ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 24/03/2023 09:05 RELATO DA REDAÇÃO DO JBS
Naiane Sano, de Brasília, capital federal, nos conta sobre sua jornada de vitória na profissão e na vida.
Reprodução/Foto-RN176 Naiane Ribeiro Sano, Nutricionista. Responsável pela Divisão Feminina de Jovens da RM DF Centro, Sub. Distrito Federal, CRE Oeste, CGRE.
Eu me chamo Naiane Sano, tenho 35 anos. Atualmente, sou da Juventude Soka aqui de Brasília, DF. Faço parte da Soka Gakkai há dez anos, porém, meu contato inicial com o Budismo Nichiren ocorreu aos meus 16 anos, durante um encontro da Divisão Feminina de Jovens (DFJ) para o qual uma amiga me chamou. Lembro-me de sentir certa estranheza ouvindo a recitação do Nam-myoho-renge-kyo (que chamamos de daimoku), mas conseguia perceber um brilho especial nas mulheres que estavam ali. Vejo-as na minha lembrança, com uma energia gentil, sinceras e muito determinadas. Eu me senti tocada pelos relatos de superação que elas compartilhavam com tanta naturalidade. Naquela época, eu ainda não conhecia o poder transformador do daimoku e tampouco estava aberta a praticar. No entanto, aquele encontro marcou minha jornada.
Oito anos depois, quando estava no começo da minha vida profissional como nutricionista e enfrentando todos os tipos de desafios, reencontrei aquela querida amiga. Ela escutou meus problemas e compartilhou a própria história de superação nesse período, encorajando-me novamente a recitar o Nam-myoho-renge-kyo. Tocada por tamanha convicção dela, desta vez, resolvi tentar.
Reprodução/Foto-RN176 Momentos que Naiane considera como tesouros: interação de jovens e veteranos, como no encontro de estudo da Nova Revolução Humana – Foto: Arquivo pessoal
Nas primeiras semanas, eu me dediquei a recitar daimoku diariamente por dez a quinze minutos, mesmo sem compreender completamente o significado. E, de alguma forma, aquela prática permitiu que os sentimentos negativos que vinha experimentando se transformassem em revigorante sensação de esperança! Busquei participar das reuniões locais, estudar as orientações de Ikeda sensei e dialogar com os veteranos. Após receber o Gohonzon (objeto de devoção dos budistas), continuei me esforçando para me engajar em cada oportunidade que a Soka Gakkai oferecesse, fossem intercâmbios culturais, grupos horizontais, fossem treinamentos. Com quatro anos de prática, não só havia transformado minhas circunstâncias, mas também a forma como enxergava a vida. A angústia, a dúvida e a ansiedade haviam desaparecido! Aprendi a ver as dificuldades como oportunidades para construir um “eu” forte e imbatível, e isso me deixou muito mais confiante!
A profissão sonhada
O trabalho sempre foi um dos meus grandes valores como pessoa. A vida me levou a me especializar em nutrição pediátrica hospitalar que descobri como uma verdadeira paixão. Trabalhei oito anos dentro de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) infantil, onde tive não só vários desafios, como também grandes oportunidades. Cresci a ponto de me tornar referência na área, sendo convidada a participar de cursos, congressos e outras iniciativas. Conheci muitas histórias lindas dos pacientes que guardo como verdadeiros tesouros da profissão.
Reprodução/Foto-RN176 Com a mãe, Nilce, e atrás os irmãos Willian e David – Foto: Arquivo pessoal
Porém, nos últimos três anos, já não me sentia mais realizada como antes. Além de não ter um retorno financeiro adequado, percebi que não havia mais espaço para crescer no emprego em que estava. E veio a pandemia da Covid-19 para intensificar esse desgaste. Trabalhar todos os dias num ritmo acelerado, inconstante e com uma carga emocional maior que jamais havia experimentado afetou minha saúde física e mental. Sofri com baixa autoestima e tive crises de ansiedade. Atuar na organização também ficou difícil. Em resumo, estava infeliz. Precisava mesmo de um novo emprego, mas o medo me paralisava. Como deixar o trabalho que conquistei com tanto esforço e ainda mais num momento de incertezas no mundo?
