Jovens que vivem o kosen-rufu

ROTANEWS176 22/09/2023 15:10                                                                                                                        CADERNO NAVA REVOLUÇÃO HUMANA                                                                                                                    Por Ho Goku

Capítulo “Sino do Alvorecer”, volume 30

 

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração da matéria – Ilustrações: Kenichiro Uchida

PARTE 45

Victor Hugo sofreu com a opressão do presidente Charles Louis-Napoléon (posterior Napoleão III), que se tornava um ditador, e foi forçado ao exílio. Durante o exílio, ele anunciou o livro Napoleão, o Pequeno, que descrevia o impeachment do presidente, e concluiu sua grande obra Os Miseráveis, em atitude semelhante a Dante Alighieri, o qual escreveu A Divina Comédia ao ser deportado de Florença.

O fato de eles terem produzido suas obras-primas em meio à mais terrível circunstância deve estar relacionado com o forte espírito de combate contra as maldades. Em uma vida afiada pela decisão de realizar uma luta de vida ou de morte contra as maldades, surge com clareza o discernimento do que é certo e errado do ser humano, do bem e do mal, da verdade e da falsidade. E a ira contra a maldade se torna a paixão pela justiça.

O retorno de Victor Hugo à pátria, a França, só ocorre após a queda de Napoleão III, dezenove anos depois de ser deportado, aos 68 anos. Suas criações literárias aumentaram ainda mais. A disposição dele era a de um jovem. A pessoa não envelhece somente com o passar dos anos. No momento em que se perde a esperança e abandona seus ideais, o espírito envelhece.

Victor Hugo registrou: “Meu pensamento é o de sempre avançar”.1

Observando o registro das contribuições de Victor Hugo no Senado, Shin’ichi sentiu como se a brisa da revitalização soprasse no local.

Nessa ocasião, ele pensou: “Para deixar à posteridade os extraordinários trabalhos desse grande escritor, Victor Hugo, como também a vida de lutas desse herói, devo contribuir de alguma forma, realizando, por exemplo, exposições”.

Dez anos depois, em 1991, essa ideia se tornou realidade. Recebendo o apoio de vários amigos, foi inaugurado o Centro Literário Victor Hugo na cidade de Bièvres, ao sul de Paris. O Castelo de Roches, onde foi instalado esse centro literário, é um local que Victor Hugo visitou diversas vezes.

Nesse espaço aberto ao público estão expostos valiosos objetos tais como manuscritos, relíquias e documentos que representam o espírito do grande escritor. É um castelo literário que ilumina o futuro com a luz do humanismo de Victor Hugo.

PARTE 46

Após a visita ao Senado francês, Shin’ichi dialogou com o seu presidente, Alain Poher, na residência oficial dele, o qual possuía forte interesse pela Soka Gakkai. Diz-se que ele desejava criar uma nova oportunidade para que pudessem conversar amigavelmente.

O presidente mencionou sua simpatia pelos intercâmbios culturais e pela paz, como também pelos encontros com importantes personalidades de diversos países visitados por Shin’ichi naquela ocasião, de situações sociais totalmente distintas, tais como a União Soviética e a Bulgária.

Para a paz, é importante o intercâmbio com países de diferentes culturas e sistemas. Porém, em geral, as pessoas têm a tendência de se afastar desse tipo de intercâmbio. Por isso mesmo, as ações de Shin’ichi chamavam a atenção do presidente do Senado francês.

No diálogo, Shin’ichi expressou resumidamente suas convicções em relação à paz:

— Há pessoas que falam da paz e do respeito à vida somente para autopromoção e, muitas vezes, de forma teórica. Mas aquelas que desejam sinceramente a paz e os jovens de pureza estão observando atentamente com visão aguçada. O mais importante é quanto agiu na prática e de verdade. Estou me movimentando com essa convicção. Se não for assim, é impossível provocar a verdadeira onda de paz nos jovens que se responsabilizarão pela era vindoura. Luto com toda a seriedade. Na época da Segunda Guerra Mundial, a Soka Gakkai sofreu uma violenta opressão do governo militarista. Em virtude disso, o primeiro presidente, Tsunesaburo Makiguchi, morreu na prisão, e o segundo presidente, Josei Toda, e diversos líderes foram presos. Particularmente, eu também perdi meu irmão na guerra e senti na pele a tragédia da devastação. É por essa razão que estou me dedicando para realizar o pacifismo com a crença no budismo que é a filosofia do respeito à dignidade da vida, com o sentimento de construir um mundo livre de guerras.

O diálogo se intensificava. O presidente relatou sua experiência na Resistência Francesa (La Résistance).

Os assuntos tratados foram desde a concepção da personalidade do ex-presidente da França Charles de Gaulle até o modo de vida do ser humano. A troca de opiniões acabou se estendendo por cerca de três horas.

