ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 16/01/2021 10:11

CADERNO NOVA REVOLUÇÃO HUMANA

Capítulo “Origem”, volume 29

PARTE 53

Narayan promoveu o movimento visando o desenvolvimento das pessoas de todas as classes, e clamou por uma revolução total abrangendo a sociedade, a economia, a política, a cultura, a ideologia e outras. Como uma pessoa que também propôs e desenvolveu essa revolução total, Shin’ichi declarou sobre qual deveria ser seu eixo.

— Penso que, no final, a base é a revolução humana de uma única pessoa, a partir da qual se expande a mudança e o desenvolvimento na educação, na cultura e em todas as áreas. Em qualquer que seja a sociedade, quem a criou foi o ser humano. Portanto, tendo como eixo principal a revolução do ser humano, que é a base de tudo, creio que aconteça também a revolução total.

Uma voz forte ecoou:

— Estou de pleno acordo!

Os dois discutiram sobre diversos temas como, por exemplo, a pena de morte. Dos assuntos dialogados, em muitos pontos, houve a concordância de opiniões.

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração Editora Brasil Seikyo – BSGI

Ao final da tarde, após o término do encontro, Shin’ichi estava em pé nas margens do rio Ganges. Fazia dezoito anos desde a sua primeira visita à Índia. A margem oposta do rio escondia-se ao longe. No céu, logo antes do pôr do sol, a lua cheia já começava a brilhar. A cada minuto, o céu se escurecia, a lua ficava dourada e seus brilhos refletiam nas águas do rio.

Shin’ichi sentia como algo místico encontrar-se justamente no dia do aniversário natalício de Josei Toda às margens do rio Ganges, na Índia, local para o qual seu venerado mestre sonhava com uma viagem pelo kosen-rufu. Ele se sentia como se apreciasse a Lua ao lado de Toda sensei. Ao mesmo tempo, era como se estivesse, naquele momento, em determinado ponto de chegada depois de continuar caminhando por uma estrada íngreme do kosen-rufu.

Ao longo dos dezenove anos desde que assumiu como o terceiro presidente da Soka Gakkai, sucedendo a Josei Toda, defrontou-se com as mais variadas circunstâncias. Houve noites que não conseguiu dormir extremamente preocupado em como superar as dificuldades e abrir um novo caminho da Soka Gakkai. Também houve momentos em que pela extrema exaustão era difícil manter o corpo em pé. Em todos esses momentos, Toda sensei sempre estava presente em seu coração. E fazia reverberar sua rigorosa e afetuosa repreensão: “As grandes perseguições surgirão como ondas bravias. Esse é o caminho do kosen-rufu. Não tenha medo. Não é um discípulo de Toda? Não é um bodisatva da terra? Se você não levantar a bandeira do kosen-rufu, quem o fará? Levante-se! Se for um leão, levante-se! Deve criar a história do triunfo humano e o grande drama do kosen-rufu!”.

PARTE 54

Em torno do rio Ganges se levantam algumas chamas e, em volta delas, observam-se figuras de pessoas. É o cenário de cremação de corpos de pessoas falecidas. Trata-se de uma cerimônia solene de eterna separação com o retorno das cinzas ao sagrado rio Ganges.

É a essência da vida impermanente que repete o ciclo de nascimento e morte por longos kalpa. Porém, houve um venerável que despertou para a existência da grande Lei eternamente imutável nas profundezas dessa vida. Foi Shakyamuni. Debaixo da árvore bodhi, sob o brilho de Vênus da madrugada, ele despertou para a verdade da vida, e levantou-se resolutamente para a felicidade de todas as pessoas que sofrem. A água da sabedoria límpida, que nasce da fonte existente no seu íntimo, torna-se a correnteza do budismo e passa a irrigar o grande solo da Índia. Assim como o brilho do luar, os ensinamentos de Shakyamuni iluminaram as trevas dos corações e se propagaram para diversas regiões do Sudeste Asiático. Ao norte, começando da Ásia central, percorreram o Caminho da Seda e passando pela China e pela península coreana chegaram ao Japão.

A essência de seus ensinamentos é o Sutra do Lótus. Porém, na escuridão das cinco impurezas dos Últimos Dias da Lei, quando o Budismo de Shakyamuni estava para se perder, surgiu Nichiren Daishonin no Japão. Ele elucidou que a Lei fundamental inerente ao universo e à vida é o Nam-myoho-renge-kyo. E pelo bem de todos os seres vivos dos Últimos Dias da Lei, inscreveu essa grande Lei e a majestosa vida do Buda na forma de Gohonzon.

Em seus escritos, Nichiren Daishonin afirmou: “Eu, Nichiren, inscrevi minha vida em sumi; assim, creiam no Gohonzon com todo o coração. O desejo do Buda é o Sutra do Lótus, mas o espírito de Nichiren é unicamente Nam-myoho-renge-kyo”,¹ e “Quão maravilhoso é, depois de já haver passado mais de duzentos anos dos Últimos Dias da Lei, eu ser o primeiro a revelar, como o estandarte da propagação do Sutra do Lótus, este grande mandala que nem mesmo Nagarjuna e Vasubandhu, Tiantai e Miaole² conseguiram dar expressão!”.³

Na era impura dos Últimos Dias da Lei, Daishonin, sozinho, provocou a luta pela propagação da Lei Mística como vanguardista dos bodisatvas da terra, e confiou o kosen-rufu mundial aos seus discípulos sucessores. Depois de setecentos anos surgiu a Soka Gakkai e iniciou-se a grande batalha da Lei pela ampla propagação. Isso nada mais é que o surgimento dos bodisatvas da terra na época atual, assim como Daishonin declarou nessa passagem dos escritos: “Se tiver a mesma mente que Nichiren, o senhor deve ser um bodisatva da terra”.⁴

O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

Notas:

1. CEND, v. I, p. 431.
2. Nagarjuna, estudioso do budismo Mahayana que viveu no sul da Índia entre 150 a.E.C. e 250 a.E.C.; Vasubandhu, estudioso do budismo Mahayana da Índia. Acredita-se que tenha vivido por volta dos séculos 4 e 5; Tiantai (538–597 a.E.C.), fundador da escola Tiantai na China. Elucidou o princípio teórico dos “três mil mundos num único momento da vida” do Sutra do Lótus; Miaole (711-782 a.E.C.), o sexto patriarca da escola Tiantai, contando a partir do próprio Tiantai. Escreveu anotações sobre as três principais obras de Tiantai.
3. CEND, v. II, p. 91.
4. CEND, v. I, p. 404.