E TERRA 29/05/2015 11h28 Patricia Zwipp
“Fiquei com baixa libido por conta das mudanças na minha vida. Só pensava no meu bebê”, disse a modelo e ex- BBB Jaque Khury ao Terra sobre a chegada do filho Gael, que nasceu em janeiro do ano passado. “Não sentia desejo sexual algum nos primeiros meses”, “a criança era a única coisa que me importava” e “fiquei com medo de nunca mais ter libido” são frases realmente comuns de se ouvir de mães depois do parto . Também passa por isso? Pois saiba que a falta de desejo sexual nesse momento é completamente normal, mas incomoda e preocupa muitas mulheres e seus companheiros.
Reprodução/Foto-RN176 Jaque Khury e o marido, Rafael Melo Foto: Blog Nova Mãe / Reprodução
Logo após dar à luz, o sexo é compreensivelmente uma das últimas coisas em que se vai pensar e a situação está relacionada a vários fatores. A questão hormonal é muito importante, com a atuação do hormônio da amamentação, a prolactina. Há ainda o abalo emocional, com a preocupação com a criança e a baixa autoestima. As noites mal dormidas e o cansaço também marcam presença.
De maneira geral, espera-se 40 dias para voltar à vida sexual, o famoso resguardo. “Deve-se esperar o útero cicatrizar, voltar ao seu lugar. Mas é possível até voltar antes, se não tiver dor, estiver cicatrizado, estiver se sentindo bem e com vontade”, explicou o ginecologista e obstetra Alfonso Massaguer, diretor da Clínica Mãe.
Jaque, que mantém o blog Nova Mãe, acabou voltando à ativa justamente 40 dias pós-parto. “Já estava com a libido em alta. Difícil foi esperar. Estava superansiosa para voltar a namorar. Afinal, no fim da gravidez, não rola”, revelou. Mas, antes, ela também passou por inseguranças em relação ao seu corpo. “Ficar em casa e ver seu marido sair para trabalhar já é um convite para pensar besteiras e ficar deprê.”
Sem vontade
A administradora Paula Souza*, de 30 anos, tem um filho de 5 meses e também aguardou apenas a liberação médica, mas não se sentia totalmente preparada nem com vontade. “Estava com receio da situação. Apesar de o meu marido nunca ter falado nada sobre isso ou feito pressão, parecia que eu tinha que retomar meu lado mulher para não prejudicar o relacionamento. Mas era coisa da minha cabeça mesmo. Como senti um pouco de dor pela falta de lubrificação, conversamos sobre o assunto e decidimos ir com mais calma.”
Nem todas as mulheres retomam a vida sexual rapidamente. Uma em 10 espera seis meses ou mais para voltar a ter relações com o parceiro, segundo pesquisa da instituição British Pregnancy Advisory Service, do Reino Unido. Entre os motivos estão cansaço, dor e autoconsciência corporal. “Depois que a minha filha nasceu, fiquei seis meses sem ter relações, simplesmente porque não pensava em outra coisa a não ser no neném. Mas não me passou pela cabeça que isso nunca mais ia acontecer, era apenas outro momento meu. Meu marido nunca me cobrou”, comentou a empresária Adriana Souza*, de 50 anos, cuja filha tem 21.
A dona de casa Claudia Silva*, de 37 anos, tem uma filha de 2 meses e também pretende esperar mais. “Mal tenho tempo para dormir, quanto mais para pensar em sexo. Por recomendação médica, tive que evitar relação sexual já durante a gravidez, por riscos à gestação. E ainda vai demorar mais um pouco para pensar nisso. Meu marido já esperou bastante e pode esperar mais um pouco.”
A boa notícia é que alguns cuidados podem facilitar o processo e resgatar a diversão entre quatro paredes. Confira as dicas dos especialistas:
1 – Lubrificação vaginal
A amamentação deixa a vagina mais seca e sensível. “Isso dificulta a relação sexual, faz com que a mulher sinta dor no momento da penetração”, comentou o ginecologista e obstetra José Luis Crivellin. Se estiver com a libido baixa, piora a situação, lubrificando-a ainda menos. “As dicas são usar lubrificante íntimo e hidratante vaginal”, completou Crivellin.
Reprodução/Foto-RN176 Foto: iStock
A administradora Paula passou por esse incômodo e tem lançado mão de lubrificantes. “Depois da primeira tentativa com dor, conversei com a ginecologista, que me indicou o produto. Tem ajudado bastante e, como o desejo sexual está aumentando, acho que facilitou ainda mais”.
2 – Método contraceptivo
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A amamentação, principalmente a exclusiva, pode ajudar a inibir a ovulação e servir como método contraceptivo, mas não se pode confiar 100%. “É até possível engravidar antes de menstruar”, comentou o ginecologista Massaguer. Para que a mulher se sinta tranquila, o ideal é que, de 30 a 40 dias após o parto, já tenha escolhido como evitar uma nova gravidez.