Em março de 2022, decidi que transformaria infalivelmente aquela condição. Afinal, na Gakkai aprendemos que estamos aqui para ser absolutamente felizes. Então, recordei-me das orientações do presidente Ikeda sobre dedicar-se sem poupar a própria vida, ou seja, uma condição de alegria serena e grandiosa, em que se permanece inabalável diante dos acontecimentos.
Sim, eu deveria assumir a responsabilidade pela minha vitória. Assim, canalizei toda a energia para fazer daimoku. Naquele momento, decidi recitá-lo até a minha vida acordar! Tive a boa sorte de contar com ótima psicoterapeuta que me ajudou a descobrir os próximos passos. Durante uma de nossas sessões, veio à minha mente a “teoria de valor”, de Tsunesaburo Makiguchi, fundador da Soka Gakkai, “do belo, do benefício e do bem”. E aplicando ao meu caso, buscar um trabalho de que gostasse (belo), que trouxesse bom retorno financeiro (benefício) e que contribuísse para a sociedade (bem). Dessa forma, determinei que meu novo emprego deveria ser, primeiro, algo que brilhasse aos meus olhos, e que me desafiasse novamente a crescer na área da nutrição, que tanto amo. Também deveria me proporcionar um salário que fosse pelo menos o dobro do atual e me permitir prezar pelo meu bem-estar, com tempo para me dedicar às atividades da organização e ao lazer. Por último, meu novo emprego deveria estar alinhado com meus valores, sendo mais um palco para o kosen-rufu, onde sentisse que poderia verdadeiramente contribuir para a felicidade das pessoas. Ainda sem algo concreto em vista, esses critérios realmente ressoavam em mim.
Reprodução/Foto-RN176 Com o pai, Edson, e o irmão Willian – Foto: Arquivo pessoal
No primeiro semestre de 2022, dediquei-me, mesmo com dificuldades, a visitar os jovens da minha RM e a participar de pelo menos uma atividade a cada mês. Continuei também dando o meu melhor no local de trabalho. Não queria deixar a equipe desamparada. Esforcei-me para treinar possíveis substitutos, deixar os processos bem estruturados e palestrar de última hora no Congresso de Nutrição arranjado pelo meu empregador. Josei Toda, segundo presidente da Soka Gakkai, fez a seguinte recomendação aos jovens:
Em épocas como esta, os jovens não devem desanimar. Simplesmente canalizem toda a sua energia no trabalho atual e sejam pessoas indispensáveis nesse local. Orando fervorosamente ao Gohonzon e continuando a se esforçar ao máximo, sem deixar que tarefas ou atribuições desagradáveis os intimidem, acabarão encontrando um trabalho que apreciem, proporcione segurança financeira e produza o bem para a sociedade. Esse é o benefício da fé. E isso não é tudo. Quando olharem para trás, perceberão que seu árduo esforço nesse trabalho muito longe de ser satisfatório não foi em vão, e que tudo se transformou num patrimônio valioso para vocês.1
Reprodução/Foto-RN176 Diálogo com a Sra. Maria da Paz Osamura – Foto: Arquivo pessoal
Já no segundo semestre de 2022, visualizamos na RM um movimento dos jovens tendo como pilares três frentes: diálogo, incentivo e daimoku. Iniciamos um movimento de visitas para os veteranos da organização. Nos diálogos, ficou evidente a importância de ouvir seus relatos para aproximar mais o coração, compreender o princípio da “unicidade de mestre e discípulo” (shitei funi) e estreitar laços de amizade.
Em algumas áreas, no fim do ano passado, alguns jovens fizeram uma luta para incentivar a participação no Kofu (contribuição voluntária) em sua localidade. Procuramos incentivar os membros sobre o estudo do budismo e sobre a importância da leitura dos periódicos e livros. Entre as ações, iniciamos uma websérie em formato de vídeos curtos em que compartilhamos relatos dos jovens da RM.
Por último, organizamos o “Daimoku da Vitória” da RM na Sede Comunitária Boueres, com o apoio dos demais líderes, de forma a permitir que os membros tenham um local para fazer daimoku em conjunto enquanto nosso Centro Cultural de Brasília está em reforma. E com transmissão simultânea desse daimoku para quem tem dificuldade de participar presencialmente.
Reprodução/Foto-RN176 Naiane em atuação com as companheiras do grupo Cerejeira, grupo de bastidor da DFJ. – Foto: Arquivo pessoal
E a vida flui!
Em paralelo a essa luta na base, já em setembro, foi lançado um processo seletivo para nutricionista em um hospital público pediátrico que há vários anos não abria novas vagas. É conhecido por ser extenso e demorado na definição dos aprovados. Com o incentivo dos amigos, resolvi participar e, para minha surpresa, tudo aconteceu mais rápido que o habitual. Passei em primeiro lugar em todas as etapas. No dia que saiu o último resultado, ligaram para me oferecer uma vaga com início na semana seguinte. Mais tarde, descobri que uma das entrevistadoras assistiu àquela palestra de última hora e ficou encantada com meu discurso. Aliás, esse discurso que foi montado com base na estrutura de uma reunião de palestra da nossa organização.
Hoje, estou inserida em uma equipe interdisciplinar bastante conceituada no país, lidando com casos de média e alta complexidades que me forçam a me aprimorar. O salário é justamente o dobro do que o anterior e ainda houve ajuste no fim do ano! Com uma nova relação com o trabalho, posso dizer que tenho mais tempo para cuidar do meu bem-estar — assim, estou dormindo melhor, praticando exercício físico e saindo com os amigos — e para estar com minha família. Sou a única a praticar o budismo. Contudo, recebo o apoio de todos; são meus grandes incentivadores.
Reprodução/Foto-RN176 A alegria da participação numa reunião de palestra de comunidade local – Foto: Arquivo pessoal
No começo deste ano, já consegui ler três livros novos. Vocês acreditam que faço parte de uma equipe de remo olímpico?! Além de participar da maioria das reuniões de palestra da minha RM, estou fazendo muitas visitas e dando suporte para meus companheiros de luta. Tenho um trabalho que está me desafiando a entregar mais que o know-how técnico-científico. Sinto a necessidade de estudar ainda mais o budismo e recitar mais daimoku, pois, a realidade dessas crianças requer o cuidado de uma nutricionista verdadeiramente especializada em humanismo.
Meu mestre me ensinou que agir com o espírito de não poupar a própria vida é ter o sentimento de assumir a responsabilidade pela vitória e se empenhar totalmente pelo kosen-rufu, levando felicidade às pessoas. Quando agimos dessa forma, estamos realizando nossa revolução humana e colocando as engrenagens da transformação cármica para funcionar. Hoje, comprovo mais uma vez que no budismo não existe oração sem resposta.
Reprodução/Foto-RN176 Naiane em uma marcante palestra que realizou profissionalmente – Foto: Arquivo pessoal
Sei que a força e a paixão dos jovens contagiam toda a organização, e meu desejo é que façamos crescer cada vez mais essa onda de diálogos e de incentivos humanísticos aqui na Capital da Esperança! Ikeda sensei diz: “Quando mudamos, nosso ambiente muda. Quando o ambiente muda, o mundo se transforma. A revolução humana de uma única pessoa é o ponto de partida dessa transformação colossal e dinâmica”.2
Hoje, vivo pelo propósito de ser absolutamente feliz e de me dedicar à felicidade também das outras pessoas.
Muito obrigada!
Naiane Ribeiro Sano, 35 anos. Nutricionista. Responsável pela Divisão Feminina de Jovens da RM DF Centro, Sub. Distrito Federal, CRE Oeste, CGRE.
Notas:
- Brasil Seikyo, ed. 2.331, 16 jul. 2016, p. B3.
- Idem, ed. 2.387, 16 set. 2017, p. B3.
Fotos: Arquivo pessoal