“Levantar-se só resolutamente diante da tempestade”

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 16/12/2022 13:35                                                                        NOVA REVOLUÇÃO HUMANA                                                                                                                                      Por Ho Goku   

Capítulo “Levantando Voo”, volume 30

 

Reprodução/Foto-RN176 Desenho  ilustrativo da matéria – Ilustrações: Kenichiro Uchida

PARTE 37

Em Tóquio, chegou a estação das folhas novas.

Shin’ichi Yamamoto rompeu os grilhões das ardilosas tramas que obstruíam as atividades em prol do kosen-rufu e alçou voo em direção ao céu azul da esperança, tal qual uma imponente águia.

O presidente Yamamoto, que retornou a Shinanomachi após concluir a quinta visita à China e as viagens de orientação a Nagasaki, Fukuoka, Osaka, Aichi, Gifu e Shizuoka, correu freneticamente para visitar as sedes de locais como Nerima, Taito, Setagaya e Minato para incentivar os companheiros visando à reconstrução do quartel-general Soka: Tóquio.

Shin’ichi abriu as asas em direção à nova era do kosen-rufu, e continuou em sua árdua batalha. Por outro lado, havia uma questão que há muito preocupava o presidente Kiyoshi Jujo e a liderança central da Soka Gakkai. Era a questão em relação ao advogado Tomomasa Yamawaki.

Yamawaki, que ficou cego pelo dinheiro ao se envolver em negócios como compra e venda de terrenos na cidade de Fujinomiya cinco anos antes e adquiriu uma fortuna por meio de artimanhas, abriu uma empresa de alimentos congelados. No entanto, como ele era inexperiente no ramo e a empresa foi administrada de maneira relapsa e inconsequente, ela entrou em falência, acumulando imensa dívida de mais de 4 bilhões de ienes. Sem perspectiva de pagá-la e encurralado, Tomomasa Yamawaki pensou em extorquir dinheiro da Soka Gakkai mediante ameaças.

Até esse momento, Yamawaki atuava secretamente fazendo os jovens sacerdotes criticarem fortemen­te a organização para se tornar mediador do entendimento com o clero no intuito de manipular a Soka Gakkai conforme seus interesses. Para isso, incitava a descrença e a antipatia dos clérigos em relação à organização, e continuou a divulgar informações distorcidas para que eles a atacassem.

Ele também traçou planos para tomar o poder da Soka Gakkai e transmitiu-os diversas vezes ao clero, e contou várias mentiras sobre a Soka Gakkai para o sumo prelado Nittatsu.

Ele mesmo “colocava fogo”, tumultuando a situação, e depois se oferecia para “controlá-la”, utilizando-se dessa tática conhecida como match-pump (criar os problemas e depois vender a solução).

Além disso, continuava a passar informações distorcidas para a mídia, com o intuito de prejudicar a confiança social em relação à Soka Gakkai e depor o presidente Yamamoto.

Contudo, essa máscara perniciosa foi caindo gradativamente e, ao mesmo tempo em que as diversas ações traiçoeiras e dissimuladas vieram à tona, seus negócios entraram em situação crítica. Foi o resultado da própria conduta. Consta nos ditos sagrados: “Pareceram estar livres de punição no início, mas, no fim, todos se condenarão à queda”. 1

PARTE 38

Quem estava conspirando junto com Tomomasa Yamawaki era o coor­denador do Departamento de Estudo do Budismo da época, Takao Harayama. Um ano antes, em setembro de 1979, Harayama retirara uma grande quantidade de cópias de materiais e documentos que estavam guardados na sede do jornal Seikyo Shimbun. Utilizando essas fontes, Yamawaki planejou alienar a Soka Gakkai, e também alimentou a mídia com informações atrozes contra a organização.

Em abril de 1980, Yamawaki por fim ameaçou a Soka Gakkai a fim de extorquir dinheiro.