Os métodos mais utilizados são DIU de cobre e progesterona, implante de progesterona e pílula só de progesterona. “A pílula não pode ter estradiol, que pode interferir na amamentação, passando um pouco de hormônio ao bebê”, esclareceu Massaguer. A empresária Adriana Souza optou por colocar o DIU de cobre seis meses depois do parto. “Como estava amamentando, não quis voltar a tomar pílula. Foi a melhor opção. Nunca mais usei outro método”.
3 – Autoestima
Problemas com a autoestima também costumam atrapalhar o retorno à vida sexual. O cabelo e a pele mudam, o peso ainda não voltou ao normal, os seios estão inchados e, para piorar, falta tempo para cuidar de si mesma. “Fui recuperando a autoestima conforme emagrecia. Também voltar a vida sexual me fez ficar mais confiante”, disse a ex-BBB Jaque.
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“O ideal é ter paciência, não se cobrar demais e, quando tiver tempo livre, usar para cuidados consigo mesma. Algumas mães querem dar conta de tudo, provar que são supermulheres e acabam esquecendo de si mesmas”, afirmou a psicóloga clínica e psicoterapeuta Triana Portal.
Os companheiros podem ajudar nesse quesito. “O papel do marido é fundamental. É ele quem precisa estimulá-la a ser ver, novamente, como uma mulher, além de ser mãe. Motivá-la a se arrumar, a se cuidar. E se o humor e a disposição da mulher estiverem muito em baixa, é aconselhável buscar o médico para orientá-los sobre outros cuidados que possam ser necessários”, acrescentou a psicóloga clínica e hospitalar Carla Ribeiro.
4 – Tempo a dois
Tanto a mulher quanto o homem se encontram em um momento em que o papel de pais está em destaque, mas não podem se esquecer que são um casal. “O grande erro após o parto é não namorar mais. Esse hábito deve ser permanente em uma relação”, afirmou o psicólogo Eraldo Melo. “A mulher não pode se esquecer do seu companheiro. São nos momentos a dois que a mulher terá um descanso, conversará para dividir as dúvidas. Ela precisa permitir a colaboração do marido”, completou a psicóloga Carla.
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A psicóloga Triana recomenda reservar um momento só do casal, seja uma noite para jantar fora, ir ao cinema ou, de fato, ter intimidade sexual. Para isso, é preciso aprender a se separar do bebê um pouco, deixando-o com os avós, por exemplo. Jaque retomou a vida sexual com o marido em uma viagem à praia, quando deixou o filho Gael com a sogra. “Tem que reservar um horário, mesmo que sem vontade. O casal tem que ficar junto, mesmo que não for fazer sexo, a companhia é importante. Beijar, se amar, ver um filme juntos”, recomendou a modelo.
Quando a mulher se sentir pronta para voltar à vida sexual, o psicólogo Eraldo recomenda que ela prepare algo que a excite. “Cada uma tem uma forma, como uma roupa íntima especial, algumas bebida que goste, uma música de sua preferência ou um local agradável”, listou. “Meu marido sempre respeitou e eu tive que atacar literalmente. Homem fica cheio de medo (risos). Tem a cicatriz da cesárea, não é nada fácil. Tem que conversar mesmo”, revelou Jaque.
5 – Medo de traição
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A mulher deve voltar à vida sexual por desejo e vontade própria e não para agradar o marido ou por imposição dele, opinou a psicóloga Triana. “Algumas pacientes contam que transam sem vontade e fingem orgasmo por medo que os maridos, por falta de sexo em casa, possam traí-las, buscar ‘na rua’ o que elas não estão provendo ou porque precisam cumprir o papel de esposa”, acrescentou a profissional.
É importante se esforçar para não deixar que o papel de mãe se torne o único de sua vida. Nada em excesso é saudável. “Minha dica é se desdobrar e também pedir ajuda dele para cuidar do bebê. Reservar uma noite só para o casal também é bacana. Mesmo desanimadas temos que tentar. Minha dica é essa. Tome a iniciativa”, recomendou Jaque.
O homem, por sua vez, deve entender que pressão só afasta ainda mais o casal. É o momento de demonstrar companheirismo, compreensão e afeto, atitudes que vão fazê-la admirá-lo mais, evitando reclamações, cobranças e ameaças.
O diálogo entre o casal é, sem dúvidas, fundamental para eliminar inseguranças. “Meu marido sabe que não estou preparada ainda e, para falar a verdade, ele também está cansado. Já são alguns meses sem sexo, mas conversamos sobre isso desde a gravidez e faz parte do processo”, comentou a dona de casa Claudia.
6 – Alterações
Se já está com libido baixíssima por muito tempo, como oito meses ou mais, é importante avaliar a situação. “Por trás do incômodo pode estar uma série de doenças, como alterações na tireoide, depressão pós-parto, anemia”, comentou o ginecologista Massaguer. Procure pela avaliação do médico, que pode indicar o melhor tratamento. “A chamada síndrome ‘baby blues’, que é a tristeza pós-parto, tem que ser tratada com acompanhamento psicológico e antidepressivo, se necessário”, exemplificou Crivellin.