ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 15/07/2023 13:20 RELATO DIRETO DA REDAÇÃO DO JBS
A carioca Ariana investe no aprimoramento e avança firme fazendo a diferença na sociedade.
Reprodução/Foto-RN176 Ariana acompanhada da mãe, Gilza, Ariana Kelly dos Santos. Na BSGI, é a atual coordenadora da Juventude Soka do Rio de Janeiro e vice-coordenadora da Juventude Soka da BSGI – Foto: Arquivo pessoal
Como é gratificante vivermos uma juventude na qual encontramos valor em tudo. Com a certeza de como essa afirmação faz todo sentido para mim, e que possa também inspirar os que estiverem lendo, compartilho com vocês um pouco da minha jornada. Sou a Ariana Kelly, faço parte da Juventude Soka, pratico o Budismo Nichiren há 29 anos, atuando na organização no Rio de Janeiro.
Aprendi desde muito cedo a importância da oração no budismo. Minha mãe iniciou a prática aos 44 anos, em 1994, a partir da luta dos membros do Rio de Janeiro após a visita de Ikeda sensei em 1993, eu tinha 8 anos. Sem conseguir terminar o ensino fundamental 1, ela estava desempregada, com uma filha pequena para criar e com a necessidade de apoiar a família. Desafiou então orar mais de cem horas de daimoku (recitação do Nam-myoho-renge-kyo) em uma semana, com a comprovação surgindo em forma de um novo emprego, onde ela ficou por quase vinte anos até se aposentar.
Bem, tive uma adolescência difícil, com muitas dificuldades financeiras e desarmonia com minha mãe. Em todo esse processo, muitas companheiras da Gakkai estiveram ao meu lado, visitando-me e me incentivando. Elas acreditaram na capacidade da Ariana de se tornar uma pessoa melhor, nutrindo sonhos e gratidão.
Aos 16 anos, resolvi praticar seriamente. Determinando não fazer parte das estatísticas negativas da sociedade, lancei-me aos desafios e às atividades que a organização proporcionava. Consegui vencer a relação de desarmonia com minha mãe. Passei a orar para amar e ter gratidão a ela, consegui mudar meu coração e hoje somos grandes amigas.
Aos 20 anos, desafiei-me a entrar em um curso superior. Para tanto, estudava doze horas por dia durante a semana mesmo trabalhando, fazia daimoku e usava o fim de semana para me dedicar às atividades da organização, atuando como líder de comunidade. Consegui, assim, ser aprovada no vestibular. Foi nesse ano que concretizei minha primeira shakubuku (pessoa a quem apresentamos o budismo). Como boa carioca, foi no samba; e de lá para cá, eu me esforço para encontrar as pessoas e apresentá-las à prática budista.
Em 2009, aos 23 anos, como responsável pelo distrito, vivi a maravilhosa convenção dos jovens, apresentando pela banda feminina Asas da Paz Kotekitai. Mas também foi um dos períodos mais difíceis da minha vida em relação à prática da fé. Comecei a questioná-la, a achar que tudo o que havia conseguido tinha sido somente por meus esforços; a arrogância foi se manifestando. Fui perdendo a paixão de atuar na Gakkai.
Reprodução/Foto-RN176 Com as companheiras da banda Asas da Paz Kotekitai – Foto: Arquivo pessoal
Por meio da leitura das cartas de Nichiren Daishonin, entendia que estava enfrentando os “três obstáculos e quatro maldades”. Naquele momento, decidi vencer. Comecei a recitar forte daimoku e a criar um diário de vitórias. Então, entendi o trecho do escrito O Daimoku do Sutra do Lótus, que diz: “A fé é o requisito básico para entrar no caminho do Buda”.1 Aprendi que a maldade, qualquer que seja ela, só pode ser vencida com daimoku! Fiquei quatro anos nessa batalha espiritual comigo mesma e alcancei a vitória.
Após isso, tive a oportunidade de atuar como coordenadora da Divisão dos Universitários do Rio de Janeiro. Pude desbravar minha vida acadêmica e profissional. Foi nessa liderança que realizei o sonho de encontrar o Mestre em terras japonesas, em 2014 e em 2017. Fui aprovada no mestrado, conquistando o sonho de cursar a pós-graduação.
Reprodução/Foto-RN176 Em um dos cursos no Japão, em 2014 – Foto: Arquivo pessoal
Em dezembro de 2018, mesmo antes de finalizar o mestrado, fui aprovada no doutorado, e, na mesma semana, fui convidada a atuar como coordenadora da Divisão dos Jovens do RJ. Que imensa honra e responsabilidade! Desde essa ocasião, busco me desafiar e vencer todos os dias, conciliando tempo e oportunidade, orando para proteger e fazer avançar esse movimento pela paz que abraçamos.
Em 2020, mesmo com o desafio financeiro que o país enfrentava, reuni condições para viver e apoiar quem precisava. Também fui convocada para lecionar na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a mesma instituição que homenageou Ikeda sensei em 1993. Foram dois anos de gratificantes aprendizados.
Ano passado, determinei que qualificaria minha tese, e conciliando atividades e trabalho iniciei a escrita do projeto. Criei também, com alguns amigos, um instituto, onde atuo no eixo de políticas para garantia de direitos das mulheres e fundei um curso de pós-graduação, em nível de especialização, no campo de políticas públicas de enfrentamento à violência contra as mulheres, segmento em que me dedico profissionalmente.
Minha qualificação do doutorado ocorreu em outubro de 2022, indo para a fase final neste ano (2023), com previsão de término até 18 de novembro, quando completaremos 93 anos de fundação da Soka Gakkai. Serei a primeira da minha família e de várias gerações a ser titulada como doutora.
Reprodução/Foto-RN176 Titulação de qualificação do seu doutorado – Foto: Arquivo pessoal
Contrariando todas as estatísticas, sigo avante, como uma jovem ainda com muitos sonhos a serem realizados e com a disposição de fazer a diferença e de abrir caminhos onde estiver.
Agradeço à Juventude Soka do RJ, por inspirar minha vida, e ao meu companheiro Wellington, que nos últimos sete anos tem atuado ao meu lado. Imensa gratidão a Ikeda sensei, pelos constantes incentivos. Muito obrigada!
Ariana Kelly dos Santos é assistente social. Na BSGI, é a atual coordenadora da Juventude Soka do Rio de Janeiro e vice-coordenadora da Juventude Soka da BSGI.
No topo: Ariana acompanhada da mãe, Gilza
Fotos: Arquivo pessoal
Nota:
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 147, 2020.