Por conhecerem os métodos perversos e a natureza obstinada de Yamawaki, Kiyoshi Jujo e o conselho executivo se preocuparam em como lidar com ele. Estava claro que, se eles o ignorassem, surgiriam fissuras ainda maiores na tão almejada união harmoniosa entre cleros e adeptos que a Soka Gakkai tanto se empenhara para construir. Se isso ocorresse, quantos muitos membros não sofreriam nas mãos de sacerdotes tirânicos do clero. Evitar isso era ponto pacífico.

Diante do conselho executivo apreensivo com os possíveis rumos da situação, Yamawaki chantageou a Soka Gakkai ordenando o pagamento de 300 milhões de ienes:

— Entendam como chantagem ou como quiserem. Não me importo em ir para a cadeia!

Depois de ponderar e de muita angústia, Jujo fez Yamawaki prometer que, daquele momento em diante, nunca mais tramaria contra a Soka Gakkai nem a atacaria, e concordou com o pagamento, a contragosto. Isso ocorreu quando Shin’ichi Yamamoto estava em visita à China.

Apesar disso, para espanto de todos, Yamawaki pediu mais 500 milhões de ienes. No dia 7 de junho, a Soka Gakkai o denunciou ao Departamento de Polícia Metropolitana por extorsão e tentativa de extorsão.

Com isso, Yamawaki colocou desesperadamente em ação seu plano de criar tumulto. Através das revistas semanais, ele intensificou a publicação de críticas ardilosas e ofensivas contra a Soka Gakkai. Eram falácias geradas pela ganância, assim como consta nos escritos: “Trata-se de uma mentira descabida” 2 e “Invenção dos que me invejam”. 3

Harayama também saía nas matérias das revistas somando calúnias e difamações. Posteriormen­te, no decorrer do julgamento de Yamawaki, foi desvendado que ele havia recebido grande soma de dinheiro de Yamawaki.

A Soka Gakkai é uma organização religiosa idônea formada por pes­soas sérias e íntegras. É um mundo em que não se permitem “pessoas de intenções malignas”. Tanto Ya­mawaki como Harayama acabaram se tornando pessoas que não contavam com confiança de ninguém ao redor.

Todos sentiram que esse era o destino dos traidores com a autodestruição.

PARTE 39

No dia 7 de junho, data em que a Soka Gakkai denunciou o advoga­do Tomomasa Yamawaki, anunciou-se o resultado da eleição dos membros para o conselho do clero. Os sacerdotes mais jovens que continuavam a atacar a organização tinham conquistado onze das dezesseis cadeiras, tornando-se maioria absoluta. No dia 3 de julho, realizou-se a primeira assembleia do conselho do clero após a eleição e eles conseguiram assumir importantes postos, inclusive o da presidência desse conselho.

No dia seguinte, 4 de julho, eles fundaram oficialmente uma organização chamada Shoshin-kai. Na cerimônia de oko [realizada sempre no dia 13 nos templos] de julho, ignorando completamen­te os repetidos comunicados do Departamento de Assuntos Internos do clero, promoveu-se uma sessão de violentos ataques contra a Soka Gakkai em muitos dos templos da Nichiren Shoshu.

Por trás desses movimentos, havia também a ação oculta de Yamawaki, que estava encurralado. Os jovens sacerdotes, incitados por ele, repetiram ações arbitrárias contrariando as recomendações do clero.

Os companheiros suportaram com perseverança os ataques contra a Soka Gakkai por parte dos sacerdotes perversos e das revistas sensacionalistas. Havia pessoas que eram obrigadas a ouvir dos colegas ou dos superiores nos locais de trabalho as críticas contra a organização publicadas nas revistas. Contudo, os filhos do buda da Soka Gakkai continua­vam a correr em prol da propagação do budismo, incentivando-se mutuamente e se lembrando de frases dos escritos como “Dificuldades surgirão, e estas devem ser consideradas práticas pacíficas”;4 “Os reverenciáveis e os veneráveis são testados com calúnias”. 5

Apesar de o jornal Seikyo Shimbun finalmente começar a publicar mais matérias a respeito das atividades de Shin’ichi Yamamoto, elas eram inserções tímidas e nada que mostrasse ares de um vigoroso avanço.