A convicção do presidente era de que “o ser humano deveria ajudar uma pessoa menos favorecida que ele próprio”. As vozes de simpatia pela paz se expandiam novamente.

PARTE 47

Em Paris, paralelamente aos diálogos com autoridades e intelectuais, Shin’ichi Yamamoto se empenhava com todas as forças no incentivo aos membros.

No dia seguinte à chegada a Paris, em 11 de junho, ele participou de um diálogo sobre a prática da fé com os membros jovens da França; no dia 12, visitou a sede de Paris e incentivou as pessoas que ali se reuniram para a reunião de gongyo, e realizou um diálogo. No dia 13, participou do Festival Cultural da Amizade na sede de Paris, seguido do descerramento da placa comemorativa dos vinte anos do kosen-rufu da França e do Gongyo Comemorativo. No dia 14, participou do Conselho Superior de Líderes da França.

Durante a sua estada em Paris, realizou ainda diversas sessões de fotos comemorativas com os membros, além de participar pessoalmente de visitas familiares.

Sentindo que aquele era o momento visando o grande voo no século 21, ele estava decidido a transmitir a cada pessoa o espírito da Soka Gakkai e os pontos primordiais da prática da fé, principalmente aos jovens.

Na manhã do dia 14, saindo do hotel em que se hospedava, Shin’ichi caminhava pela avenida que margeava os jardins das Tulherias nas proximidades do Museu do Louvre. Ele iria tomar metrô e trem para se dirigir à sede de Paris, localizada na cidade de Sceaux. No dia anterior também, havia se deslocado de trem. Queria conhecer as condições em que os membros se empenhavam nas atividades do dia a dia.

Ao descer a escadaria da estação das Tulherias do metrô, Shin’ichi disse aos líderes que o acompanhavam:

— Hoje, na sede de Paris, será realizada a Primeira Reunião de Representantes da Divisão dos Jovens, não é? Visando a nova partida dos jovens, gostaria de lhes dedicar um poema. Você poderia, por favor, anotar o que vou ditar?

Mesmo que fosse um pequeno intervalo de tempo, ele queria utilizá-lo de forma proveitosa em prol do kosen-rufu. Chegando à plataforma, começou a ditar:

Neste momento,

vocês se levantaram como pioneiros

do sublime e grandioso movimento

chamado kosen-rufu pelos dez mil anos.

Levantaram-se hasteando alto a bandeira da vida,

a bandeira da justiça, a bandeira da liberdade.

O século 21 é o mundo de vocês.

O século 21 é o palco de vocês.

PARTE 48

No interior do metrô também prosseguia o ditado. Os membros acompanhantes se esforçavam para anotar no caderno.

Na estação Châtelet, a terceira a partir de Tulherias, fizeram baldeação para a Linha B rumo à periferia. O ditado continuava na esteira rolante e enquanto aguardavam o trem.

Neste momento, a sociedade

entrou na época do caos,

tal como o sol do entardecer que se põe.

Por isso, neste momento,

nós entoamos a letra e a

música do renascimento

da paz e da cultura,

tal como o novo sol que se levanta.

Ampliando o círculo de amigos,

numerosos e refrescantes.

Às pessoas idosas, às pessoas que sofrem,

às pessoas que buscam,

às pessoas que se afundam na tristeza,

lançando o brilho no coração de todas as pessoas,

revitalizando a alegria em todas as pessoas,

nós avançamos,

sem nenhuma interrupção.

Em suas pálpebras surgia o aspecto heroico dos vigorosos jovens que vivem pelo kosen-rufu da nova era.

O novo mundo

aguarda ansiosamente,

o aspecto de vocês

montados no cavalo branco,

segurando a compaixão na mão direita

e a filosofia na mão esquerda.
Logo após terem feito baldeação para o segundo trem, o ditado de Shin’ichi terminou. De fato, foram cerca de dez minutos.

Os membros acompanhantes se apressaram para passar a limpo as anotações feitas às pressas. Shin’ichi fez a revisão e as correções do poema.

Nesse momento, ouviram-se vozes dizendo: Sensei!. Três membros franceses da Divisão Masculina de Jovens e da Divisão Feminina de Jovens estavam em pé diante dele. Eles falaram que iriam para a sede de Paris, vindos da região da Bretanha, distante algumas centenas de quilômetros.

— Muito obrigado pelos esforços. Estão vindo de longe. Não estão cansados pela longa viagem?

O sentimento de valorizar os jovens manifestava-se em palavras.

Os jovens são a esperança e o tesouro da sociedade.


O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

Nota:
1. HUGO, Victor. Noventa e Três. parte 2. Tradução: Kozo Sakakibara. Editora Ushio Shuppan Sha.

Ilustração: Kenichiro Uchida

FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO