ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 15/07/2023 14:35 ESPECIAL Por Dr. Daisaku Ikeda
Reprodução/Foto-RN176 Comemorando os trinta anos do início da escrita do romance Nova Revolução Humana, Brasil Seikyo publica reflexões do autor, presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, sobre os desafios e as expectativas durante essa histórica jornada – Ilustração: GETTY IMAGES
Em 1957, último verão do meu mestre, decidi que escreveria um romance biográfico sobre a sua vida. A ideia amadureceu quando me pediu para se encontrar com ele em Karuizawa, província de Nagano, onde se recuperava de uma enfermidade.
Era 14 de agosto, décimo aniversário do nosso primeiro encontro. Embora estivesse se recuperando nessa tranquila cidade turística, sua mente não descansava. Ele se mantinha constantemente ocupado, planejando o futuro da Soka Gakkai, dialogando, orientando e incentivando os líderes da Comunidade Karuizawa.
Nesses momentos, pensava muito sobre o que escreveria em sua Declaração pela Abolição das Armas Nucleares que pretendia proferir aos jovens no dia 8 de setembro como o primeiro de seus preceitos finais.
Sua luta era incessante e intermi-nável, exatamente como afirma a passagem do Sutra do Lótus: “Essa prática, própria de um buda, eu a tenho realizado ininterruptamente, sem nunca negligenciá-la por um momento sequer”.2
Foi então que perguntei a mim mesmo “quem irá preservar a história deste grande homem por toda a eternidade? Não seria minha esta nobre missão, uma vez que tenho a imensa boa sorte de estar ao seu lado, como se fosse sua sombra?”. A ideia de escrever Revolução Humana havia passado pela minha cabeça muitas vezes, porém nesse momento decidi que faria sem falta.
Fonte: Terceira Civilização, ed. 582, fev. 2017.
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Mestre e discípulo são inseparáveis. Assim, meu mestre segue junto comigo, em meu coração, enquanto percorro o mundo abrindo o caminho para um caudaloso rio de paz e felicidade. A grandiosidade de um rio demonstra a imponência de sua nascente. Inspirei-me para escrever a Nova Revolução Humana — como continuação da Revolução Humana — em razão de o kosen-rufu ter alcançado tamanho progresso mesmo depois do falecimento de meu mestre; e esse fato serve como prova genuína de sua grandiosidade. Além disso, para que a posteridade conheça a essência do Sr. Toda, concluí que seria preciso registrar o caminho que seus discípulos e sucessores seguiram.
Mas, para realizar essa tarefa, seria impossível não falar de mim mesmo, o que me deixou num verdadeiro dilema.3 Existe também uma infinidade de questões e problemas que devem ser resolvidos para que a paz duradoura — alicerçada no kosen-rufu global — possa enfim se tornar realidade. Receava ainda se conseguiria tempo suficiente para mais esse empreendimento. Devo admitir que, nesse momento, pensei em solicitar a outra pessoa que desse continuidade à nova série. Entretanto, mesmo que essa outra pessoa pudesse narrar minhas viagens e meus diálogos, ela não seria capaz de descrever o que se passava em minha mente e em meu coração. Existe um aspecto da verdadeira história da Soka Gakkai que somente eu conheço. Além disso, recebi insistentes pedidos do Seikyo Shimbun para publicar a série da Nova Revolução Humana. Apesar de já ter várias outras preocupações, ponderei sobre essa realidade e, então, decidi pegar novamente minha caneta e começar a escrever.
Meu objetivo é concluir a Nova Revolução Humana em trinta volumes. Se considerarmos o limite de tempo que tenho nesta existência, este trabalho será certamente o maior desafio. No entanto, viver no sentido verdadeiro somente tem significado quando cumprimos a nossa missão. Goethe, Hugo e Tolstói continuaram trabalhando para registrar suas convicções, com todo o vigor, mesmo após os 80 anos. Eu ainda tenho 65 anos, sou jovem.