Shin’ichi sentia-se angustiado ao pensar nos companheiros: “Preciso irradiar a luz da renovação a todos!”.

Foi nessa época que Shin’ichi recebeu a solicitação do Seikyo Shimbun para publicar uma série de memórias sobre os pioneiros dos primórdios da Soka Gakkai que já haviam falecido ao longo da jornada do kosen-rufu. Shin’ichi decidiu aceitar e iniciar essa série com o desejo de apresentar a todos os companheiros que se empenharam dedicadamente na prática da fé desde os tempos iniciais, dando suporte à Soka Gakkai e devotando a vida ao kosen-rufu. Ele queria encorajar a todos com o nobre exemplo do modo de vida desses companheiros beneméritos. A série recebeu o título de “Companheiros Inesquecíveis”.

O romance Revolução Humana, que estava com a publicação suspensa desde a conclusão do décimo volume havia dois anos, recebia muitos pedidos para que voltasse a ser editado. Shin’ichi então decidiu retomar a escrita dessa obra.

Levantar-se só resolutamente diante da tempestade que sopra violentamente — esse é o espírito da Soka Gakkai. Esse é o caminho do leão.

PARTE 40

Em meados de julho, Shin’ichi Yamamoto realizou acertos com os jornalistas do jornal Seikyo Shimbun responsáveis pela série “Companheiros Inesquecíveis” e pelo romance Revolução Humana no Centro de Treinamento de Kanagawa. Quando ele anunciou que retomaria a redação dessa obrao editor-responsável não escondeu seu espanto. Então, ele começou a falar com certa hesitação:

— Acredito que os leitores ficarão imensamente felizes. Mas com certeza os jovens reverendos do clero farão bastante barulho e talvez o senhor se torne um alvo perfeito para eles… — e ele se calou após dizer isso.

No mesmo instante, Shin’ichi disse em tom enérgico:

— Claro que sei disso. Neste momento, o importante não é o que acontecerá comigo. São os companheiros que precisamos proteger. Os membros estão se empenhando diligentemente em prol do kosen-rufu e da Soka Gakkai com bravura e devoção, suportando os contínuos tratamentos desumanos e cruéis dos sacerdotes malignos e seus comparsas. É minha responsabilidade proteger esses membros da Soka Gakkai que são os filhos do Buda. Também é minha responsabilidade transmitir-lhes a luz da coragem, da esperança e da convicção para que todos possam seguir adiante com confiança e orgulho pelo caminho da missão. É para isso que existo. Por ser justamen­te agora que devo escrever a Revolução Humana. Esta é minha luta, você compreende? Está bem?

O editor meneou a cabeça afirmativamente.

Shin’ichi então sorriu e continuou a falar:

— Quero iniciar quanto antes. Peço que entre em contato imediatamente com o ilustrador encarregado. E, falando a verdade, não consigo erguer o braço porque estou com muita dor no ombro. Já peço desculpas de antemão, pois, conforme for, talvez eu tenha de solicitar que anotem o que vou ditar para ser publicado.

Nesse verão de 1980, choveu muito por longos dias e o calor úmido e abafado se prolongava. Shin’ichi acumulava o cansaço desde o ano anterior e esse clima era ainda mais prejudicial à sua saúde. Contudo, a chama do seu coração ardia e transbordava do espírito de luta.

“Somente a convicção de que a justiça vencerá sem falta é o que nos encoraja” — esse era o espírito de Gandhi.

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração da matéria – Ilustrações: Kenichiro Uchida

O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

Notas:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Dai­shonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 263, 2019.
  2. Ibidem, v. II, p. 62.
  3. Ibidem.
  4. The Record of the Orally Transmitted Teachings[Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, p. 115.
  5. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 320., 2020.

Ilustrações: Kenichiro Uchida