ROTANEWS176 E G1 14/07/2016 22h07
Maia teve 285 votos contra 170 votos de Rogério Rosso.
‘Legislativo e Executivo devem governar juntos’, diz Temer.
Reprodução/Foto-RN176 Da direita para esquerda o senador e presidente do PSDB Aécio Neves e o deputado federal e presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia do Partido Democratas
O deputado Rodrigo Maia, do Democratas, assumiu a presidência da Câmara pouco depois da meia-noite. E, no primeiro dia de trabalho, já se reuniu com o presidente em exercício, Michel Temer.
Rodrigo Maia chegou cedo ao Congresso. Foi direto para o gabinete do senador Aécio Neves, agradecer o apoio fundamental do PSDB.
“Essa vitória eu devo muito a, claro, a todos, mas, na origem, ao presidente Aécio Neves”, disse.
Maia ouviu de Aécio que a sua eleição pode oxigenar a política: “Não há caminho para o Brasil que não passe por uma Câmara dos Deputados que atue como deve atuar, com respeito ao papel da oposição, com amplo espaço para o debate político.”
Maia tentou agradecer o apoio de outros líderes, mas nem todo mundo acordou cedo.
O segundo compromisso foi com o presidente em exercício, Michel Temer.
Maia, que contou com uma ajudazinha do Planalto, para todos os efeitos, foi agradecer a imparcialidade do governo.
Ele disse que a expectativa é construir uma agenda e aprovar logo projetos a favor do Brasil. Temer completou: “Legislativo e Executivo devem governar juntos.”
Mais cedo, o presidente já havia declarado que estava satisfeito.
“Fiquei felicíssimo com a conduta cívica da Câmara dos Deputados e eu acompanhei com muito, com muito cuidado, com muito interesse o que lá acontecia. No último ato quando se deu o segundo turno, os dois candidatos, antes mesmo da eleição, se abraçaram para revelar a distensão indispensável para os bons trabalhos legislativos”, disse Temer.
A primeira aposta do governo foi no candidato do Centrão, Rogério Rosso. Ele parecia ter mais chance. Mas, do fim de semana para cá, a partir de conversas com Aécio Neves e da perda de fôlego de Rosso, Rodrigo Maia conquistou a preferência.
Na avaliação do Planalto, a vitória de Maia, com margem tão ampla, reduz o poder de barganha do Centrão, conhecido por pressionar o Planalto por cargos e verbas. Com Maia na presidência, o governo crê que retoma uma relação mais institucional com a Câmara.
Longa noite de eleição na Câmara
Rodrigo Maia enfrentou 12 candidatos no primeiro turno na longa noite de eleição na Câmara. Quando a sessão foi aberta eram 14 candidatos, mas durante discurso Gilberto Nascimento, do PSC, abriu mão da disputa.
Nenhum dos candidatos conseguiu a maioria dos votos dos deputados presentes em plenário. Rodrigo Maia, do Democratas, com 120 votos, e Rogério Rosso, do PSD, com 106 votos, passaram para o segundo turno.
A comemoração foi rápida. Havia muitos deputados a convencer. Cada candidato teve uma hora para correr atrás dos votos. A primeira visita de Rodrigo Maia foi a um deputado do PT.
Já Rogério Rosso foi para a liderança do PTB, em reuniões para tentar unir os votos do Centrão.
E foi assim, de um lado para o outro da Câmara. Haja fôlego no entra e sai de gabinete.
Além do Democratas, PSDB, PSB e PPS, Rodrigo Maia levou votos do PT, PCdoB, PDT, PR. Rosso, do PSD, conseguiu o PP e outros partidos do Centrão.
Os dois foram ao PMDB. Mas o partido não se decidiu por ninguém. No discurso final de campanha, Rosso chamou Maia para um abraço.
Mais uma vez os deputados foram convocados para votar. Tensão. Todos os olhos para o painel eletrônico: 285 votos para Rodrigo Maia, 170 votos para Rogério Rosso. A Câmara já tem o seu novo presidente, que vai comandar a Casa até o dia 31 de janeiro de 2017.
Maia subiu à tribuna para ocupar o lugar mais importante da mesa. No caminho, deputados gritaram palavras de ordem contra Eduardo Cunha, que renunciou à presidência na semana passada. Rosso, derrotado, era aliado de Cunha.
Acabava ali a atribulada presidência interina de Waldir Maranhão, que volta a ser vice.
O Centrão foi derrotado pelo representante dos partidos tradicionais. Rosso assistiu ao discurso de Maia na sala quase vazia do comitê de imprensa. Rodrigo Maia prometeu uma nova Câmara.
“Nós temos que pacificar esse plenário, temos que dialogar, nós temos que dialogar com a maioria com a minoria, temos uma pauta do governo que é importante sim, para o Brasil, mas nós temos uma pauta da sociedade que vem, através de cada um de nós, que precisa ser debatida, discutida e votada”, disse Maia.
Tratativas já começaram
E as tratativas já começaram. À tarde, Maia conversou com Renan Calheiros, que comemorou o resultado.
“É uma demonstração sobeja de que a boa política ela não morreu. Ela está vivíssima, vivíssima e competitiva. De modo que eu estou muito satisfeito porque a vitória do Rodrigo Maia recoloca a possibilidade de as duas casas fazerem um esforço conjunto, com uma pauta mínima, suprapartidária, de interesse nacional”, disse Renan.
Em agosto, na volta do recesso, Maia tem uma longa lista de projetos de interesse do governo: a lei de governança dos fundos de pensão, o pré-sal, a renegociação das dívidas dos estados, e, na sequência, o teto de gastos públicos e as reformas da Previdência e trabalhista. Tudo isso em meio às eleições municipais.
Mas o primeiro abacaxi é o pedido de cassação de Cunha.
“O caso Cunha, assim que voltarmos do recesso, assim que nós tivermos clareza que haverá quórum adequado para essa votação. O que eu disse: eu não quero ajudar, não quero prejudicar. Eu quero votar de uma forma transparente e com quórum elevado”, disse Maia.