Assumi a responsabilidade da Nova Revolução Humana como a obra da minha existência. Determi-nei escrever ininterruptamente, aplicando o máximo de habilidade para eternizar o caminho genuíno e adamantino de mestre e discípulo. Comprometo-me também a relatar as glórias conquistadas pelos preciosos filhos do Buda, que avançam orgulhosamente pelo ideal da paz mundial exatamente como Nichiren Daishonin ensinou.
A verdade e a falsidade, o bem e o mal, os vencedores e os perdedores — todos serão retratados sob a mais clara luz da realidade. Sinto que o presidente Toda está sempre ao meu lado, a me observar.
Fonte: IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 7-8, 2019.
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Se não escrever agora, quando vou fazê-lo? Este é o meu real sentimento.
Em meu coração pulsa a forte determinação da batalha de palavras.
O grande caminho do kosen-rufu deve ser criado neste momento.
Para eternizar essa ampla e profunda trajetória da propagação, devo registrar por escrito agora, de forma solene. Estou certo de que essa é a importante estratégia da batalha da Lei para a posteridade.
Os Últimos Dias da Lei são a época de “conflitos e disputas”, isto é, a “era da batalha de palavras”.
Reprodução/Foto-RN176 Manuscrito do primeiro volume da Nova Revolução Humana – Foto: Seikyo Press
Ao descrever a vitória de uma pessoa de coragem que perseverou na Lei Mística em contrapartida aos opressores, Daishonin escreveu: “E por eu escrever isso agora, as pessoas do futuro reconhecerão minha sabedoria”.4
O registro claro da verdade por escrito torna-se o espelho límpido para as pessoas do futuro. Se não narrá-la, a verdade não será preservada. O silêncio apenas intensifica a escuridão.
Fonte: Brasil Seikyo, ed. 2.431, 22 ago. 2018, p. A3.
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Seis de agosto de 1993 — eis a data de quando iniciei a primeira parte do primeiro volume da Nova Revolução Humana. Nesse mesmo dia, reencontrei o Dr. Neelakanta Radhakrishnan, ex-diretor do Museu Memorial Gandhi da Índia, no Centro de Treinamento de Nagano.
Antecedendo o nosso encontro, o Dr. Radhakrishnan citou a frase de Gandhi que diz: “A força do espírito é mais forte que a bomba atômica” — com base nessa afirmação o Dr. Radhakrishnan manifestou sua profunda simpatia e admiração pelo nosso movimento de paz. Ele afirmou: “O movimento pela paz promovido pela SGI traz à tona a força do espírito inerente em todas as pessoas e, consequentemente, gera a paz mundial que a humanidade tanto anseia”.
Dias 6 e 9 de agosto de 1945 representam as datas em que Hiroshima e Nagasaki vivenciaram a força da bomba atômica.
Sete meses antes do seu falecimento, meu venerado mestre, Josei Toda, fez sua declaração sobre a abolição das armas nucleares. Nela, o presidente [Josei] Toda declarou categoricamente que “a verdadeira natureza das armas nucleares é demoníaca e usurpa o direito de viver dos seres humanos. É o mal absoluto”. Ele confiou aos jovens para que infalivelmente eliminassem esse mal da superfície da Terra.
Renovando o meu juramento de concretizar esse eterno legado de meu mestre, escrevi o trecho na abertura do primeiro capítulo do primeiro volume da Nova Revolução Humana.
Fonte: Brasil Seikyo, ed. 2.191, 17 ago. 2013, p. A3.
Ilustração: GETTY IMAGES
Foto: Seikyo Press
Notas:
- IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 30-II, p. 359, 2019.
2. The Lotus Sutra[Sutra do Lótus], cap. 16, p. 226.
3. Para narrar o romance Nova Revolução Humana, Daisaku Ikeda adota o heterônimo Ho Goku [ho= “Lei”; goku = “percebedor”. Assim, “Ho Goku” significa “Percebedor da Lei”]. Nessa obra, como protagonista, ele assume também o pseudônimo Shin’ichi Yamamoto.
4. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 643, 2020.